𝐓𝐖𝐎

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"ᴇᴠᴇʀʏᴛʜɪɴɢ ʀᴇᴍɪɴᴅs ᴍᴇ ʜɪᴍ"
🌙
𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐰𝐨

| August 11
| 07:38PM

    Minha vida toda eu pensei que todos os acontecimentos tinham uma causa, um porque, mesmo não sendo algo aparente. E essa foi a causa de muitos dos meus pensamentos ansiosos, já que eu simplesmente não conseguia encontrar um porque na situação em que me encontrava nos últimos quase dois meses.

No que aquilo resultava?

Como alguém que tem ansiedade, fiquei noites em claro roendo a pele em volta das minhas unhas enquanto pensava em todos os motivos do porque aquilo estar acontecendo. Oque em todos os meus dezessete anos eu poderia ter feito de tão mal a alguém, ou algo? Já que também acreditava muito na lei do retorno. Oque eu poderia ter sido em vidas passadas, um bandido? Um assassino? Um estuprador? Não sabia de fato, mas acabei ignorando essa hipótese já que imaginava que se tivesse sido algo ruim em alguma vida passada, provavelmente não teria tido a vida incrível que tive até agora, pelo menos era oque eu achava.

Mas enfim, o fato era que eu não conseguia encontrar um porque. E isso estava me matando.

Porque me fizeram isso?

Porque me tiraram o mundo? O meu mundo.

Porque me tiraram Luke Hemmings?

Eu entendo o porque de Luke se afastar de mim. Eu apenas não entendia o porque do universo o fazer se afastar de mim. Era tão injusto, oque eu tinha feito de tão errado para tirarem meu mundo de mim?

Como eu já estava acostumado, fecho meus olhos e a água que se acumulava ali escorre pelas minha bochechas. Lágrimas e lágrimas que me doíam, como se cada uma delas deslizasse rasgando minha pele.

Deixei minha cabeça cair até que encosta-se na parede atrás de minha cama, e solucei algumas vezes deixando que as lágrimas caíssem o quanto quisessem. Também, não era como se eu pudesse controlá-las. Acho que se realmente fosse possível não teria chorado incontáveis vezes por dia nos últimos dois meses, era cansativo.

— Olha, sua mãe disse que a mortadela acabou então eu fiz com presunto, tudo be...? Ah Mike, eu só te deixei sozinho por dez minutos — Calum entrou no quarto com dificuldade pelos pratos e os copos que segurava, equilibrando para que nada caísse no chão e fizesse sujeira.

Logo que viu meu estado tratou de deixar tudo rapidamente no primeiro local sólido que encontrou pulando na cama em minha direção e se sentando ao meu lado.

— Ei, no que estava pensando dessa vez? — perguntou baixo enquanto seu polegar acariciava minha bochecha secando as lágrimas que haviam rolado por ali.

— Hã, mesma coisa de sempre. — Dei de ombros e funguei, voltando a olhar meu colo apenas para desviar de seu olhar triste. Calum já havia me visto chorar milhões e milhões de vezes, e não importava quanto tempo passasse ele sempre me olhava assim, como se quisesse me abraçar e me proteger do mundo.

Ele estava pronto para rebater algo, mas foi parcialmente interrompido quando eu ofeguei desculpas bem baixinho, fazendo sua feição cair e seu cenho franzir. Então Calum passou a me olhar em confusão.

— Desculpa? Porque está se desculpando, Mike? — Ele inclinou a cabeça e juntou as sobrancelhas parecendo desconcertado com as minhas palavras.

— Por toda a choradeira, por todo o drama. Porra, eu não sei como você ainda me aguenta, sinceramente. Sei que deve se incomodar com o tanto que eu choro — soltei de uma vez e abaixei o olhar as minhas mãos enquanto brincava com os anéis nos meus dedos, ainda deixando algumas lágrimas que não conseguiam ser contidas cairem.

— O... o-o-oo-oque? Não, não! Não, Michael! Eu sei que não é só... drama, tá? E oque te faz pensar que eu me incomodo com isso?! — Ele parecia pasmo.

— A, não... não sei. O tanto que você tenta evitar que eu chore? Achei que te incomodava — disse baixo e desconfiado com medo da sua reação, ainda com meu o olhar desviado do seu.

— Ei, ei, olha para mim. — Calum segurou meu queixo e impulsionou levemente para cima para que eu o olhasse nos olhos. Sua mão foi direcionada a meu maxilar e seu polegar passou por uma de minhas bochechas secando as lágrimas que tinham rolado por ali. — Não me incomoda, de forma alguma. Eu tento evitar que você chore porque isso me machuca, saber que você está tão mal ao ponto de chorar tanto me dói.

Ele deixou o silêncio vagar por um tempo então e passou seus dedos pelo meu cabelo o afastado dos meus olhos.

— Mikey, você é meu melhor amigo, só estou tentando cuidar de você, tudo bem? — Demorei um pouco, mas assenti. — Vem cá. — Sua mão no meu ombro me puxou para que eu o abraçasse, e eu o fiz. Seus braços envolveram meu corpo e eu afundei meu rosto na curva do seu pescoço, sentindo um pouco do único conforto que consegui ter nesse último tempo. Seu abraço era única coisa que de fato me confortava.

Esses eram os momentos em que minha cabeça me obrigava a pensar no que seria de mim sem o Calum. E a conclusão era, não seria absolutamente nada.

Desde aquele dia, Calum passou a dormir, barra morar na minha casa. Sinceramente, sinto que ele tinha um grande medo de me deixar sozinho. Medo do que eu poderia fazer se me deixasse sozinho. Fazendo com que passasse a ficar comigo cem porcento do dia quando conseguia. As únicas vezes em que eu não o via eram nos almoços de domingo, horário em que seu pais decretavam uma refeição em família obrigatória. E nos dias que ele saía para fazer coisas em que eu já não tinha mais vontade de fazer, como esportes, por exemplo.

Ele me consolava a cada vez do dia em que eu chorava — e eu posso assegurar de que não eram poucas —, conversando comigo do modo mais calmante que conseguia, e era bom nisso, em me acalmar, e fazer parecer de que iria ficar tudo bem, mesmo que não fosse de fato.

E tenho certeza de que se não fosse por ele, eu estaria dez vezes pior do que já estou, isso se ainda estivesse aqui.

Nos afastamos lentamente e vi um pequeno sorrisinho se formar nos lábios de Calum quando percebeu que eu havia parado de chorar.

— Tá, agora vamos comer isso aqui antes que esfrie. — Ele se esticou e pegou os dois pratos que havia deixado na mesinha perto a minha cama, me entregando um, fazendo o mesmo com os copos de achocolatados quentinhos depois.

— Hm, sabe o quanto eu amo misto quente com achocolatado? — Abocanhei um pedaço do pão e gemi deixando o queijo quente e derretido descer pela minha garganta.

— Bom, considerando de que dês dos sete anos você decreta que poderia comer só isso o resto da vida, muito. — Ele riu enquanto apalpava o edredom bagunçado a procura do controle que havia sido engolido pelo mesmo. — Mas sabe como pode ficar melhor? — Calum pergunta quando finalmente acha o objeto, ligando a TV e rapidamente colocando na Netflix.

"Friends!" Dissemos juntos caindo na risada depois e nos ajeitando na cama.

Apoiei minha cabeça em seu ombro o usando de travesseiro. Calum então colocou nossa série favorita para rodar, fazendo que, por poucos segundos, eu apenas esquecesse todas as merdas que estavam acontecendo.

Ele definitivamente era o melhor amigo que alguém poderia ter.

Mas como aquela sensação boa nos últimos tempos conseguiam durar apenas poucos segundos, logo o pequeno sorriso em meus lábios sumiu quando aquilo me fez lembrar dele.

De como passávamos as noites abraçados enquanto fingimos assistir algo, quando na verdade ficávamos nos olhando disfarçadamente e sorrindo que nem idiotas apaixonados, sem nem ao menos prestarmos atenção no que se passava na TV.

De como era o sentir deitado por cima de mim enquanto eu abraçava sua cintura.

De como era bom o cheiro do seu cabelo, de como era macio.

E cada coisa boa me lembrava de outra que era ainda melhor.

Porque tudo me fazia lembrar dele.

Tudo fazia eu me lembrar de Luke.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora