⚠️ AVISO DE GATILHO: Menção e uso de arma de fogo, menção de suicídio, cemitério, luto em geral, menção de cicatrizes, menção de morte; ( Gatilho personalizado do autor: O Otto aparece lol /p )
Prossiga com cuidado, colocarei sinalizações nas partes necessárias! ♡"Otto?"
Kai chamou baixo através do escuro, apertando os dedos de Otto com sua mão pequena e ossuda.
"'Cê ainda não dormiu, menino?"
Otto sussurrou, voz de sorriso acompanhada dos olhos verdes cintilantes por trás de seus óculos. Esperou que Kai continuasse, sentado ao seu lado na cama do quarto improvisado.
"Eu queria perguntar.
Eu posso... Eu tenho que começar a chamar o Diego de pai?"
O menino perguntou timidamente.
Otto endireitou as costas, fitando o escuro em silêncio por alguns segundos.
"Se 'cê quiser, Kai."
Respondeu, ajeitando seus óculos contra o nariz.
Engoliu com dificuldade e então voltou os verdes para a porta entreaberta, analisando a faixa de luz vinda do corredor como se verificasse que estavam sozinhos.
Diego lhe esperava encostado no batente do quarto principal, distraidamente retirando sujeira debaixo das unhas com seu canivete azul-marinho.
"Você pode. Se 'cê gosta do Diego assim, você pode, Kazinho."
Completou.
"Eu sei que ele não é o meu pai mesmo, mas..."
"A gente cuida de você, Kai.
Família é quem cuida, quem ama, hm? Já falei isso, né? O Diego já te explicou isso também."
Otto interrompeu, retirando seus chinelos felpudos e deitando ao lado do menino, o rosto de Kai apertado contra seu peito.
O pequeno assentiu, aconchegando-se para perto.
"Eu sei. Ele é que nem você, mas chegou um pouquinho mais tarde. Então é tipo um pai atrasado."
Murmurou, segurando uma das mãos de Otto perto da bochecha para que não fosse embora quando adormecesse.
"Ah, sim."
O ruivo ajeitou as cobertas, expressão perdida.
"Agora dorme, menino, que amanhã 'cê acorda cedo 'pra aula."
Sussurrou, afagando os cabelos ondulados de Kai. Quando levantou os olhos para a porta, Diego espiava pela fresta, sorrindo torto como se dissesse 'Te peguei, coração de manteiga!'
"'Cê vai dormir aqui?"
Kai perguntou baixo, voz sonolenta.
"Vou."
Respondeu Otto, sobrancelhas arqueadas a Diego, que levantou as mãos para anunciar inocência e rendição.
"'Tô indo então."
Gesticulou, sem conseguir conter o sorriso.⚠️ Conteúdo sensível, colocarei outro sinal quando terminar! ⚠️
"'Cê tem que ir agora."
Diego disse em tom vazio, dentes cerrados e mandíbula tensa. Otto, na sua frente, cruzou os braços e trocou a perna de apoio, sinalizando que não sairia do apartamento até conseguir o que exigia.
Era madrugada, dois de abril.
"Você não responde as minhas mensagens.
Não liga de volta.
...Trocou a tranca do apartamento."
Otto pousou sua cópia das antigas chaves sobre a mesinha dobrável da sala, olhos fixos nos de Diego como uma boneca mal-assombrada.
"Por um motivo óbvio."
Retrucou ríspido, desviando o olhar para o bolso do casacão de seu ex. Em resposta, Otto arqueou as sobrancelhas e retirou seu revólver até então oculto.
Pousou-o na mesa, ao lado das chaves.
"Eu não vim aqui brigar."
Respirar, de repente, se tornara uma tarefa trabalhosa e dolorida.
"Perfeito então, porque eu não quero discutir, e nem muito menos brigar.
São duas da manhã, e amanhã é aniversário do menino."
Diego balbuciou, deixando as pontas dos dedos sobre o metal da mesa, ainda excruciantemente longe da arma de fogo, chaves e Otto.
"E eu não quero que ele passe esse dia do meu lado no hospital."
Completou em sua mente.
Os lábios de Otto pareceram estremecer em ódio, o ruivo retirando seus óculos e os limpando na própria blusa de botões num ato irritado.
"Ah, é o grande evento do ano!
O aniversário de dezoito, quando essa... Essa sua cria vai finalmente deixar o ninho!"
Cuspiu as palavras como se, de alguma forma, apontasse Juno como um empecilho para sua relação.
Por deliberação cínica do destino, Juno abriu a porta do quarto, expressão mesclando a confusão sonolenta e a descarga de adrenalina imediata ao se deparar com tal cena.
"Diego?"
Chamou, voz rouca.
Tinha sede, agora não só por ter comido muitos salgadinhos antes de dormir.
Sua língua parecia borracha.
Seca, áspera e dormente. Quente, tanto quanto as cicatrizes em seus braços.
"Pro quarto, por favor."
Diego respondeu sem se virar, os músculos das costas tensos através da regata branca que usava de pijamas. Otto abriu um sorriso sarcástico, olhos sem brilho se voltando para Juno.
"Eu não vou te-"
"Juno."
O outro pediu, desafinando. Otto pigarreou, abrindo os lábios para argumentar antes de ser interrompido.
"Meu cacete!"
Elu se queixou, apertando o passo para se colocar ao lado do mais velho.
Diego voltou o rosto para ê menor, e então outra vez para o revólver, empurrando Juno com a mão espalmada em seu peito ao mesmo tempo que Otto agarrava a arma e disparava contra a parede oca.
Os três pausaram, Diego curvado sobre a mesa após falhar na corrida letal.
Juno agarrava os próprios cabelos, rosto contorcido na expectativa da dor que nunca veio.
Otto manteve as sobrancelhas erguidas em expressão entediada ao recolocar a arma no bolso.
"Criança mal criada."
Lamentou, dando as costas e limpando os sapatos no tapete de boas-vindas ao sair do apartamento.
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No próximo inverno
Romansa⚠️ HIATUS INDEFINIDO ⚠️ Esta história, apesar de ainda estar em produção, vai ser inteiramente revisada antes da sua finalização, tendo em vista que começou a ser escrita há mais de dois anos atrás! Por isso, estando ainda disponível para a leitura...