Paixão através de olhos azuis

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⚠️ AVISO DE GATILHO: Palavras de baixo calão (Várias, Daniel e Leo são boca suja ...)

Prossiga com cuidado! ♡

Tenha uma boa leitura:)


"'Cês acreditam que ele se esconde no banheiro da quadra velha?"

Leo se aproximou de Maia e Daniel, acenando ao arrastar Thiago, braços dados com o novo amigo.
"Thiagão, essa é a Maia e esse aqui é o Niel que eu te falei!"
Ele apresentou os amigos, posicionando Thiago na frente dos dois e sentando sobre a mesa de Maia após afastar o material de desenho barato. Sem pedir, pegou um dos bolinhos de chocolate caseiros do pote que a amiga trouxera para o lanche, saboreando ao avaliar o silêncio de Thiago, sua expressão encabulada e rosto vermelho.
Daniel ajeitou o gorro em seus cabelos compridos, abaixando o rosto ao sem querer trocar contato visual com o novo aluno, agora encarando seus sapatos desamarrados.
Sabia quem Thiago era.
Ouvira todo e qualquer boato sobre o garoto misterioso que faltava inúmeras vezes ao mês e não se pronunciava na aula além de para confirmar sua presença durante as chamadas. Os meninos taxavam Thiago de "esquisitão", as meninas suspiravam quando ele lhes respondia um bom dia envergonhado.
Em sua opinião, o novato parecia ter muito mais em sua bagagem do que apenas um histórico escolar declinante e ar ansioso.
"Você foi transferido esse ano, né? Daquela escola ricaça! Falam que lá tem prova toda semana!"
Maia exclamou, doce, seus cachos balançando quando se ajeitou na cadeira.
Thiago lentamente abriu os lábios para se pronunciar, mãos trêmulas e geladas se esfregando uma contra a outra, acabando por ser interrompido por Leo.
"Ele me disse que tinha prova toda quinta, e simulado uma vez por mês! Imagina ser inteligente assim pra não repetir nem um ano a vida toda naquela escola!
Ahh, as pessoas lá deviam ser bem chatas, né? Não você, Thiago, você é legal, tô falando de gente riquinha, esses bullies que acham que só porque tem dinheiro, são melhores que todo mundo, sabe?
Agh, eu conhecia gente assim, são um saco! A minha antiga escola não era legal não, mas eu gosto daqui! Você vai gostar também, eu aposto!"
Tagarelou, sorrindo ao ver o novo amigo suspirar em alívio e assentir, parecendo mais confortável.
"O Thiago é quietão, eu gostei muito dele! A gente vai ficar, né? A gente pode, né? Maia, diz que sim, você que manda..."
Implorou, fazendo um biquinho pidão à amiga.
"Tá, eu deixo, mas você vai ter que cuidar bem dele, sem encher o saco do coitado! Niel, o que você acha?"
Os três voltaram seus olhares para Daniel, que encolheu os ombros, mãos nos bolsos.
"Tudo bem por mim."
Murmurou, levantando os olhos azuis para Thiago através dos cabelos escuros, bochechas avermelhadas.
"Obrigado..."
Thiago agradeceu os novos amigos em voz baixa, coçando sua nuca de maneira envergonhada.
Seu sorriso era doce, mesmo que trêmulo e incerto, como se nunca tivesse experimentado a sensação de falar casualmente com pessoas que não conheciam qualquer coisa sobre sua família ou passado.
Daniel mataria pela oportunidade de recomeçar com uma identidade meticulosamente elaborada por si.
Os olhos de Thiago eram gentis apesar de todo o nervosismo, numa mistura de castanho claro com verde. Carregavam um brilho novo, instantâneo e diferente, esperançosos.
Daniel sorriu através de sua franja, trocando a posição das pernas cruzadas.

Maia gargalhou alto, cutucando o ombro de Daniel e comentando algo sobre o que assistiam. Ele demorou a voltar a si, arregalando os olhos e então empurrando a mão da amiga, irritado.
"Que susto, merda!"
"Você não tá nem assistindo! O maluco acabou de cair pra dentro da sala que ele 'tava espionando, e as calças ficaram lá no teto!"
Maia reclamou de volta, pausando o filme.
"Eu tava pensando."
Daniel explicou, rosnando quando a outra riu de sua escolha de palavras.
"É bom pensar de vez em-"
"Dá play nessa merda."
Ele sibilou, aconchegando-se para mais perto de propósito, acabando por sentar parcialmente em cima da coxa de Maia.
"Me conta o que você tanto pensa! Você não riu nem quando o cara levou uma paulada da placa de trânsito..."
Maia pediu, deitando a cabeça no ombro de Daniel.
"Nada."
Murmurou em resposta.
"Ah, nada não te deixa tão distraído assim... Eu aposto que sei o que era!"
"Aposto o último sorvete do freezer que você não acerta."
Desafiou o outro.
"...Qual o sorvete?"
Maia arqueou as sobrancelhas, estendendo a mão para que Daniel apertasse.
"Napolitano de casquinha, aquele de rico, que sobrou do feriado."
Ele apertou a mão da amiga, apostando seu sorvete favorito. Assim que se afastaram, Maia se levantou e começou seu caminho para a cozinha de Daniel.
"Você ainda não ganhou, Maia!"
Daniel esbravejou.
"Era no Thiago..."
Ela cantarolou da cozinha, abrindo a porta do freezer e recolhendo seu prêmio.
"Você- Você... Maia, você roubou!"
Daniel gaguejou do sofá, rosto completamente vermelho, pulsando em calor.
"Como eu ia roubar? Você só é previsível."
Maia se sentou de volta, desembrulhando o sorvete.
"Eu te dou uma lambidinha, perdedor."
Sorriu, balançando o doce na frente de Daniel, que virou o rosto.
"Orgulhoso."
Reclamou a garota, revirando os olhos.

No próximo invernoOnde histórias criam vida. Descubra agora