Com Íris no volante, fizemos quinze minutos do centro da cidade até em casa. Era o novo record. Ariana, Marlene, Lúcio e Brígida estavam na escadaria em leque nos esperando. A preocupação do momento e o alívio de estarmos de volta se misturaram e todos começaram a se abraçar e chorar.
– Onde estão os outros? – Marlene perguntou, preocupada.
– Eles foram até Porteirinha para pegar um caminhão dos bombeiros. Vão tentar apagar esse incêndio. – Henri respondeu ao abraçar e beijar sua amada.
– Qual é a situação na casa? – Íris perguntou a Ariana.
Marlene a olhou dos pés à cabeça, mas deixou que Ariana a colocasse a par do que estava acontecendo ali. Após escutar tudo atentamente, a loira olhou em volta e observou o fogo que se aproximava veloz.
– Precisamos arrumar bolsas com água e comida. Acho que não terá outro jeito, teremos que sair da casa. – Íris disse ao olhar para a menina. – Temos um nebulizador?
– Sim, temos. – Marlene respondeu.
– Vamos precisar. – Íris colocou rapidamente a mão no ombro de Stella – ela tossia desesperada desde que chegamos à cidade – e logo nos deixou sozinhos na porta da casa.
– Quem a colocou no comando? – Lúcio quis saber.
– Ela mesma, mas não vamos criar caso com isso agora. Precisamos fazer o que ela disse, pois não sabemos se eles chegarão a tempo para apagar esse fogo. Ari, antes tenho uma coisa para te contar.
Contei a ela tudo o que vimos na casa de Fausto. Eu precisava falar aquilo. Ela e o rapaz eram amigos, ela merecia saber.
– Ele é um cara esperto, você sabe disso. – Henri disse, tentando reconforta-la.
Ela concordou com um meneio breve de cabeça.
– Agora temos que correr para organizar tudo. – alertei.
***
Separei algumas mudas de roupas e itens essências das quais precisaria para a sair às pressas da casa. Eu mal havia chegado de uma incursão e estava prestes a sair em outra. Ainda não sabíamos para onde iríamos, mas precisava ser o quanto antes, o fogo já estava bem perto da propriedade. O embrulho de guardanapos ainda estava em minha bolsa. O desembrulhei e observei o pequeno ser morto na palma da minha mão. O meu corpo não foi capaz de abriga-lo pelos nove meses que ele precisava e isso era tudo culpa minha. Talvez se eu não pegasse tão pesado com as atividades do dia a dia ou se talvez eu tivesse feito mais repouso, quem sabe assim ele ainda estivesse se desenvolvendo firme e forte em meu ventre? Lágrimas escorreram dos meus olhos e caíram sobre ele. Uma batida tímida na porta me tirou daquela tristeza momentânea.
– Mel, tem um minuto? – Brígida disse ao entrar em meu quarto.
Sequei rapidamente os olhos e fingi casualidade ao mexer em minha bolsa.
– O que é isso? – ela se referia ao embrulho ensanguentado que eu acabara de guardar.
Ela sentou-se ao meu lado e pegou minhas mãos de forma tranquilizadora.
– É o meu bebê, eu o perdi. – foi o máximo que consegui dizer sob tamanho estresse e angustia.
Brígida me abraçou e pude sentir que o meu sofrimento era o seu. Ela se compadecia pela minha perda.
– Mas não vamos falar sobre isso agora, temos que fugir de um incêndio de proporções catastróficas. – mudei de assunto, eu ainda não estava preparada para falar do meu aborto. – Do que você precisa?

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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...