Capítulo 16: Pregos x Pneus | Parte 5

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Aqueles foram os minutos mais longos de toda a minha vida. O posto de saúde e a escola eram relativamente próximos, mas agora pareciam estar em cidades diferentes. Quando chegamos fomos recepcionados por Benny apontando sua pistola para a cabeça da filha de Lourenço, Kathlleen. Lobo Selvagem dera uma gravata em Breno e o ameaçava com uma faca resvalada em seu pescoço. Ariana estava ao lado de sua irmã, que parecia tão letal com as mãos nuas quanto os homens armados. Provavelmente todo o meu grupo parecia ter conhecimento dos planos de Lourenço para comigo.

– Podemos resolver isso civilizadamente. – Lourenço disse me conduzindo pelo braço para perto daquelas pessoas reunidas.

– Claro que podemos. – Benny respondeu.

– Agora ele quer negociar... – Águia zombou.

– Deixe que elas venham 'pro' lado de cá.

– Vocês duas podem ir. – Lourenço gesticulou para Brígida e Marlene irem para perto do nosso grupo.

– Ela também vem com a gente. – Águia indicou, apontando em minha direção.

– Ela fica. Ela aceitou ficar.

– Você acha mesmo que vamos deixa-la aqui? Não, acho que não. Ela vem com a gente. – Benny estava cansado, ferido e sinais de sua falta de paciência já eram evidentes. – Vou contar até três para que você a liberte. – ele engatilhou sua arma e a apontou com mais veemência para a cabeça de Kathlleen. – Um, dois...

– Espere. – gritei. – Podemos nos ajudar. Nós – indiquei eu e meu grupo – precisamos passar por essa cidade e seguir com nossa viagem. E vocês – indiquei Lourenço e seu grupo – precisam de medicamentos, pelo que vimos no posto de saúde. Que tal se dermos o que precisam em troca de um ''passe livre'' 'pra' fora daqui? É só o que peço. Todos nós já perdemos tanto com essa epidemia... Podemos nos ajudar ao invés de nos matar.

Tanto o meu grupo quanto o grupo de Lourenço analisavam o que eu havia acabado de dizer e nada disseram por um longo tempo que correspondeu a uma batida de coração.

– Por favor, diga alguma coisa. – Virei-me em direção do líder daquele outro grupo.

Lourenço olhou para sua filha, que havia sido subjugada por uma arma e um brilho de medo transpassou por seus olhos rapidamente. Guardara a arma no cós de sua calça e gesticulou para que seus homens fizessem o mesmo. Sua expressão era de total rendição.

– Tudo bem, eu aceito. Agora soltem a minha filha.

– Nada disso. Primeiro queremos nossas armas. – Lobo Selvagem disse.

Lourenço acenou com a cabeça, indicando que o que havia acabado de ser pedido fosse atendido.

Fomos armados novamente. Os que estavam usando pistolas e revólveres verificaram suas munições para se certificarem que aquele voto de confiança não era nenhuma pegadinha. E não era. Com as armas de volta ao nosso domínio poderíamos nos defender a altura e cumprir com nossa parte naquele trato.

Benny erguera a mão com a pistola para o alto, indicando que soltaria Kathlleen e assim o fez. Ela por sua vez correu para os braços de seu pai e o abraçou brevemente.

– Ele não iria atirar em mim. Nem munição eles têm. – ela disse aquilo e cuspiu no chão em direção a Benny.

– Mas a minha faca é afiada, faria um estrago e tanto nesse seu pescoço fino. – Lobo Selvagem embainhou a faca após soltar Breno.

– Vamos precisar de uma lista de lugares onde possivelmente encontraremos o que precisam e uma lista do que precisam.

Benny se aproximou de Lourenço. Sua voz era grave o suficiente para se impor perante a aquele homem. Ele não parecia nada a vontade ajudando aqueles estranhos, mas aquela foi a única forma que encontrei de sairmos vivos dali ao invés de nos matarmos.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora