As coisas aconteceram tão rápidas que ficaram difíceis de distinguir se era um sonho ou se realmente foram reais. O facho de luz dançou frenético por todos os lados até cair no chão e se fixar em um ponto específico. Uma lanterna. Ela iluminou o breu, o nada ao longe.
Mais passos se aproximaram.
Grunhidos duelavam entre si. Um corpo franzino caiu sobre as minhas pernas. O impacto quase me fez sentar. Tentei rolar para o lado oposto, mas meu corpo não obedecia com rapidez os comandos dados pelo cérebro.
Alguém escorou-se em uma árvore próxima a mim e respirou pesadamente, retomando o fôlego, por um longo tempo.
Um ser humano vivo.
- Você está bem? - uma voz masculina perguntou ao recolher a lanterna e iluminar meu rosto.
- Padre Lázaro? - perguntei ao reconhecer a voz.
- O que faz por aqui, menina? Se perdeu?
Me escorei nele com a mão empalada. Ele a iluminou assim como fez com o resto do meu corpo.
- Santo Deus. Temos que sair daqui antes que mais alguma daquelas coisas apareça, o que é muito provável que aconteça. Nunca se sabe, não é? Consegue andar?
- Acho que sim. - eu não tinha certeza daquilo, mas teria que tentar.
Passei o braço pelo seu ombro e fiz um esforço descomunal para ficar em pé. Caminhei como um ''faminto'': arrastando meus pés, deixando um rastro para trás.
Havíamos saído da mata adjacente à propriedade e estamos atravessando a estrada quando eu o indaguei:
- O que faz aqui fora sozinho a essa hora?
Ele não respondeu de imediato.
- Tenho reparado o senhor, sempre saí as escondidas tarde da noite e só volta pela manhã, sempre sujo de terra e com um livro a tira colo. Alguém mais sabe das suas escapulidas, padre?
- Eu... eu... - ele gaguejou - estou procurando um lugar.
- Um lugar? - fiquei pensativa - Uma igreja?
- Não. Eu não tenho todas as instruções de como chegar a esse lugar que estou procurando, mas tenho algumas pistas para acha-lo. Meu irmão tinha um amigo, um figurão da política, que construiu uma instalação secreta por essas bandas. Uma fortaleza.
- Esse amigo não passou o endereço de lá?
- Não, apenas deixou algumas dicas para encontrar as informações com a localização precisa. É como um mapa do tesouro. Tenho tentado juntar as pistas, mas até agora não cheguei muito longe.
- Porque quer encontrar esse lugar? Não se sente seguro na casa do Benny?
- Não é isso. Eu apenas preciso encontrar algumas pessoas que possivelmente estão nesse lugar.
- Seus amigos... - supus.
- Eu não os chamaria assim... - ele deixou o assunto morrer.
- O senhor deu sorte.
- Com o quê?
- Em encontrar pessoas que o levariam diretamente para onde o senhor queria ir. Como poderíamos saber que o senhor tinha amigos nessa cidade? O encontramos por um acaso naquela igreja.
Eu quase podia ouvi-lo pensar.
- Sim, dei muita sorte de vocês me encontrarem...
Caminhamos por quase vinte minutos em uma trilha até a casa que normalmente era feita em menos de dez. Antes de entrarmos pela porta da frente, ele me segurou firme pelo cintura. Estranhei seu gesto e o encarei.
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...