𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍

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"ɪ ᴅᴏɴ'ᴛ ᴄᴀʀᴇ ɪғ ʏᴏᴜ'ʟʟ ʙʀᴇᴀᴋ ᴍʏ ʜᴇᴀʀᴛ ᴀɢᴀɪɴ ᴀɴᴅ ᴀɢᴀɪɴ, ɪ ᴡᴀɴᴛ ʏᴏᴜ"

𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐒𝐞𝐯𝐞𝐧

| October 25
| 11:21PM

Eu me sentia cansado, e um pouco fraco também. Depois de passar duas horas ansiando e tendo oque eu posso dizer serem vários ataques, meu corpo havia simplesmente se cansado. Precisaram me dizer mais de trinta vezes na última hora para que um fato finalmente entrasse na minha cabeça, não adiantaria eu me desesperar, isso não mudaria resultado algum.

No momento eu me encontrava do lado de fora do hospital, eu me sentia preso do lado de dentro, tudo parecia muito pequeno e sufocante, então eu achei melhor pegar um ar, e acabei descobrindo um lugar ótimo para observar a cidade. Meus antebraços se apoiavam no guarda-corpo de metal e eu jogava o peso do meu corpo em um dos quadris, enquanto uma das minhas pernas se balançava de um lado para o outro. A brisa fresca batia contra o meu rosto, e o silêncio ali fora me deixava mais calmo.

Eu sentia meu corpo pesar em fraqueza como se houvesse passado o dia correndo. Dois ataques de pânico da minha parte nas últimas três horas tiveram de ser evitados, e isso havia me cansado para caramba, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Estar ali parado e com a respiração controlada em meio ao silêncio, era aliviante.

Ouço paços lentos e delicados se aproximarem, e a pessoa se apoiou ao meu lado, perto o bastante quase fazendo com que nossos ombros se encostassem. Mas nada disse, apenas permaneceu me fazendo companhia por alguns minutos enquanto observávamos a vista.

O hospital, o qual não era lá muito grande, ficava em uma cidade mais a cima da nossa. E do lado de fora, onde estávamos agora, era possível enxergar ela quase por completo. O céu estava claro, mais claro do que o normal para serem dez da noite. E ali no alto era sem duvidas um lugar bonito de se admirar.

— Acha que ele vai ficar bem? — pergunto baixo mesmo que estivéssemos sozinho, e o olho pela primeira vez desde que havia se aproximado.

Ele me fitou por alguns instantes, analisando alguns dos meus cachos que voavam levemente com a brisa, e tornou sua visão a cidade a nossa frente. Ele suspirou.

— Queria poder dizer que sim com toda a certeza, mas você sabe que eu não posso — ele responde no mesmo tom, também parecendo cansado.

— Mas, oque você acha? Sem certezas, só suposições — repito a pergunta pedindo sua opinião pessoal.

— Eu acho que sim, como das últimas duas vezes. Luke é alguém forte, e tem muito oque viver ainda, não acho que o levariam dessa forma — diz voltando a olhar diretamente para mim. A luminosidade ali não era muita, mas era possível reparar em suas olheiras bem marcadas e em seus olhos vermelhos. Não me lembrava de ter visto Calum chorar, mas o estado de seus olhos entregavam isso totalmente.

— E se não ficar? — pergunto após longos minutos apenas em um silêncio mutuo. — Oque acontece depois?

Logo que Calum torna seu olhar a mim, percebo que suas sobrancelhas estão levemente franzidas.

— Sabe, eu... vejo ele todos os dias desde que me lembro. Eu tenho outros amigos, mas o Luke é... sabe, o Luke. — Ele assente como se dissesse que entende exatamente oque eu queria dizer. Provavelmente havia pensado em Michael. — Eu... não dá, eu não consigo ver minha vida sem ele. Eu tentei, mas é como um bloqueio, é como se não houvesse hipótese disso acontecer. Eu não consigo por na minha cabeça que talvez Luke não esteja vivo quando eu passar em alguma faculdade, ou até mesmo terminar o colégio. Que ele talvez não vá estar lá quando eu me casar, ou quando comprar uma casa própria. São tipos de experiencias que eu sempre nos imaginei passando juntos, e não me cai a ficha de que ele está internado, deitado naquela maldita cama de hospital entre a vida e a morte.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora