Visão No. 67

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O paraíso e o inferno 
São realidades simultâneas,
Percebi-o nesta tarde
De chuva e de sol...
Ninguém, entretanto, escapa a seu destino…

Somos forjados do paradoxo,
Mas não subestimem esse mal que é só nosso…
Esse mal que não veio dos deuses…

Esse mal que é olhar mal...
Toda a umidade da chuva que nos pervade 
Mas não nos amolece o coração...
Porque somos esses seres sequiosos, feitos de argila e desejos profanos…
E toda essa vaga luminosidade de nossos olhos
Que se enamoram tanto da vida,
Resulta num amor qual 
a pior das cobiças…

E não é esse mal olhar  nosso 
um olhar divino?
Do amor a uma vida que nos perde,
Num destino que nos descaminha de nós mesmos? 

E vivemos
Nesse exílio do paraíso que buscamos,
No inferno dos desejos e alegrias efêmeras…
Crepusculares na tarde em que lentamente 
Descemos a profundeza escura do abismo
Mirando a lua pálida que nos mira...

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