Quando acordei na manhã seguinte, Benny já havia se levantado e juntado a maior quantidade de suprimentos que conseguiu encontrar. Desci as escadas e percebi que ele já tinha guardado boa parte do que ele juntou em um carro de quatro portas que, pelo brilho da pintura, parecia novo.
- Bom dia, Bela Adormecida. Espero não ter acordado Vossa Alteza fazendo tanto barulho. - Ele estava me ironizando, já que, de acordo com o relógio da sala, era 8:24. Nem era tão tarde.
- Bom dia, mordomo Benny. Já preparou meu desjejum? - Eu também sabia brincar.
Ele fechou uma mochila e caminhou em direção à cozinha
- Venha, vou preparar alguma coisa pra gente comer. - Em uma situação normal, eu poderia facilmente me acostumar com ele cozinhando para mim, já que ele era melhor na cozinha do que eu.
***
Havíamos passado por três cidades, quando o ponteiro da gasolina entrou na reserva. O posto de combustíveis mais próximo era em Coqueiro Real, que ficava na saída oposta da cidade, ou seja, teríamos que atravessar várias ruas para chegar até lá. Eu sabia disso, por que já havia estado ali a passeio. Coqueiro Real era uma cidade histórica, também famosa por seu doce de leite, que era delicioso. A cidade se dividia em uma rua principal e algumas outras ruas secundárias. Apesar da rua principal estar lotada de carros abandonados em ambos os lados, não teríamos dificuldades em atravessar as ruas paralelas, que em grande parte, estavam livres. Mesmo não sendo uma cidade grande, ali costumava ficar lotado de turistas.
Onde estavam todos?
Nem os próprios comerciantes tiveram tempo de fechar suas lojas, mesmo correndo o risco de serem arrombadas depois. A paisagem estava quieta demais, como nos filmes de faroeste em que fenos voam com o vento, fazendo um assovio assustador. Para falar a verdade, a estrada até ali estava igualmente silenciosa.
- Devemos procurar as autoridades. Eles devem saber o que fazer nessa situação maluca em que estamos vivendo... - Divaguei após pensar na loucura que tinham sido minhas últimas horas.
- As autoridades não tem controle sobre essa epidemia. Saques, tumultos e homicídios só aumentaram o pânico da população. O Exército interveio. Foram criadas Bases de Assistência à Vida em todos os estados, para os infectados mais graves. Os hospitais foram instruídos de como proceder quanto aos infectados em estágio inicial. Mas logo a epidemia se alastrou e as coisas saíram do controle rapidamente. Infelizmente, estamos em uma situação de ''salve-se quem puder''. Aquelas coisas são mais fortes e resistentes do que nós. Nós viramos a refeição deles e também o meio de proliferação de sua doença. As autoridades não podem nos salvar. Estamos sozinhos. Estamos por contra própria. - A voz de Benny era pesarosa.
- Você está na estrada há tanto tempo e só há alguns dias eu soube do surgimento dessa doença. Em que planeta eu estava?
- Talvez você tenha conhecido os indícios dela, antes de se disseminar e sair do controle. Homicídios recentes e sem explicações, do tipo em que grupos de pessoas são executadas com tiros na cabeça ou decapitadas, pessoas tendo surtos violentos sem mais nem menos, muitas pessoas, além do normal, declaradas como desaparecidas. Casos assim foram noticiados nas últimas semanas repetidamente, mas a maior parte dos acontecimentos foi controlada pelo governo, a fim de não espalhar o medo. Eles precisavam descobrir com o que estavam lidando antes de alertar a população de uma possível epidemia. E deu no que deu: pessoas doentes, sem informação, que estão morrendo e contaminando as outras que estavam vivas. Aconteceu tudo muito rápido.
- Eu não acredito que estejamos sozinhos nessa. Eu não quero acreditar nisso.
Como tínhamos mais combustível nos carros parados ali do que teríamos no posto, resolvemos nos abastecer ali mesmo e verificar se nos carros tinham coisas úteis para a nossa viagem. Benny tirou da fivela de seu cinto um punhal e o entregou a mim. Ele me deu umas explicações rápidas de como usar e eu fingi que tinha entendido, eu nunca usei nada parecido para golpear ninguém.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...