Os sonhos são todos revelações
Com que os deuses nos acalentam…E foram tão benevolentes
Que esses breves compêndios da vida
Têm dado lições que se reiteram…Quem já não amou em sonho
E despertou para a consciência
De não ter amado?
Ou para abissal constatação
De o não ter sido tampouco?Quem já se não evolou ao ar
E acordou pelo espasmo
De pousar em algum catre?
Sob o teto mesmo
Em que sequer se vê o céu?E não foi por este nobre treino,
Que aprendemos todo os dias
Que acordar é estarmos contrariados?Mas vez ou outra
Em que a agonia de nos perseguirem
Ganha formas de sonhar,
Em que feras surgem em feiura estranha,
Em que se nos amputa um membro
Ou em que morre alguém ou em que morremos…
Quem não acorda e admite de bom grado
Que nem todo sonhar é bom?Acordei…
Abri a janela para ver lá fora o cinza
De uma vida baça e fria…
A preguiça desse dia morto
Despertando a preguiça de estar vivo…E o sonho dispersando-se-me dentro,
Com a agonia de ter morrido alguém
Que não morrera…Sorri triste…
E pensei comigo,
Se não era verdade ,
Que havia aprendido
A suportar todas as contrariedades da vida...E isso me soou um tipo de conforto...
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VISÕES AO CREPÚSCULO
Poetry#COMPLETO Poesias & Reflexões Em versos brancos, uma viagem por este mundo crepuscular em que as coisas lentamente se dispersam para abraçar a escuridão da noite.