𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓

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"'ᴘʀᴏᴍɪs ʏᴏᴜ ғᴏʀᴇᴠᴇʀ' ᴅɪᴅɴ' xɪs"
🌖
𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐄𝐢𝐠𝐡𝐭

| August 29
| 02:21PM

Eu não sabia se estava me sentindo melhor ou pior do que nas últimas semanas.

Surpreendentemente, Michael havia parado de chorar regularmente. Na verdade, não o vi chorar a semana toda.

De inicio eu havia ficado feliz. Achei que pudesse estar melhorando e passando essa fase para trás. Mas agora eu estou preocupado, sinto que pode significar algo pior.

Imagino que Michael tenha simplesmente cansado de chorar. Percebido que de fato não adiantaria ou mudaria em absolutamente nada. Isso não quer dizer que os sentimentos terríveis em que anda sentindo tenham passado. Não, muito pelo contrario, podem até mesmo terem piorado, mas agora em vez de alivia-los os tirando um pouco do corpo junto com as lágrimas talvez estejam todos explodindo dentro de si e o deixando ainda pior.

E isso me preocupava pelo menos umas dez vezes mais.

Quando chorava eu tinha o conhecimento de em quais momentos ele ficava pior e o grau de quão mal ele se sentia. Além de normalmente, imagino que de modo automático, ele acabava tentando dizer a mim oque estava sentindo mesmo que não quisesse de modo algum que eu me preocupasse.

Agora era simplesmente impossível de dizer em que momento ele se sentia melhor ou pior, ou sequer no que estava pensando ou sentindo. Ele parecia de alguma forma sofrer em pleno silêncio, e isso acabava comigo.

Olhei meu relógio de pulso e o mesmo marcava duas e meia da tarde. A cortina da janela de Michael ainda permanecia fechada. Se ainda estivesse dormindo era porque provavelmente havia passado a noite em claro.

Subi a escadinha de madeira, que havíamos colocado ali para termos acesso ao telhado, e entrei pela primeira janela que estava aberta com exceção da cortina.

— Michael? — o chamei antes de quase cair por tropeçar em algo que estava bem a baixo a janela. — Tá acordado? — perguntei tirando meus sapatos e subindo na cama. — Está vivo pelo menos? — Me deitei no travesseiro ao seu lado apalpando a cama até que achasse seu rosto. Uma pouca luminosidade vinha da fresta que a cortina não cobria, mas mesmo assim oque eu enxergava era quase nada.

— To — respondeu em um resmungo. — E para de tocar no meu rosto Calum. — Michael afastou minhas mãos que ainda apalpavam seu rosto.

— Desculpa — disse rindo. —  São duas e meia da tarde, você precisa levantar e almoçar.

— Porque? — ele perguntou arrastado logo após soltar um resmungo.

— Por que nós temos que sair para jogar! — Algo que me deixava estritamente feliz era que Michael havia voltado a jogar regularmente. Nós íamos até as quadras todos os dias e treinávamos até escurecer. Jogar sempre o ajudou a se animar e se sentir bem, e agora, mesmo que isso o lembrasse de certas coisas, eu achava que era algo que ele precisava fazer para que não se afundasse ainda mais. — Ainda estão concertando a iluminação da quadra e não podemos jogar a noite, além de que, você sabe que não é bom jogar sem antes fazer pelo menos uma hora de digestão. — Esperei quieto por uma resposta mas não recebi uma sequer. Eu quem resmungou dessa vez enquanto cutucava seu ombro varias vezes. — Michael! — o chamei alto e arrastado.

— Cara como você é chato! — disse após soltar um grunhido alto e se impulsionar para levantar da cama. — Vou fechar a janela e trancar a porta amanhã — ele anunciou antes de entrar e bater a porta do banheiro.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora