Café, creme e olhos azuis

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Antes do capítulo de hoje, uma mensagem rápida de agradecimento! Todo dia 10 de fevereiro NPI completa mais um ano, e agora já estamos no segundo desde o meu primeiro "brainstorm" que se transformou no conceito dessa história.
E... Uau. Sem querer ser muito meloso ou me alongar demais nesse texto, eu agradeço ao universo e o mundo por ter me dado a oportunidade de ter criado essa história, esses personagens.
Sem NPI, eu não teria juntado a coragem pra conseguir falar muito mais abertamente sobre a minha escrita, não teria feito os amigos, as conexões e as memórias que fiz nesses dois anos.
Leo, Daniel, Thiago e Maia, junto dos personagens secundários, são cada um uma parte de mim que eu deixei vulnerável e exposta pra que os leitores pudessem enxergar, e o carinho com que eles foram recebidos me deixa macio toda vez que penso sobre.
Agradeço por cada desenho, 'headcanon', pelas conversas de madrugada, leituras e likes.
Amo cada um deles, cada um de vocês e cada palavra que ainda tá pra ser escrita nessa história.
Obrigado por tudo:)

✧✧✧

⚠️ AVISO DE GATILHO: Linguagem sexualmente explícita. Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡


A moça ruiva que lhe atendeu tinha olhos gentis, apesar da expressão quase sempre séria. Enquanto ouvia Thiago falar, batia com as unhas pintadas de vermelho escuro na superfície da mesa que dividiam.
O café - de baixa qualidade e salários tão ruins quanto - ainda tinha as persianas fechadas, cadeiras de pernas para cima sobre as mesas e quase todas as luzes apagadas.
"'Cê é de menor, então."
Concluiu, tomando um longo gole do cappuccino que havia preparado durante a conversa. Thiago assentiu, apreensivo.
"Eu vou fazer dezoito no dia vinte e um. Seriam só algumas semanas, sendo uh de... Menor."
Explicou mais uma vez. A moça pareceu ignorar suas palavras por alguns segundos, contornando o lábio inferior com a ponta do dedo indicador como se pensasse em como poderia contornar as regras em favor do menino que lhe pedia ajuda.
Em seu crachá, o nome Mel era escrito em cursiva corrida, junto de uma carinha feliz pouco sincera.
"Era Thiago?"
Perguntou em tom suave, finalmente voltando os olhos castanhos para o garoto, que assentiu de novo.
"Thiago Lopez, senhora."
Confirmou.
A ruiva suspirou e passou uma das mãos por seu rosto num gesto cansado, apresentando o café com um único movimento monótono. Seus cachos balançaram com o ato.
"Eu vou ver o que eu consigo fazer. Sorte a sua que hoje eu 'tô de bom humor."
Cedeu, levantando um dedo para impedir Thiago de a abraçar quando o garoto se colocou de pé com os braços já abertos e olhos arregalados.
"Você não vai se arrepender, de verdade! E-Eu aprendo rápido, e sou bom com doces, posso esfregar as privadas se precisar, e-"
A moça, Mel, retirou a tiara de chifres de rena que usava, ficando nas pontas dos pés para a afundar nos cabelos de Thiago, interrompendo-o antes que prometesse qualquer outra coisa.
"Eu vou buscar o seu uniforme."
Finalizou.
No vestuário, já em seu uniforme e usando uma tiara com chifres feitos de feltro, Thiago espiou por uma fresta na porta conforme Mel cumprimentava outro novo funcionário, os olhos castanho-esverdeados cintilando em curiosidade.
O jovem, tão baixo quanto Leo um dia fora, tinha cabelos loiros tingidos de um azul já desbotado, em parte cobertos pelo gorro de papai noel entregue pela ruiva que aparentemente, além de superior, também era sua cunhada.
"Ele tem cara de que se daria bem com o Dani. Pelo estilo, e pela carranca."
Pensou, atrapalhando-se e encostando a porta outra vez ao perceber que o novo colega de trabalho arrastava seus pés em sua direção para colocar seu novo uniforme.
"Merd-"
Thiago tropeçou em uma falha do piso, caindo de quatro no chão e então fingindo amarrar seus cadarços de cabeça baixa quando a porta se abriu.
"Ah! Eu não te vi aí, perdão."
Exclamou, sua voz desafinada em ansiedade complementando a tiara inclinada mais para sua testa do que deveria. O relicário pendurado em seu pescoço balançou junto dos ombros quando sorriu.
"Ele não vai responder? Droga. Eu não queria começar o meu primeiro emprego parecendo um chato que força amizades."
Sua expressão era tímida, esperando qualquer resposta conforme o mais baixo lhe analisava de cima a baixo.
"Você também 'tá entrando hoje, né? Eu acabei de ganhar meu uniforme, mas cheguei já faz uma hora, acho que a Mel ficou irritada e eles me enrolaram até você chegar."
Gaguejou, desviando o olhar pelo ambiente com uma risada desconfortável.
Tendo que levantar o rosto para realmente enxergar seus olhos esverdeados, o outro expandiu as narinas e arqueou as sobrancelhas, semicerrando os olhos cansados.
"Ele também tem olhos azuis, uau. São bonitos."
Sem qualquer previsão de que receberia uma resposta, Thiago continuou falando.
"...Se bem que você chegou meio atrasado, né? Ah, bom, é melhor você se vestir, né? Eu vou sair pra te deixar mais a vontade, e-"
"É um avental e blusa."
O mais baixo interrompeu seu falatório ansioso.
"Ah. Sim, bom... O meu nome é Thiago, vai ser legal trabalhar com você."
Ele apontou ao crachá, já com seu nome escrito em letra cursiva junto de uma abelha sorridente desenhada.
Thiago L
O colega de cabelos azuis assentiu sem mais palavras, ajeitando o gorro de papai noel sobre os cabelos alisados. Agarrando a oportunidade de se livrar da introdução embaraçosa, Thiago preencheu o peito com ar antes de sair da sala de descanso, bochechas quentes e mãos suadas.
"Ok, poderia ter sido pior."
Pensou.
Ouviu então uma risada baixa.
Olhou ao redor, encolhendo seus ombros por perceber que a tiara natalina que usava havia ficado para trás ao passar pela porta.

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2023 ⏰

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