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Me troquei assim que estacionei na garagem de casa, agora sim viria a parte mais complicada de todo aquele plano. Deixar as duas criaturinhas que haviam se tornado as duas pessoas na qual eu apenas queria ver o bem estar e o sorriso constante em seus lábios.

Entrei vendo Chloe amarrar o cadarço de Olivia, que batia os pés no sofá com a sua mochila em suas costas e um bico fofo em seus lábios. Hilary estava de pé, segurando um livro e o abraçando contra o seu peito. As duas estavam com olhares tristes, e eu também, estava tinha certeza daquilo.

Se eu soubesse que passaria tão rápido, teria aproveitado mais a companhia das duas.

- Vocês estão prontas?

- Tia Lili! - Olivia correu até mim, como fazia todas as noites quando eu chegava, abraçando minhas pernas, subindo em meus pés e erguendo os braços para ser pega e mimada, e era aquilo que eu fazia. A peguei em meus braços a jogando pra cima, ela sempre dava uma alta gargalhada quando eu fazia aquilo, logo iniciava uma sessão de cócegas em sua barriga em seguida de vários beijos em seu rosto, eu não teria mais aquilo.

Hilary também correu até mim, abraçando a minha cintura, acariciei os seus fios e beijei o topo da sua cabeça, bagunçando os seus fios depois, ganhando um forte beliscão vindo dela.

- Você sabia que antes de Brasília se tornar a capital do Brasil, era o Rio de Janeiro? O Rio de Janeiro já foi a capital do Brasil, você sabia?

- Não, eu não sabia.

- Agora você sabe, eu gosto muito desse livro, ele ensina muito.

- Se despeçam de Chloe - pedi colocando Olivia no chão, minha irmã deu um sorriso caloroso para as duas e se abaixou para abraçá-las ao mesmo tempo.

- Gostei muito de vocês, pode deixar que eu vou encher o saco da Lili para nos vermos de novo, está bem?

- Você promete, Chloe?

- Eu prometo.

Eu vi o olhar especial que Hilary e Chloe trocaram, como se conversassem pelo os olhos, Hilary corou quando minha irmã lhe deu um abraço mais apertado, pude vê-las sussurrando algo uma para outra, e sorrirem em seguida. Ok, o que eu havia perdido ali?

Fechei o cinto nas duas e segui até a casa, o caminho todo engoli as lágrimas, a vontade de deixá-las comigo, mesmo sabendo que era errado, pois além de ter sequestrado as duas, havia mentido para ambas, Olivia não entenderia de qualquer forma, mas Hilary sim, e assim que ela assistisse o jornal entenderia que eu não passava de uma mentirosa, que eu nunca fui uma delegada, e que a minha intenção nunca foi protegê-las, pelo menos não no começo.

Ela veria aquilo, e qualquer tipo de afeto que ela tinha por mim, morreria naquele segundo, e ela faria sua irmã fazer isso também. Ou até mesmo depois de tudo, Eleonora poderia se mudar, e eu nunca saberia que fim as duas meninas levariam.

No fim, tudo voltaria ao normal. O normal que eu já estava detestando.

Estacionei três quadras antes, peguei meu distintivo falso, alegando que era uma policial caso algum vizinho me parasse. Segurei a mão de Hilary e a de Olivia, caminhando até a casa, que estava escura até então, senti Hilary apertar a minha mão assim que subimos os degraus que davam acesso a porta, bati na porta e aguardei alguns minutos, com Olivia agarrada a minha perna e Hilary a minha cintura. Uma mulher abriu, ela fumava, sentia o cheiro da maconha dentro da casa, ela olhou para as duas e sorriu largamente, logo começando a chorar.

- Hilary! Olivia! - Eleonora puxou as duas e as abraçaram, percebi que nenhuma das meninas se moveu sobre o seu abraço, ou mostrou felicidade em estar de volta com a mãe - Eu procurei tanto vocês! Dia e noite! Meu Deus! Vocês estão bem? Cadê o pai de vocês?!

The Colors (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora