Visão No. 55

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A vida…
Ah! A vida… 

Tanta gente que sabe tanta coisa e não sabe nada.
O mistério de nosso encontro 
Não deveria ser tão vilipendiado como é
Pela aspereza dos conceitos…

As coisas são o que são
E cada qual é o que é si mesmo…
Numa tautológica autodefinição.
Como o sol tem esta natureza que é solar,
E a chuva é o cair da água,
Mas não água estanque das poças que deixa…
E tudo se dá na forma própria de se dar, 
Mesmo quando as contrariedades 
Toldam a existência…

Se todas nossas interações fossem
constrangimento imposto pela Natureza,
Esse constrangimento,
E o estar mal consigo 
seria o jeito certo de se ir, 
mesmo indo mal… 
Como a nuvem que escurece o dia,
Às vezes tão precoce e de surpresa,
Cada qual que se aborreça disto, se se aborrecer!
Pois este é o jeito de ser um mal dia,
Para que haja outros tantos de pujança de luz 
E de calor desabrido sobre o mundo que abrasa…

E a vida…
Ah! Esta vida sem destino que vai como o rio por um leito sulcado na Terra,
No seu ritmo incerto, no encontro com mil vertentes, dividindo-se como feixes de árvore, correndo o céu como um sopro de estrelas, convulsionando no coração das galáxias, para todos os lados, ubiquamente…
Onipresente…
Latente também à minha ínfima existência…

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