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Ihan

Repassei uns documentos com Henrique e a gente ficou conversando sobre a estrutura do paredão, ouvi duas batidas na minha porta e observei Vanessa parada nos olhando, ela usava uma calça jeans preta, coturnos e uma regata preta, que deixava seu corpo bem marcado e bonito

- Bom dia meninos - ela falou sorrindo pra gente

- Bom dia - respondemos juntos

- Tenho novidades sobre o que deu errado na missão - ela se aproximou e eu fiquei confuso

- Senta - falei apontando pra cadeira e ela se aproximou se sentando em minha frente

- Foi o LB que passou informações pra um pessoal do Navarro que vocês iriam estar no galpão, Vitor me pediu pra vir passar o recado - contou

Franzi a testa

- Não sabia que você estava ligada diretamente com a rocinha - comentei observando seu rosto

Henrique percebeu o clima tenso

- Vou deixar vocês conversarem, depois você me passa o resumo - Henrique falou saindo da sala e fechando a porta

- Meu pai ta doente Ihan, to fazendo o que posso pra pagar o tratamento dele - comentou me olhando séria

- Sabe que seu pai não ficaria feliz em saber que você ta se envolvendo diretamente com o tráfico, as missões já são perigosas e rendem um bom dinheiro - respondi - Vitor não te pagou pela última? - perguntei curioso

- Meu pai não esta em posição de escolher como pagar o tratamento - respondi - Vitor me pagou a minha parte mas não esta sendo o suficiente, to fazendo uns extras - explicou visivelmente incomodada com o assunto

- E os plantões no hospital? - perguntei sobre o antigo hospital onde ela trabalhava

- Não posso ficar fazendo plantões direto e deixar meu pai sozinho, faço os extras pro Vitor durante o dia e fico em casa com meu pai durante a noite - explicou

Respirei fundo observando sua reação ao me explicar

- Não precisa ser assim - respondi

- E eu faço o que? - me olhou - Vejo meu pai definhar e morrer a cada dia e fico choramingando ao seu lado? - perguntou me olhando - Houve um tempo em que a vida era mais fácil Ihan, mas não posso mas me dar esse luxo - comentou

- Vem pro alemão - falei com segurança - Eu arrumo uma casa para vocês, uma enfermeira pra te ajudar com seu pai e te arrumo algum trabalho no morro - expliquei

- Vitor esta me ajudando - falou novamente

- Eu não confio nele, apesar de ser um aliado do morro ele não me passa confiança alguma - comentei - Me deixa te ajudar, tem uns amigos do meu pai que tem algumas lojas pelo morro - expliquei

- Ihan, agradeço por isso, mas a algum tempo não consigo ficar na monotomia de um trabalho que não exija 100% de mim - comentou mesmo que com medo do julgamento

- O tráfico não é um mar de rosas Vanessa, pessoas morrem todos os dias - comentei observando seu rosto sério

- Eu sei dos riscos - confirmou e eu concordei

- Não a nada que possa fazer para sair dessa agora, infelizmente é um caminho sem volta - expliquei - Mas vou estar do seu lado, me assegurando de que esta segura - comentei e ela sorriu levemente me olhando - Vai vir pro paredão hoje? - perguntei

- Sim - se levantou da cadeira

- A gente se vê mais tarde - falei e ela concordou saindo da minha sala

Respirei fundo pensando em como Vanessa estava se envolvendo demais em uma parada complicada, não que eu esteja 100% no caminho certo mas era diferente pra caramba, eu cresci sabendo das minhas responsabilidades e não cai de paraquedas nessa vida. Merda.

Henrique entrou na sala

- Precisa fazer ela mudar de ideia - comentou

Respirei fundo novamente

- Vanessa Campini não muda de ideia, quando ela decide algo vai até o fim - respondi pegando meu celular e marcando de ir na rocinha conversar com Vitor

Morro do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora