Ariana estava preparando nosso jantar na cozinha da casa do padre. Ela era habilidosa e parecia gostar de cozinhar. Pente Fino estava lhe ajudando, mas não tinha o mesmo entusiasmo de estar naquele ambiente. Elas estavam caladas e pude perceber que Pente Fino havia aberto uma garrafa de vinho e já havia bebido metade dela. Senti vontade de ''encher a cara'' e esquecer toda a loucura que eu havia vivido até o momento, porém, fiz o contrário do que eu sempre queria: não bebi.
- Oi, precisam de ajuda? - Perguntei ao entrar na cozinha.
- Claro, uma ajuda é sempre bem vinda. Aqui, pique a cebola. - Ariana disse. Ela tinha o corpo esguio e era muitos centímetros mais baixa do que eu.
Eu sempre odiei mexer com cebola, além de me fazer lacrimejar - como se eu estivesse assistindo a um episódio triste de uma novela mexicana clichê - ela deixa aquele cheiro ardido nas mãos. Mas como eu havia me oferecido para ajudar e o que tinha para fazer era picar a cebola, eu o faria sem problemas. Marlene preparou a mesa para que jantássemos juntos. A mesa era pequena, mas algumas pessoas poderiam se sentar nos sofás e no chão.
Meia hora depois estávamos servindo o jantar e Lobo Selvagem se juntou a nós. Ele havia feito a barba e cortado as pontas de seu cabelo. Ele estava irreconhecível. Eu e Brígida estávamos sentadas no chão, comendo, quando ele passou por nós. Brígida engasgou ao tomar um gole d'água.
- Quem é ele? De onde saiu esse deus grego? - Nós rimos e o observamos.
Ele vestia uma calça de moletom preta e uma camiseta branca, assim como eu. Estava calçado com seu coturno de sempre que agora estava limpo. Ele serviu uma porção generosa de comida em seu prato e seguiu para um dos quartos. Ele provavelmente iria ''capotar'' no sono.
Após comermos, as pessoas se revessaram para usar o banheiro. Todo mundo queria aproveitar aquele chuveiro mágico. Cada um arrumou seu saco de dormir e sua coberta em um canto da sacristia e da casa do padre e foi dormir. Como prometido, eu e Stella fomos dormir no ônibus. Mamba Negra estava ''dormindo pesado''quando entramos. Vi quando Marlene entrou no ônibus, no início da madrugada, para medir sua temperatura e lhe entregara alguns remédios. Ela gostava de cuidar das pessoas, não era a toa que ela era enfermeira.
O sol não havia raiado ainda e eu já havia despertado. Saí do ônibus e fui me sentar na escadaria da igreja. Benny estava sentado lá, fumando um cigarro.
- Não sabia que você fumava. - Disse aleatoriamente.
- Uma das pragas do apocalipse. - Ele respondeu e indicou o cigarro em sua mão. - Sem sono?
- Sim, acho que estou ansiosa. Espero não ter uma crise de ansiedade logo agora. Ninguém trocou o posto com você?
- O Águia veio me render, mas eu disse que estava tudo bem. Mandei ele dormir mais um pouco.
Um silêncio aterrador pairou entre nós.
- Benny, eu não quero que fique com raiva de mim. Eu só fiz o que era certo 'pra' nós dois...
- Você fez que era certo 'pra' si mesma. Eu já sou grandinho para saber o que quero e principalmente para saber o que sinto. - Ele se levantou e deu um longo trago em seu cigarro, jogando longe a bituca ainda acessa. - Me desculpe se forcei a barra e se dei a entender que estava confuso com relação a você. Não vai mais acontecer...
Me levantei junto e o acompanhei. Ele parecia não estar a fim de uma DR - Discussão de Relação - naquele momento. Pelo jeito ele não estava a fim de mim e agora eu tive essa certeza.
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...