Visão No. 15

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Todo esse ruído! 
Esse imenso ruído! 
A confusão do vozerio,
A algaravia dos sons, 
Os sons que são gritados 
Tão rentes aos meus ouvidos, 
A música ubíqua do mundo 
Numa sinfonia desarmônica…

Tudo isso viola meu espírito, 
Conspurca meus pensamentos diariamente
Com uma desfaçatez despudorada… 

Ah! Mas quando já estou cansado disso
E todos os limites da exaustão foram alcançados…
A desordem e a violência 
Transformados em ânsia e estupor…
Então a noite se aproxima…
Vem bela e gélida 
E me acarinha com o silêncio…
Esse silêncio que me toma nos braços,
Esse silêncio que é venda para os olhos
Que é mordaça para os lábios
E que me envolve todo…

E eu saio para ver as estrelas 
E reparo que o mundo que cala é belo,
E que o som que sussurra na noite, 
que farfalha, 
e que cicia 
é uma música nova 
Cantada no interlúdio 
Entre a agonia da vida e a agonia da morte.

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