Visão No. 5

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Estava reparando 
E me pus num instante intrigado…
Essa estranheza que me vem sorrateiramente 
Me põe a suspeitar de algum mistério… 

Algo há de errado,
De muito errado! 
E não há notas explicativas à margem da vida… 

Quantas vezes 
Não o sinto: este vazio que é largo,
Esse escuro que se aprofunda,
Esse rasgar-se das coisas que nada são… 
Como se eu mesmo, um nada,
Me rompesse no fundo de um precipício…

Não! Não é isso!
Não há metáfora que o dê conta!
Não há linguagem inventada pelos homens
Que descortine essa sensação 
De se ir até a esquina 
E ao dobrá-la,
Reparar em si mesmo dobrando-a mais além 
Para um beco que não se pode achar… 

Tenho-o, esse mistério, essa sensação…
Esse saber que esvazia,
Essa perplexidade que me preenche… 

E ela é só a noite! 
É só a noite constelada,
Cravejada do brilho das estrelas 
Laqueada do negror 
Antigo e baço,
Por onde a cauda leitosa da besta serpenteia,
Flagelando milhões de mundos...

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