Aqueles foram os minutos mais longos de toda a minha vida. O posto de saúde e a escola eram relativamente próximos, mas agora pareciam estar em cidades diferentes. Quando chegamos fomos recepcionados por Benny apontando sua pistola para a cabeça da filha de Lourenço, Kathlleen. Lobo Selvagem dera uma gravata em Breno e o ameaçava com uma faca resvalada em seu pescoço. Ariana estava ao lado de sua irmã, que parecia tão letal com as mãos nuas quanto os homens armados. Provavelmente todo o meu grupo parecia ter conhecimento dos planos de Lourenço para comigo.
– Podemos resolver isso civilizadamente. – Lourenço disse me conduzindo pelo braço para perto daquelas pessoas reunidas.
– Claro que podemos. – Benny respondeu.
– Agora ele quer negociar... – Águia zombou.
– Deixe que elas venham 'pro' lado de cá.
– Vocês duas podem ir. – Lourenço gesticulou para Brígida e Marlene irem para perto do nosso grupo.
– Ela também vem com a gente. – Águia indicou, apontando em minha direção.
– Ela fica. Ela aceitou ficar.
– Você acha mesmo que vamos deixa-la aqui? Não, acho que não. Ela vem com a gente. – Benny estava cansado, ferido e sinais de sua falta de paciência já eram evidentes. – Vou contar até três para que você a liberte. – ele engatilhou sua arma e a apontou com mais veemência para a cabeça de Kathlleen. – Um, dois...
– Espere. – gritei. – Podemos nos ajudar. Nós – indiquei eu e meu grupo – precisamos passar por essa cidade e seguir com nossa viagem. E vocês – indiquei Lourenço e seu grupo – precisam de medicamentos, pelo que vimos no posto de saúde. Que tal se dermos o que precisam em troca de um ''passe livre'' 'pra' fora daqui? É só o que peço. Todos nós já perdemos tanto com essa epidemia... Podemos nos ajudar ao invés de nos matar.
Tanto o meu grupo quanto o grupo de Lourenço analisavam o que eu havia acabado de dizer e nada disseram por um longo tempo que correspondeu a uma batida de coração.
– Por favor, diga alguma coisa. – Virei-me em direção do líder daquele outro grupo.
Lourenço olhou para sua filha, que havia sido subjugada por uma arma e um brilho de medo transpassou por seus olhos rapidamente. Guardara a arma no cós de sua calça e gesticulou para que seus homens fizessem o mesmo. Sua expressão era de total rendição.
– Tudo bem, eu aceito. Agora soltem a minha filha.
– Nada disso. Primeiro queremos nossas armas. – Lobo Selvagem disse.
Lourenço acenou com a cabeça, indicando que o que havia acabado de ser pedido fosse atendido.
Fomos armados novamente. Os que estavam usando pistolas e revólveres verificaram suas munições para se certificarem que aquele voto de confiança não era nenhuma pegadinha. E não era. Com as armas de volta ao nosso domínio poderíamos nos defender a altura e cumprir com nossa parte naquele trato.
Benny erguera a mão com a pistola para o alto, indicando que soltaria Kathlleen e assim o fez. Ela por sua vez correu para os braços de seu pai e o abraçou brevemente.
– Ele não iria atirar em mim. Nem munição eles têm. – ela disse aquilo e cuspiu no chão em direção a Benny.
– Mas a minha faca é afiada, faria um estrago e tanto nesse seu pescoço fino. – Lobo Selvagem embainhou a faca após soltar Breno.
– Vamos precisar de uma lista de lugares onde possivelmente encontraremos o que precisam e uma lista do que precisam.
Benny se aproximou de Lourenço. Sua voz era grave o suficiente para se impor perante a aquele homem. Ele não parecia nada a vontade ajudando aqueles estranhos, mas aquela foi a única forma que encontrei de sairmos vivos dali ao invés de nos matarmos.
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...