⚠️ AVISO DE GATILHO: Violência, relações tóxicas, descrição de ferimentos;
Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡>> Tenha uma boa leitura:)
⚠️ Conteúdo sensível, colocarei outro sinal quando terminar! ⚠️
Estavam em uma briga infantil entre tapas, empurrões e perseguições pelo apartamento de aluguel barato onde Rato morava.
Ele apoiou suas mãos na ponta da curta mesa de jantar, ofegante.
Os cabelos escuros pingavam sem parar, franja caída sobre os olhos e não mais penteada para trás como costumava estar.
"Eu tô falando sério, moleque."
Ameaçou para Leo, que se preparava para correr novamente, parado do outro lado.
"Eu não quero."
Leo respondeu com tom birrento, hostil mesmo que ardesse em febre.
"Não é questão de querer, cacete, eu já te falei!"
Rato marchou ao redor da mesa, urrando quando Leo escapou pelo lado oposto.
"JUNO."
Rugiu, tomando impulso e puxando o garoto pelas costas do casacão emprestado.
Leo foi lançado contra a parede, Rato pressionando um de seus ombros para que continuasse imóvel ao mesmo tempo que tentava agarrar o braço oposto do garoto.
"Juno, PUTA MERDA."
Esbravejou, rosto molhado tanto por suor quanto pelo banho de chuva tomado uma hora antes.
Leo estapeava Rato diversas vezes com ambas as mãos, empurrando o rosto do outro e quase enfiando um dedo dentro de seu nariz. O modo como Leo ainda brigava e mantinha suas forças mesmo atordoado era assustadoramente sobre-humano.
"Eu vou berrar- RATO, eu vou BERRAR se você-"
Rato finalmente agarrou um de seus pulsos, usando a outra mão para agir.
O garoto soltou um uivo dolorido e animalesco, fincando suas unhas no bíceps direito de Rato durante o grito desafinado.
"Eu sei que dói, Juno."
Ele ofegou, largando no chão a primeira das diversas gazes que cobriam os braços de Leo.
O mais novo levantou seus olhos repletos de lágrimas, rosto vermelho pela dor.
"Chega. Chega, eu não quero..."
Suplicou, tom choroso.
O outro suspirou, ainda ofegante.
"Vai doer.
Eu não vou mentir pra você.
Vai doer pra cacete, mas não dá pra deixar assim."
Rato explicou.
"'Cê pode apertar meu braço."
Ele ofereceu, retomando a paciência, ainda que ofegante e esgotado.
Seu bíceps já sangrava em pequenos cortes de meia-lua feitos pelas unhas de Leo, porém não parecia sentir a dor, tamanha adrenalina.
"Juno, eu não sei nem como você não perdeu teus braço' inteiro ainda, não brinca com a sua sorte."
Rato advertiu, ignorando a aparência mórbida da pele exposta no braço de Leo.
Onde a gaze antes escondia, agora um pedaço de carne viva e infeccionada exibia suas cores entre diversos tons de púrpura, vermelho e roxo acinzentado.
"Isso não coça? Não arde? Todo dia?"
Confrontou mais uma vez.
"Eu não tenho como cuidar."
"Isso eu percebi."
Leo soluçou, fechando seus olhos ao deixar lágrimas gordas escorrerem pelo rosto já úmido.
"...Vai, Juno, mais um."
Rato encorajou e então arrancou rapidamente outra gaze grudada contra a pele infeccionada do menino, Leo guinchando ao mesmo tempo que um trovão ecoava pela noite tempestuosa.⚠️ Sinalização! Já é seguro pra ler! ♡ ⚠️
"Então a tua família te procura."
Rato comentou após pelo menos dez minutos de caminhada silenciosa.
O dia acabava conforme as nuvens tomavam o céu com seu nublado ameaçador.
"Eu não sabia."
Leo respondeu em tom seco, colocando as mãos dentro dos bolsos do casacão emprestado.
Sentiu o frio metálico do canivete contra seus dedos.
"Eu não sabia que eles 'tavam me procurando."
Suspirou.
"Como que eles não iam tá, ô, bichinho?"
Rato sorriu, diminuindo o passo para que Leo o alcançasse.
"... Acho que eu ainda não tinha nem pensado nessa parte."
O menino confessou.
"Q-Quer dizer, eu não consigo parar pra... Pensar.
Não agora."
Adicionou, coçando os braços por cima das mangas do casaco.
Rato não respondeu, levantando o rosto para o céu e observando sua cor cinza escuro.
"Cheiro de chuva."
Mencionou, os lábios formando um bico quase inocente.
"...É."
Leo concordou ao fitar Rato silenciosamente.
"'Cê..."
Tentou formular, e então desistiu.
"Fala."
Rato sorriu, voltando seus olhos cor de mel ao garoto. Eram da mesma cor dos de Maia, talvez um pouco mais puxados para o dourado.
"Nada. Foi intrusivo."
Murmurou, dando de ombros.
"...Vai chover. Bastante."
Rato mudou de assunto por Leo.
"...A gente vai falar sobre o tempo?"
O garoto arqueou as sobrancelhas.
"Não é o tempo que tá me preocupando não."
Ele respondeu, rodeando um poste para virar a esquina, quase como se dançasse.
"Eu vou ficar ok."
Leo afirmou.
"'Ok' onde?"
Rato retrucou.
"Minha mamãe me disse pra não compartilhar informação pessoal com estranhos."
Leo disparou de volta sarcasticamente, arrancando uma gargalhada de Rato.
"É, sei. Tá, a gente vê isso depois então.
Eu quero saber se a sua mãe te ensinou a não ser teimoso e aceitar ajuda quando 'cê precisa."
O outro sinalizou um buraco na calçada a tempo de Leo não tropeçar.
"Não, não ensinou."
"Tá na hora de aprender.
Antes que a tua teimosia te mate."
Rato respondeu, parando na frente de uma estrutura metálica com rodas e janela.
Não era tão chique quanto um foodtruck, porém servia para mesma função, aparentemente.
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No próximo inverno
Romance⚠️ HIATUS INDEFINIDO ⚠️ Esta história, apesar de ainda estar em produção, vai ser inteiramente revisada antes da sua finalização, tendo em vista que começou a ser escrita há mais de dois anos atrás! Por isso, estando ainda disponível para a leitura...