Visão No. 36

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A chuva é forte pela manhã… 
Um dia frio e baço que a recebe 
E eu penso na beleza da chuva
E no inconveniente de levantar-me
E ir encarar esse dia… 

Nos dias de sol tudo vai bem
Só para mascarar que nada vai…
Não há obstáculo às coisas 
Que fluem e refluem como maldições… 

A humanidade corre,
As ocupações se locupletam de insignificância…
O sentido se perde na teia de esquecimento da ação vã…

Mas há tanta humidade esta manhã… 
Que parece que chora!
E os pés se ressentem de estar molhados,
Todos os abrigos se enchem de pessoas
E um cheiro de bolor guardado… 

Não há calor algum
E a paisagem cinza atrás dos vidros embaçados
Compartilha a todos a mesma miopia 
De não se ver muito além… 

E percebo que estou vivo
Em condições não muito sãs…
Desperto para as dores que costumo ignorar…
E peço aos deuses que não cessem essa chuva…
Pois agora que me lembro bem
Tenho lágrimas a esquecer...

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