Capítulo 16: Pregos x Pneus | Parte 4

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Entramos em outra sala no andar superior do prédio. Lourenço nos aguardava sentado, como um rei, em sua poltrona de corino bege encardida. Ele nos olhou divertido e sorriu sardonicamente.

– Pelo visto conseguiu a briga que tanto queria, não é, Breno? – Lourenço falou com o homem com quem Benny havia brigado há pouco.

Breno abriu um sorriso de orelha a orelha. Seu rosto estava começando a inchar. Sua sobrancelha direita com certeza precisaria de um ou dois pontos.

– Sim, senhor. O outro cara está bem pior...

– Não duvido... Já podem se retirar. – Lourenço deu a ordem aos seus homens e gesticulou para que saíssem da sala. – Desculpe por isso. Breno havia começado a fazer aulas de boxe antes de tudo acabar... Agora ele acha que pode fazer qualquer um de saco de pancada. Idiota. Espero que seu amigo esteja bem.

– Porque nos chamou aqui? O que quer conosco? – perguntei sem paciência.

– Eu só queria dizer que sua amiga já está sendo medicada e pelo o que eu soube aparenta melhora.

– Quero vê-la. – exigi.

– Claro. Ela está no nosso posto de saúde. Vou pedir para que alguns dos meus homens te leve até lá.

– Obrigada por sua ajuda.

– Fico feliz em ter ajudado, mas você sabe, nada é de graça nos dias de hoje...

– Seu homem já disse o que você quer: metade das coisas que temos...

– Isso é o pagamento por passarem por nossa cidade. O pagamento por termos ajudado sua amiga são outros quinhentos.

Ariana e eu nos entreolhamos preocupadas.

– Certo. E qual seria esse pagamento?

Lourenço levantou-se de seu ''trono'' e andou ao nosso redor, nos avaliando.

– Quero que vocês fiquem por aqui...

– Como assim? Quer que a gente entre para o seu grupo? Por quê? – Ariana perguntou.

– E se não aceitarmos? – perguntei.

– Então ficaremos com tudo o que vocês têm e sua amiga será uma de nós. Mas 'pra' falar a verdade, não estávamos querendo alguém tão... frágil, se é que me entendem.

– Não temos que aceitar isso, Mel...

– Estou dando a oportunidade de saírem daqui com vida...

– Por que nós? O que temos de tão especial para nos querer aqui? – perguntei.

– Não sei. Acho que fui com a cara de vocês. Parecem que sabem se defender. Os outros também parecem saber se proteger, mas pelo que eu vi eles não aceitarão ficar, não de boa fé...

– Se aceitarmos ficar, você deixará que o resto de nós parta em segurança? Você promete que não fará nada contra eles?

Lourenço colocou a mão direita sobre o peito, em cima do coração.

– Prometo.

Andei de um lado ao outro naquela sala. Eu não poderia deixar o meu grupo no meio daquelas pessoas que não nos transmitiam confiança. Acabaríamos mortos pelos homens de Lourenço caso eu recusasse aquela oferta e havíamos chegado longe demais para morrermos todos ali naquela cidadela no cu do mundo.

– Eu aceito, mas tem uma condição. – eu disse, o que fez Lourenço dar uma risadinha debochada.

– E qual é?

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora