"Lalisa"
Meu ar saia pesadamente enquanto eu caminhava até o meu escritório, meus punhos cerrados porém a sobrancelha arqueada, ela era difícil, eu gostava de garotas difíceis. Me sentei na cadeira novamente e naveguei pelo o meu pendrive com todas as suas fotos, pensando o que eu iria fazer em relação a ela.
Ok, se ela queria da forma mais difícil, assim seria.
- Richard - chamei, e em poucos segundos ele estava em minha frente - Reserve uma mesa para dois no restaurante japonês, e prepare o meu motorista, de a ele o mesmo endereço que dei para aquele envelope, tenho coisas para resolver agora.
- Sim, senhorita Manoban.
Tomei um banho rápido, coloquei a minha melhor roupa e o meu perfume mais caro, escolhi entre os mil relógios de ouro e prata que tinha e peguei um novo talão de cheque, descendo até a garagem e entrando no carro em seguida. Meu motorista apenas seguiu até o local indicado, e quando chegamos, desci e subi até o andar aonde Jennie estava hospedada.
- Pois não? - uma mulher alta atendeu, olhos verdes cabelos loiros e cacheados, a encarei dos pés a cabeça.
- Estou atrás da Jennie.
- E você seria?
- Não te interessa quem eu sou.
- Jennie, tem alguém a sua procura. Que mulherzinha mais sem educação - murmurou entrando para dentro do quarto novamente, minha boca se curvou para um sorriso de canto quando ela apareceu, revirando os olhos ao me ver.
- O que quer? E como sabe que estou hospedada aqui, Manoban?
- Eu sei de muitas coisas, gracinha. Quero te levar para jantar - ela uniu as sobrancelhas em dúvida, mas não se moveu - Sei que roubar o seu cartão de memória foi erro da minha parte, estou me redimindo por isso.
- Eu já jantei, obrigada.
- Não jantou não, perguntei na recepção se você recebeu algum serviço de quarto e eles negaram, te dou trinta minutos para se arrumar, não gosto de esperar.
Dito isso girei sobre meus pés e segui até o elevador, a aguardando no hall de entrada, calculei exatamente o que iria fazer, mas ainda não tinha certeza, pela primeira vez alguém havia me deixado sem escolhas sobre, pela primeira vez alguém estava se fazendo de difícil para cima de mim, resistindo a mim, aquilo era novo e desafiador, eu gostava de um desafio. Mas de longe era paciente para isso, e Jennie começava a testar a minha paciência. Eu teria aquele quadro e ela em minhas mãos naquela noite, aquilo era a minha única certeza.
Ela apareceu com cara de poucos amigos, olhei as suas pernas já que a saia não cobria muito, subi o olhar até o seu rosto, a irritação era nítida, e vê-la irritada era uma das minhas coisas favoritas. Andei em sua frente, a guiando até o meu carro, ela não me deixou abrir a porta, fez isso por ela mesmo. Pequena Jennie era independente.
Fechei a janela que dava acesso ao lugar da frente e me virei para encará-la, emburrada, furiosa, enquanto mexia em seu celular, por algum motivo eu ri baixo, ela estava sendo bem interessante agora.
- Por que está rindo?
- Agora é proibido rir?
- Você me fez sair nesse frio, Manoban, eu não estou vendo nada engraçado.
- Não te obriguei, saiu porque quis, gracinha - respondi suavemente - Não foi bem assim que você falou sobre eu ter depositado trezentos e cinquenta mil dólares a mais?
- Levou pro coração foi?
- Não, até que não - ela riu guardando o seu celular - Eu quero o meu quadro, Jennie.
- Ninguém mandou roubar o meu cartão de memória.
- Gosta de jogar mas não é honesta no jogo, lamentável..
- Em nenhum momento o meu jogo pede por honestidade, Manoban, parece que jogamos de formas diferentes, não é?
- Ainda assim, eu saio por cima.
Aquela frase ficou no ar, ela não rebateu, e eu não continuei, sabendo que havia deixado-a sem palavra perante aquilo. Chegamos no restaurante e seguimos até a mesa reservada, ela se sentou e no mesmo segundo, vi um garçom mirim olhar para Jennie, e ela olhou de volta, dando um pequeno sorriso e recebendo o mesmo do jovem, aquilo sim me irritou.
- Ficou séria de repente - ela comentou assim que viu o meu olhar naquele homem, sua entonação soou divertida - O que foi? Ele é um gatinho não é? Acho que.. quero ficar com ele.. - senti o meu sangue ferver entre minhas veias e engoli a minha raiva junto ao vinho branco.
- Você não vai ficar com ele.
- Não? Quem você acha que é para dizer o que eu vou ou não deixar de fazer, Manoban? Pelo amor de Deus, se enxerga, mulher.
- Não veio aqui para ficar com alguém, você está acompanhada - murmurei, então ela olhou para trás, para os lados, e atrás de mim, me deixando confusa - O que procura?
- O meu acompanhante - mordi a parede da minha bochecha quando ela sorriu, ok, aquilo já estava passando dos meus limites - Aliás, obrigada pela barca, além de comer sem pagar, vou conseguir o número daquele gatinho ali.
Jennie olhou para ele novamente, o jogo de olhares entre os dois me irritava mais do que o normal, então, peguei a minha taça de vinho tinto e como quem não quisesse nada, derrubei em seu cropped branco, deixando a mancha bem aparente, Jennie abaixou os olhos para a mancha e depois para mim, abrindo a boa em puro choque e fechando os punhos de pura raiva.
- Hum.. acho que derrubei, foi sem querer, me desculpe.
- Des do dia que eu te conheci, Manoban, você está pedindo para ser morta, e olha que falta pouco para uma faca parar em seu pescoço.
- Acho que terá que ir ao banheiro para limpar - inclinei a cabeça para o lado e sorri quando ela se levantou e caminhou até lá. Meu sorriso sumiu e assim eu chamei aquele garçom.
- Pois não, senhorita? No que eu posso ajudar?
- Você pode chamar o gerente por favor - pedi educadamente e ele logo saiu e voltou com um homem bem mais velho.
- Boa noite, mandou me chamar, senhorita?
- Sim, só queria falar que o seu empregado está dando em cima da minha mulher, na minha frente.
- O que?! Não! Eu não estou fazendo isso! Ela que me olhou primeiro!
- Está insinuando que estou mentindo? Eu vi você olhando para a minha esposa! Sinceramente, esse restaurante é um dos piores que já vim, e faço questão de não recomenda-lo para ninguém-
- Calma, calma, senhorita, também não precisa disso - o gerente sorriu sem jeito - Me desculpe por qualquer mau entendido, prometo que isso não irá acontecer nunca mais, a comida é por conta do restaurante, e você, moleque, pegue suas coisas e vá embora. Você está demitido.
- Obrigada - sorri para ele, e terminei o meu vinho enquanto encarava o jovem receber um sermão e tentar se desculpar ou se justificar sobre, aquilo não me importava mais.
Me levantei e caminhei até o banheiro, me encostei na parede e vi Jennie completamente concentrada enquanto esfregava o seu cropped.
- Não irá-
- Cala a porra da sua boca, você só sabe fazer e falar merda! É impressionante!
- Eu sei, eu sou impressionante.
- Ok, já chega disso, não aguento mais você perto de mim. Vamos até o museu e eu te dou o meu quadro, depois disso quero você fora da minha visão, entendeu?
- Claro.. claro, gracinha.
Ela bateu a porta assim que saiu em direção a nossa mesa, porém o seu quadro era o que menos me interessava agora.
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The Colors (Jenlisa)
FanfictionAonde Jennie encontra as cores que precisa em Lalisa, e Lalisa encontra o amor que precisa em Jennie.