Damned Souls | Finn Shelby

1. the beginning

》ANNE ON

Enquanto caminhava sem rumo pelas ruas geladas de Small Heath observando todos ao meu redor procurando por alguém despreparado, quando vejo um garoto com cerca de minha idade, com cabelos ruivos e uma estrutura forte, porém pequeno, ele era alto, estava de terno e era atraente, o mesmo estava caminhando sozinho com um olhar cabisbaixo perto de mim, e em um rápido passo eu o puxo pelo braço para beco a minha esquerda e pego uma faca que tinha em meu bolso.

- Passa a carteira agora! - Falo enquanto encosto a faca em seu pescoço.

- Você sabe quem eu sou? - Ele diz, com um sorriso.

- Não, e honestamente eu não ligo. Carteira, agora. - Falo fazendo uma leve pressão no seu pescoço.

- Ok, ok...

O garoto coloca a mão no bolso do casaco e puxa uma arma, e com um sorriso malicioso aponta para minha cintura me fazendo arrepiar com o contato do cano gelado, rapidamente bato em seu punho fazendo a arma escorregar e seguro ela com minha outra mão, virando a mesma e apontando para o garoto.

- Boa tentativa, passa a carteira agora. - Digo sorrindo convencida.

- Isso é uma péssima ideia - Ele diz colocando a mão no bolso devagar e pegando sua carteira.

Ele me alcança devagar a mesma e eu vou andando até o final do beco com a arma apontada para o garoto e enquanto subo em uma lixeira e escalo a parede, quando estou prestes a correr pelo telhado das casas o garoto ruivo começa a falar.

- Pode levar a carteira, mas saiba que irei te achar, por ordem da porra dos Peaky Blinders!

Ao ouvir aquele nome sinto um frio na espinha, sabia que ter os Peaky Blinders atrás de mim não era uma boa ideia, mas sem pensar, eu disse:

- Veremos. - Digo, lançando um olhar desafiador para o garoto antes de me afastar e sair correndo pelos telhados dos prédios ao redor.

Quando estava longe o suficiente, parei de correr e respirei fundo, eu odiava ter que fazer aquilo, de verdade. Me sentei no parapeito de um prédio e abri a carteira cheia, em seguida guardei de novo em meu bolso. Ter os Peaky Blinders te procurando nunca é bom, eu apenas havia escutado rumores sobre a gangue. Então bolei um plano para me livrar deles.

Caminhei até o beco de antes e vi alguns membros da gangue por perto, os segui e eles caminharam até um pub. Após horas observando os jovens, o garoto ruivo apareceu, os rumores sobrevoaram a área quando o mesmo apareceu. Aparentemente ele é o irmão mais novo do chefe dos Peaky Blinders, isso só piorava as coisas, mas eu ia resolver aquilo, eu sempre resolvo, sou eu por eu sempre.

A noite não foi muito fria, então dormi no céu aberto em um telhado de uma casa qualquer, me recusava o máximo voltar para casa, apenas quando chovia ou o frio era extremo, eu preferia passar minhas noites dormindo na pedra dura e fria. Acordei com o sol em meu rosto, percebi ter acordado muito tarde, olhei em meu relógio de bolso e já eram quase 12 horas. Me apressei para terminar meu plano que constituía em basicamente escrever um bilhete; entregar o mesmo; e fazer um acordo;

Caminhei até o complexo de apartamentos em que o garoto morava e passei o bilhete por baixo da porta e rapidamente sai dali. O bilhete dizia:

"Me encontre no canal essa tarde.
- Você sabe quem."

Estava sentada na beira do canal, com os pés quase tocando o rio que passava por baixo de minhas pernas, quando ouvi passos atrás de mim, ao virar o garoto estava ali, de terno, encostado em uma parede não tão longe de mim me observando, me levantei e caminhei em sua direção.

- Pensei que você não viria. - Digo, me aproximando e virando um pouco o pescoço.

- O que você quer? - O garoto esbraveja.

- Um acordo, uma luta de boxe, o vencedor leva tudo. Eu contra o lutador de sua escolha - Digo enquanto lanço um olhar desafiador.

- Você acabará morta. - Ele diz sarcástico e sorrindo.

- Você não pode matar quem já está morto. Acredito que descobriremos quem é o melhor então.

O garoto blefa antes de concordar, então cuspo em minha mão e a estendo, ele fez o mesmo e a aperta.

- Ótimo! Aqui, hoje, 23 horas.

Digo e dou um sorriso o olhando de ponta a ponta e me afasto.

》FINN ON

Após a garota sair vou até á casa de apostas onde o Tommy e Arthur estão.

- Arthur! Tenho uma luta para você - Digo, anunciando minha presença em seu escritório.

- Quem? - Ele me olha curioso.

- Eu não sei o nome dela, mas...

- Dela? Eu não lutarei com uma mulher. - Ele diz, me interrompendo.

- Ela consegue te vencer, acredite.

- De onde você conhece ela? - Tommy diz e então percebo sua presença atrás de mim.

- É uma longa história. Sim ou não Arthur? - Digo, evitando a pergunta de Tommy.

O mais velho me encara e em seguida diz:

- Por que não? Não é como se eu tivesse nada melhor para fazer!

- É às 23 horas, no canal.

Arthur concorda com a cabeça e eu saio do recinto e Tommy também.

- Tommy! Essa garota... ela falou "não se pode matar o que já está morto" quando falei que ela poderia morrer, como assim?

O mesmo apenas sorriu de canto pensativo, colocou um cigarro entre seus lábios e disse:

- Um dia talvez você entenderá.