A todo momento carros saiam e chegavam. Não vi Marcos durante aquela infindáveis horas que demoraram a passar. Também não havia visto mais Benny. Eu estava preocupada com o seu paradeiro. Eu não estava autorizada a circular livremente dentro daquele condomínio, mas não ficaria de braços cruzados esperando notícias dele. Rondei pelas imediações da casa de Eros e pude observá-lo, de longe, sentado na varanda tomando uma bebida com Ísis. Eles sorriam e brindavam. Benny não estava entre eles, mas não foi difícil encontra-lo. Ele estava em uma casa inacabada. Ele dormia sentado em uma cadeira. Seus pulsos estavam amarrados atrás do corpo. Seu rosto estava machucado e um de seus olhos estava começando a ficar roxo. Corri em sua direção e me ajoelhei aos seus pés. Chacoalhei seus ombros de leve, a fim de acorda-lo. Ele se assustou ao me ver.
– Como entrou aqui? – ele tossiu, sua garganta estava seca – Você precisa sair daqui antes que o Eros ou os capangas dele voltem.
– O que aconteceu? – perguntei e tentei soltá-lo das algemas, mas não consegui.
– Fui pego tentando resgatar a Stella e os outros.
– Por que o Eros fez isso com você?
– Ele não precisa de motivos para fazer as coisas que faz...
Levantei de supetão. Eu precisava salva-lo. Corri até o outro cômodo e procurei por qualquer coisa que pudesse libertar Benny, mas não havia nada ali. Saí da casa e olhei em volta. Havia outra casa em construção não muito distante. Provavelmente deveria ter alguma ferramenta na obra. Entrei na casa, vasculhei tudo e achei uma chave de fenda. Aquilo serviria. Entrei novamente no quarto em que Benny estava e me surpreendi com um dos guardas parado próximo a ele. Congelei por um segundo e nesse instante o guarda avançou contra mim e me segurou pelos cabelos. O esbofeteei e ele me jogou do outro lado do cômodo. Benny gritava algo, mas eu não conseguia prestar atenção. Eu estava tentando me levantar quando o cara chutou minha barriga e novamente fui ao chão. Tossi, sem ar, e senti uma dor muito forte no baixo ventre e nas costas. Eu precisava ser forte e ajudar Benny. Reuni todo o resto de força que eu ainda tinha e levantei. Daquele momento em diante tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta: eu pulando sobre o homem, cravando a chave de fenda em seu pescoço, ele indo ao chão, a vida se esvaindo de seus olhos. Olhei, atônita, para as minhas mãos e só conseguia ver o vermelho escarlate do sangue daquele homem caído aos meus pés.
Eu havia acabado de matar uma pessoa?
– Melina. – Benny me chamou algumas vezes até me despertar do meu torpor. – A chave de fenda, pegue.
Eu teria que retira-la do pescoço do morto e entrega-la a ele. E foi o que fiz. Ao tirar a ferramenta, o homem deu um espasmo. Aquilo me assustou. Fiquei atrás de Benny, mas não conseguia abrir as algemas usando a chave de fenda. Eu estava tremendo e todo aquele sangue melando minhas mãos não ajudava.
– Limpe as mãos na roupa. – ele disse calmamente.
Fiz como ordenado e consegui soltar um de seus pulsos. Ele se levantou e me abraçou. Só percebi que comecei a chorar quando as lágrimas embaçaram meus olhos e eu não conseguia enxergar nada com clareza.
– Você fez o que foi necessário. Era você ou ele. – ele disse. – Precisamos sair daqui antes que outro guarda apareça.
Dito isso, Benny retirou uma pistola do quadril do morto e verificou a munição. A arma estava carregada.
Entramos em uma das muitas casas abandonadas para recuperar o fôlego. Benny estava muito machucado e havia se cansado de correr poucos metros até ali.
– Ela me contou tudo. – ele começou dizendo.
– Ela quem e o que ela te contou? – quis saber.
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
TerrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...