ANAYA
Olha se eu não amasse tanto medicina veterinária, já teria desistido a muito tempo. Acordei hoje 5 horas da manhã, vocês acreditam? Tudo isso porque colocaram meu estágio para a puta que pariu. Ninguém merece, tenho que pegar quase o primeiro ônibus pra conseguir chegar 7 horas na clínica.
Hoje estava animadíssima porque seria mina primeira cirurgia né, mores. Tenho acompanhado uma vira-latinha chamada Atena. Sim, colocamos nome. Acontece que um belo dia um filho da puta abandou ele em frente a clínica, totalmente desnutrida e com muitos carrapatos, testada positivo para a doença do carrapato. Quando fizemos os exames, descobrimos um tumor na mama da bichinha.
Fiquei desesperada porque eu tinha acabado de chegar no estágio, acho que foi a uma semana atrás. Mas enfim, ela precisava se recuperar da anemia e da desnutrição para conseguir fazer a cirurgia. E como eu cuidei dela, nada mais justo de acompanhar a cirurgia.
Ela é muito fofa e tem muitas chances de sobreviver, ela é forte demais essa minha neném.
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Termino de fazer a sutura e ajeitar os pontos na Arena e só ouço elogiosa, aí a mãe é muito chata mesmo, não tem jeito.
Anaya: Oi neném, como você se sente? Sabe o que acontece, deu tudo certo na sua cirurgia e daqui a pouco você vai está para a adoção. Muito abusada você, já querendo ficar boa e me abandonar.
Faço um bico e logo dou um beijo em seu nariz, muito fofa. Sou apaixonada. Quando não temos paciente, eu fico o dia todo se deixar aqui com os bichinhos que ficam internados.
Anaya: Ô dona princesa, tá na hora de se alimentar sua preguiçosa.
Dou uma olhada sinistra para aquela gata safada, toda vez que eu entro aqui ela vem miando. Vale nada, só me usa mas eu nem gosto né? Mimo mesmo meus pacientes.
Termino de encher o pote da bichinha e ela já vem louca em cima do pote, sem educação nenhuma.
Aí gente, tô cansadinha. Sabe? Ter que conciliar trabalho, faculdade e estágio é uó. Mas eu sei que sou capaz, por isso não abandonei tudo ainda.
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Minha mãe me mandou mensagem louca dizendo que estava tendo operação lá na favela, olha, nem um pingo de paz naquele lugar. Sinceramente? Sou doida para sair de lá, o povo pensa que é bom mas não é mesmo!
Já escutei muitas pessoas gourmrtizando favela e dizendo que é só lazer, meu cu! Todo dia alguém morrendo, esses dias tinha um viciado na minha porta desmaiado, bandido se achando mas não tendo liberdade de ir e vim, polícia invadindo o tempo inteiro, fora que ainda tem muitos moradores que não não tem nem o que comer dentro de casa.
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Vivaz (EM PAUSA)
Teen FictionNós driblou toda essa falta de oportunidade. Conseguimo e tô vivendo da minha correria, quem diria?