𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐍𝐈𝐍𝐄

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"ᴡᴇ ɴᴇᴇᴅ ᴛᴀʟᴋ"
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𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐍𝐢𝐧𝐞

| October 27
| 01:58PM

Dores.

Eu não aguentava mais sentir dores.

Dores insuportáveis.

Dores que eu nunca havia sentido antes e não desejaria nem ao meu pior inimigo.

Elas haviam começado ontem na madrugada, não muito depois de Ashton e Calum entrarem para me ver logo que Michael foi embora. E desde então, eu já havia pensado em eu mesmo desligar todos aquele aparelhos — que pelo oque entendi eram os que estavam me mantendo acordado e vivo — umas trinta vezes no mínimo.

Mesmo com os remédios, a morfina e os analgésicos sendo injetados na minha veia, as dores ainda eram totalmente insuportáveis.

A cada vez que elas paravam, eu agradecia a Deus, a Jesus, aos anjos, e a quem me viesse na cabeça pedindo que elas não voltassem, mas elas sempre voltavam.

No começo, eram apenas de vinte em vinte minutos ou de meia e meia hora. Porém quanto mais tempo se passava, menor o período de descanso que eu tinha sem senti-las me mutilando como se quisessem me matar de forma lenta e dolorosa. Me disseram anteriormente que elas ficariam tão fortes que poderiam acabar realmente me matando. Bom, agora eu acreditava nessas palavras com toda a convicção.

Mas, por incrível que pareça, eu já não as sentia a quase uma hora. Era psicologicamente desesperador ficar esperando e esperando, nunca sabendo a que momento elas poderiam voltar e tendo ciência de que tinham chances de voltarem ainda mais fortes.

Ou seja, as últimas vinte e seis horas haviam sido as mais torturantes de toda a minha vida.

Vejo que já são quase duas da tarde e eu estou simplesmente exausto. Minha última refeição haviam sido pacotes de salgadinhos e já tinham se passado quase trinta horas. Mas eu não tinha forças o suficiente para comer algo, principalmente porque isso sempre me trazia uma sensação de que as dores voltariam, então apenas pensar em comer algo já me proporcionava fortes náuseas.

Como eu já tinha passado bastante tempo sem sentir as malditas dores, eu me deitei com cuidado na cama e suspirei aliviado quando percebi que isso não as traria de volta, então finalmente pude fechar meus olhos que estavam extremamente pesados e em poucos minutos, eu havia caído no sono.

Vou ser sincero, se quando eu acordasse tudo aquilo voltasse novamente, eu preferiria que meu corpo parasse ali de uma vez por todas e de que eu nem sequer precisasse mais acordar para conferir se voltariam mesmo ou não.

Mas infelizmente, talvez felizmente, isso não aconteceu.

Algumas horas depois eu acordei, sentindo dores agora musculares, de tanto contrair quase todas as partes do meu corpo que a todo custo tentava evitar sofrimento.

Meus olhos se abriram de vagar, e vi minha mãe sentada na cadeira ao lado da cama. Ela parecia triste, e eu me sentia mal por saber que toda aquela tortura a machucava também. Me lembro de quando éramos crianças, eu, Ben e Jack, se caíssemos, talvez ralássemos os joelhos, ela passava os próximos dias todinhos cuidando de nós e evitando a todo custo que sentíssemos dores. Me lembro também de quando Jack quebrou a perna quanto tinha dezesseis anos, ela ficou toda aflita, angustiada e devastada por saber que seu filho sentia dores. Ou seja, eu tinha noção que ela odiava que as sentíssemos e tentava nos proteger a todo o custo.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora