Oito horas antes...
– Isso 'tá' muito estranho. – Eu disse. Olhando em direção à escola. – Não vimos nenhum deles ainda, mas eu sinto que estão por perto. Será que estou ficando louca?
– Não. São os seus sentidos que estão te alertando do perigo. Isso é bom. Te mantem preparada para o que quer que tenha nesse buraco do inferno. – Águia respondeu.
Meu irmão pegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. Olhei em seus olhos e tentei sorrir, mas eu estava tão apreensiva com aquele lugar que a única coisa que consegui fazer foi uma careta.
– Deveríamos voltar 'pro' ônibus e dar o fora daqui o mais rápido possível... – Ricardo resmungou.
– Está quase anoitecendo, quer mesmo que continuemos rodando com o ônibus por uma estrada perigosa e cheia de armadilhas como essa? – Águia perguntou, mas foi retoricamente.
Ricardo abriu a boca para contestar – como ele sempre fazia –, mas ouvimos barulho de galhos se partindo, indicando que alguém havia pisado em um. Olhamos todos ao mesmo tempo para a fonte daquele som. Taticamente nos agrupamos e aguardamos sair o que quer fosse que estivesse na mata ao nosso redor. Segurei minha faca em modo de defesa e vi Águia engatilhar sua arma. Ele gesticulou para que fizéssemos silêncio. Como não houve nenhuma movimentação continuamos caminhando.
– Aonde pensam que vão com tanta pressa? – Uma voz masculina perguntou.
Um homem aparentando ser pouca coisa mais velho do que eu estava diante do nosso grupo. Fomos cercados por um grupo ainda mais numeroso do que o nosso. Eles saiam, despreocupados, da mata adjacente à rua. Nosso grupo apontou as armas em direção a aquele bando, que era composto por homens, mulheres, jovens e velhos.
– Não sabem que é falta de educação chegar à casa de alguém e apontar uma arma 'pra' cara do anfitrião? – Perguntou o mesmo homem que nos surpreendeu.
O homem riu, sem achar graça, e gesticulou para um grandalhão que estava em nossa retaguarda. Um homem parrudo caminhou nervoso em direção a Lúcio e o golpeou nas pernas, fazendo-o cair de joelhos no chão. Apontou a arma para a cabeça do meu melhor amigo e a engatilhou, pronto para atirar.
– Quem são vocês? E o que querem aqui? – Aquele homem perguntou.
– Só estamos de passagem. – Lúcio respondeu com a voz falha.
– Só de passagem... assim como os outros... Vimos que limparam a entrada da cidade. Aquele era um aviso bem explícito para darem o fora daqui, não acha?
– Não queremos problemas. Como meu amigo disse, só estamos de passagem. – Lobo Selvagem retrucou.
– Coloquem as armas no chão e chutem pra cá. – Um homem negro vociferou. – Não vou pedir de novo.
Obedecemos e como instruídos jogamos nossas armas no chão e as chutamos para longe do nosso alcance. Aqueles estranhos as recolheram e as embainharam nos cós de suas calças.
– Estamos vivendo uma época obscura. Os mortos estão retornando do além, comendo os vivos e toda essa baboseira de apocalipse zumbi que estamos cansados de assistir nos filmes americanos. E não é que era tudo real? Enfim, nossa cidade está intocada, imaculada e para mantê-la assim pedimos aos nossos ''visitantes'' – O homem fez aspas com as mãos para não dizer intrusos. – que paguem, de boa fé, um pedágio. Não exigimos muito, não, só queremos a metade do que vocês têm. É simples, paguem e passem.
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Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos Mortos
HorrorAquela era para ser mais uma manhã pacata na vida de Melina Reis. Ela se preparava para uma entrevista de trabalho quando percebera que estava vivendo um Apocalipse Zumbi. As pessoas que ela costumava conhecer começaram a agir de forma irracional. S...