Visão No. 25

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O que direi?
A fé renasce em mim
Toda vez que sorvo esse líquido frio
E amargo...
E há uma possibilidade de ordem,
De que o mundo não sucumba às ruínas...

Teriam suprimido até minha derradeira força,
Fosse possível...
Mas aqui
À beira do abismo
A Verdade persiste como última esperança!

E por isso todo desespero
De um mundo sem sentido e propósito
Encontra em mim a afirmação
De tudo o que ele nega
Tão persuasivamente
Com fatos e evidências...

Diriam que não há motivo na vida
E não há... isto é um fato!
Diriam que o amor é uma ilusão,
Uma deformação dos instintos da carne
Que se quer perpetuar,
E parece que isso é já evidente!

Mas por que aceitá-lo?
Por que ter-se por cego ou tolo
Se se vive destas ilusões?

Também é ilusão a carne que fenece
E não há serventia nenhuma na descrença...
A dúvida nos conduz para o nada se não há propósito,
Mas não é para o nada que nos erguemos
Quando abrimos os olhos!

Por isso sonhamos
E os sonhos preenchem o vazio,
Como o sol que ilumina mundos que não tem luz própria...

E assim eu creio!
Não nos deuses, entretanto,
Creio na fé que não explico
E tenho fé na crença que não se prova...
E há Verdade, porque eu quero,
E há propósito, porque espero...

Posto que para mim é melhor esta Verdade
Escassa e fugidia,
Que ter nos lábios um hino do desespero
Cantado sobre a ruína do mundo...

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