Entramos em outra sala no andar superior do prédio. Lourenço nos aguardava sentado, como um rei, em sua poltrona de corino bege encardida. Ele nos olhou divertido e sorriu sardonicamente.
– Pelo visto conseguiu a briga que tanto queria, não é, Breno? – Lourenço falou com o homem com quem Benny havia brigado há pouco.
Breno abriu um sorriso de orelha a orelha. Seu rosto estava começando a inchar. Sua sobrancelha direita com certeza precisaria de um ou dois pontos.
– Sim, senhor. O outro cara está bem pior...
– Não duvido... Já podem se retirar. – Lourenço deu a ordem aos seus homens e gesticulou para que saíssem da sala. – Desculpe por isso. Breno havia começado a fazer aulas de boxe antes de tudo acabar... Agora ele acha que pode fazer qualquer um de saco de pancada. Idiota. Espero que seu amigo esteja bem.
– Porque nos chamou aqui? O que quer conosco? – perguntei sem paciência.
– Eu só queria dizer que sua amiga já está sendo medicada e pelo o que eu soube aparenta melhora.
– Quero vê-la. – exigi.
– Claro. Ela está no nosso posto de saúde. Vou pedir para que alguns dos meus homens te leve até lá.
– Obrigada por sua ajuda.
– Fico feliz em ter ajudado, mas você sabe, nada é de graça nos dias de hoje...
– Seu homem já disse o que você quer: metade das coisas que temos...
– Isso é o pagamento por passarem por nossa cidade. O pagamento por termos ajudado sua amiga são outros quinhentos.
Ariana e eu nos entreolhamos preocupadas.
– Certo. E qual seria esse pagamento?
Lourenço levantou-se de seu ''trono'' e andou ao nosso redor, nos avaliando.
– Quero que vocês fiquem por aqui...
– Como assim? Quer que a gente entre para o seu grupo? Por quê? – Ariana perguntou.
– E se não aceitarmos? – perguntei.
– Então ficaremos com tudo o que vocês têm e sua amiga será uma de nós. Mas 'pra' falar a verdade, não estávamos querendo alguém tão... frágil, se é que me entendem.
– Não temos que aceitar isso, Mel...
– Estou dando a oportunidade de saírem daqui com vida...
– Por que nós? O que temos de tão especial para nos querer aqui? – perguntei.
– Não sei. Acho que fui com a cara de vocês. Parecem que sabem se defender. Os outros também parecem saber se proteger, mas pelo que eu vi eles não aceitarão ficar, não de boa fé...
– Se aceitarmos ficar, você deixará que o resto de nós parta em segurança? Você promete que não fará nada contra eles?
Lourenço colocou a mão direita sobre o peito, em cima do coração.
– Prometo.
Andei de um lado ao outro naquela sala. Eu não poderia deixar o meu grupo no meio daquelas pessoas que não nos transmitiam confiança. Acabaríamos mortos pelos homens de Lourenço caso eu recusasse aquela oferta e havíamos chegado longe demais para morrermos todos ali naquela cidadela no cu do mundo.
– Eu aceito, mas tem uma condição. – eu disse, o que fez Lourenço dar uma risadinha debochada.
– E qual é?
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...