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"Jennie"

- Obrigada.

Bati a porta do carro com toda a minha força, não ligando se o motorista me xingaria depois. Toquei a campainha e aguardei, o portão grande e assustador foi aberto automaticamente e assim eu entrei, eu conhecia aquele homem que me aguardava na porta principal, ele estava no evento, mas eu não queria formalidades naquele momento, eu queria o meu cartão de memória e a minha mão na cara daquela mulher.

- Cadê a sua patroa? - perguntei enquanto entrava furiosamente dentro da enorme casa, sem me importa com absolutamente nada - Cadê a porra daquela mulher?

- Senhorita, queira se acalmar.

- Ah, meu lindo senhor, eu estou calma. Você ainda não me viu brava, cade aquele poste humano?

- Terceira porta a direita, senhorita, ela está te esperando.

- É bom mesmo que esteja esperando, esperando a minha mão na cara dela - subi as escadas com uma força desnecessária, temendo por segundos quebrar o meu salto com tanta raiva que eu pisava em seu chão emadeirado. Abri a porta de uma vez, ela estava sentada, plena e bela tomando uísque enquanto me encarava por cima da tela do seu computador - Cadê o meu cartão de memória?

- Ah você realmente veio, gracinha.

- Eu juro com todas as minhas forças que estou tentando ser educada com você, mas estou a cinco passos de te dar um tapa - ela sorriu, descansou o copo na mesa e se levantou após girar a sua cadeira.

Ela passou por mim, seu perfume veio como o vento, refrescante e gelado, fechou a porta e depois voltou até a sua mesa, se encostando nela enquanto me avaliava dos pés a cabeça, cruzei os braços e fiz a mesma coisa, ambos os olhos com sentimentos diferentes, os meus eram de pura raiva, já os dela, não sabia definir ainda sobre o que era.

- Vestido da Chanel, colar da Chanel, brincos da Chanel, salto da Chanel, mas nada do meu quadro não é? Acho que alguém vai voltar para casa sem o cartão de memória.

- E acho que alguém aqui vai ficar sem os cabelos se não me devolver o que é meu - rosnei me aproximando ainda mais dela, ela não se moveu, não moveu o seu olhar e nem um fio de seu corpo, continuou na mesma naturalidade, e aquilo me irritava - Te dou cinco segundos para devolver o meu cartão de memória, ou a minha linda mão irá acertar o seu lindo rosto, querida.

- Que comece a contagem - ironizou.

- Um - ameacei - Dois.

- Você tem algo com o número cinco não é? O que é? Seu número da sorte?

- Três.

- Já sei, a quantidade de pessoas que você já dormiu.

- Quatro.

- Adoro quando se aproxima do cinco.

- Cinco.

- É isso aqui que você quer? - perguntou colocando o pequeno objeto em frente aos meus olhos quando a minha mão estava prestes a acerta-la, tentei pegar mas ela tirou do meu campo de visão, esticando o seu braço para o lado - Você não trouxe o meu quadro, gracinha.

- Pra que quer o meu quadro sendo que tem uma cópia dele - falei sem olhar para tela e sim para ela - Já não precisa do meu quadro.

- Esse não era o acordo, Jennie - hum, parecia que eu estava  a deixando irritada.

- Você não precisa do meu quadro, já tem um igual, acho que o acordo está desfeito - ela trancou o maxilar, e me encarou ainda mais profundamente, se é que era possível.

- Eu te paguei a mais por ele.

- Porque quis, não te obriguei a isso, querida - sorri - E além do mais, pode pegar seu dinheiro de volta se quiser, não preciso dele.

Então com uma velocidade agarrei meu cartão de memória, pisquei para ela e sai do seu escritório, caminhei vitoriosa pelo o corredor, quase soltando um grito quando duas mãos fortes agarram a minha cintura e me prenderam contra a parede, ela prensou meu corpo contra a dura e gelada parede e em seu corpo, eles grudaram de uma forma insanamente impossível, apertei meu cartão de memória entre minha mão, ela não ganharia de novo.

- O que é isso? - perguntei, agora quem estava calma era eu, e toda a raiva que eu sentia no começo foi passada para ela - Parece que a pobre criança não sabe perder não é mesmo? O que? Não gostou de ouvir um "não"? - ri quando seu rosto ficou levemente vermelho e as sua mãos me prenderam ainda mais contra a parede, Manoban se aproximou ainda mais - O neném vai chorar é?

- Vou ser clara, o que eu quero eu tenho, não gosto com quem joga comigo.

- Ah, então significa que ninguém nunca jogou a sua altura? Parece que sou a primeira e provavelmente a única.

- Não brinque com o fogo, Jennie.

- Você começou, Manoban, agora aguente. Achou mesmo que eu era apenas uma mulher boba? Eu sou melhor que você, não duvide disso.

- Não há ninguém melhor que eu, gracinha - ela sorriu, fazendo o meu sorriso sumir - Eu sei que você não aguenta por muito tempo. Conheço o seu tipo, e você cede quando menos percebe.

- Não cedi em vinte e cinco anos, não será agora que irei fazer isso, ainda mais com uma mulher que nem o nome eu sei. Então acho melhor você me soltar antes que a minha mente chegue mais rápido ao cinco do que você possa calcular. Posso ser pequena mas a minha mão é bem pesada.

- Gosto de tapas, eles me excitam, você é um tipo de mulher que me excita - arquei uma sobrancelha.

- Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre você.

- Está falando que eu não te deixo excitada quando estou perto de você?

- Acertou, é boa de raciocínio quando a questão é sexo ou perder não é?

- Em qual momento eu perdi, Jennie? Pode me recordar, acho que não lembro, sabe o porquê de eu não lembrar? Porque nunca aconteceu. Eu nunca perdi, e eu não vou perder pra você.

- Está perdendo agora enquanto tenta me provar que é melhor e que nunca perdeu, vejo que tem uma insegurança sobre você, que tal um psicólogo? - perguntei docemente enquanto acariciava o seu rosto, mas logo dei uma risada - As suas piadas são as melhores, "eu sou melhor que você" - me aproximei do seu ouvido lentamente - Tadinha de você mano.

A empurrei para o lado e voltei a seguir pelo o corredor até descer e me encontrar no lado da fora. Não antes de erguer o meu cartão de memória e sorrir, como a boa ganhadora que sou.

The Colors (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora