𝐅𝐈𝐕𝐄

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"ɪ ᴍɪss ʏᴏᴜ ᴛᴏᴏ."
🦋
𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐅𝐢𝐯𝐞

| August 18
| 09:21PM

    Inspirei profundamente inalando o cheiro fresco e natural das plantas molhadas. Havia parado de chover a pouco tempo.

Depois de eu e Michael comermos cinco lanches inteiros e três achocolatados que dividimos, ele adormeceu enquanto assistíamos a Grease que passava em algum canal aleatório. Dei graças a deus. Michael já não dormia bem a um bom tempo e eu me sentia aliviado quando fazia, sabia que eram os únicos momentos em que ele de fato não pensava em Luke. Então logo em que percebi que Michael quase roncava e que provavelmente não acordaria muito em breve, deixei sua casa devagar tentando fazer o mínimo de barulho possível. Precisava dar uma volta e esfriar a cabeça.

Senti uma gota gélida de água pingar no meu rosto e usei uma das mãos, que anteriormente se pousava no bolso de minha calça jeans, para secar meu nariz onde a água da chuva havia respingado.

Inspirei novamente tentando me concentrar apenas no cheiro prazeroso das plantas molhadas adentrarem aos meus pulmões. No mundo todo, só havia um único odor melhor do que aquele as minhas narinas, e esse eu já não sentia a um tempo.

Suspirei.

Aquilo me era certo e triste ao mesmo tempo.

Sinceramente, talvez não tão certo quando imaginava.

Ou talvez fosse.

Eu não tinha ideia.

Tudo oque passava pela minha cabeça naquele momento era confuso e dificilmente certo de se entender. A cada segundo algo novo vinha em minha mente e me deixava um pouco mais pirado. Sendo sincero essa ideia que tive de sair no silêncio e tentar esfriar a cabeça não foi algo muito apropriado, sinto que a qualquer segundo possa ter algum tipo de ataque.

Eu não tinha ideia de onde estava indo, e só percebi o quão longe eu já me localizava quando me vi em frente as quadras de tênis que ficam do outro lado da cidade.

Agradeci mentalmente pelas luzes de uma das quadras que quase me cegaram e me fizeram perceber onde eu estava. Se não fossem elas, eu continuaria andando por aquela rua e sabia exatamente até onde eu iria, mesmo que de forma inconsciente.

Desci o gramado e me sentei na arquibancada. Já eram dez horas da noite mas como era verão, ainda haviam algumas pessoas jogando nas quadras. Não perceberam minha presença ou talvez apenas tenham me ignorado já que não me conheciam. Eu agradeci a quem precisasse por isso e permaneci assistindo o jogo.

Passei algum tempo apenas ouvindo o som da pequena bolinha esverdeada bater repetitivas vezes nas raquetes de um lado e de outro da quadra, além de xingamentos e risadas dos que jogavam quanto senti aproximação de algo sólido vindo de trás de mim e passos lentos se arrastarem na grama que ficavam cada vez mais altos, até que pararam um pouco antes de chegarem a arquibancada. Por motivo algum, senti um arrepio percorrer meu corpo, sem que sequer soubesse oque se estabilizava poucos metros de mim.

— Oque está fazendo aqui a essa hora da noite? — Ouvi a voz vir do degrau de cima da arquibancada e estremeci, de certa forma entendendo o motivo do meu arrepio a alguns segundos mesmo tendo sido inconsciente.

Sem dar qualquer resposta, me virei apenas até que conseguisse olhá-lo. Ele vestia um conjunto de moletons, calça cinza e o casaco preto. Seus pés carregavam um vans também preto e suas mãos eram escondidas pelo bolso do casaco. Rapidamente voltei a olhar o jogo e continuei em silêncio.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora