𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄

𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐅𝐎𝐔𝐑

"ɪ ɴᴇᴇᴅ ᴛᴏ ᴘʀᴏᴛᴇᴄᴛ ʏᴏᴜ, ɴᴏ ᴍᴀᴛᴛᴇʀ ᴡʜᴀᴛ ʏᴏᴜ sᴀʏ"
𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐅𝐨𝐮𝐫

| June 25
| 02:46PM

[ twenty one minutes before ]

— Eu nunca vou enjoar de sorvete de morango, vai ser para sempre meu favorito. — Michael diz logo que termina seu pote de sorvete. Havíamos passado em uma sorveteria antes de virmos para casa e desde então, Michael estava pulando e cantarolando feito uma criança. Ele ama sorvete.

Fecho a porta de casa após passar por ela e apoio meu moletom no pendurador que fica ali ao lado. Tentei manter um sorriso no rosto o dia todo mas mesmo com toda a animação que Michael exalava, eu não conseguia me sentir feliz.

— Quer assistir Esquadrão suicida? Faz tempo que a gente não assiste. — Ele me pergunta após voltar da cozinha lambendo os dedos sujos de sorvete, provavelmente havia ido jogar o pote no lixo. Eu não o respondo, estou com a cabeça cheia e acabo nem percebendo. — Luke?

— Fala — digo saindo do transe de pensamentos e dando a ele a devida atenção. — A... quero, claro.

Michael se joga no sofá da sala e pega o controle ligando a TV. Tiro meus sapatos e me deito ao seu lado enquanto espero ele colocar o filme.

Depois de apertar o play, Michael me puxa para me deitar em seu peito, e eu o faço. Ele abraça a minha cintura e então ficamos ali assim enquanto assistimos ao filme.

Ouço seu coração bater contra sua caixa torácica e sinto falta da sensação de conforto que normalmente isso me traz. Nada me fazia realmente bem nos últimos dois dias, eu sabia que o momento em que teria de contar para Michael estava chegando e minha cabeça não queria me deixar em paz.

Passamos pouco mais de quinze minutos assistindo ao filme — bom, Michael passou, porque eu nem sequer conseguia prestar atenção — quando ele pega o controle e o pausa.

— Oque foi?

— Oque?

— Não está prestando atenção no filme desde que começou. E você está estranho o dia inteiro — ele diz acariciando meus fios de cabelo. — Está na cara que quer me dizer algo.

É, eu imaginei que já deveria estar bem visível. Desde anteontem eu só consigo pensar em uma coisa. Havia decidido que o diria hoje, e isso estava me atormentando.

— Luke?

Queria que fosse apenas a noite para podermos aproveitar o dia, mas como minha cabeça já estava me bombando a um tempão e Michael já havia tocado no assunto, decidi que era a hora.

— É, eu quero — digo baixo.

Minha expressão chateada e angustiada o deixou em alerta. Eu me sento e cruzo minhas pernas ficando de frente para ele, Michael faz o mesmo.

— Na verdade eu preciso.

— Oque aconteceu? — ele pergunta preocupado. Eu não queria ter que chegar nessa parte, mas alguma hora eu teria de fazer algo, e isso me matava por dentro. Michael percebe minha angústia e segura a minha mão, o toque delicado me faz sorrir tristemente.

Eu respiro fundo, nervoso. Ele estava perto de mais, não sabia se conseguiria dizer oque queria com Michael me olhando daquela forma. Eu teria de ficar calmo.

Como alguém pode ficar calmo sabendo que está prestes a quebrar o coração da pessoa que mais ama no mundo? É algo pesado de mais para minha consciência ficar calma.