14. killer

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》ANNE ON

Ao acordar, ainda estava desnorteada, o clorofórmio e bebida não é uma combinação muito agradável. Olhei em meu redor, estava em um galpão escuro, com cordas envolvendo meu corpo que amarravam meus pulsos a cadeira, havia uma luz forte bem em cima de mim que apesar de clara não iluminava quase nada. 

— De novo não... — Murmurei tentando me soltar, quando de repente escuto passos em minha direção. — Que merda é essa?! Cade o Finn? — Grito irritada.

Um homem se aproximou, ele usava uma máscara de tecido preta que tapava seu todo seu rosto menos olhos e boca, ele estava de terno, pensei na hora que poderiam ser os italianos novamente.

— Vamos jogar um jogo. Uma arma, quatro pessoas. Apenas duas sairão vivas. — Ele diz com um forte sotaque inglês. Não é italiano, anoto em minha mente.

Eu o encaro confusa e as luzes se acendem no galpão, revelando, a alguns metros a frente três pessoas amarradas, eu estava perdida demais para reconhecer quem eram.

— Você não tem muitas opções... — O homem começa a andar em círculos em minha frente. — Apenas uma regra. Duas pessoas vão morrer hoje. Você escolhe quem. 

Ele diz e caminha até minhas costas me fazendo congelar, ele estava tão próximo que pude ouvir sua respiração contra minha pele, eu senti ele colocar algo na minha palma e ao perceber ser uma faca a agarrei com força.  O homem volta a minha frente e joga uma pistola em meus pés e começa a se afastar, e imediatamente eu começo a cortar a corda, poucos segundos depois eu consegui soltar uma mão e a outra logo em seguida. Ao me levantar pego a arma e checo o pente. Havia duas balas. Fui mirar no homem, mas ele já havia sumido na escuridão, corri até as pessoas  e quanto mais me aproximava mais assustada eu ficava. 

Quando comecei a associar os rostos eu congelei. Havia um homem na cadeira da esquerda com roupa de quem trabalha nas fábricas, ele tinha o rosto cansado e estava todo espancado e ensaguentado, o segundo era... Meu pai? O do meio... era Finn. Parei de correr na hora. Eles tinham fitas na boca e estavam amarrados, todos me encaravam sem entender nada.

— Só mais uma regra. — A voz do homem ecoou pelo lugar fechado me fazendo arrepiar. — Não tente soltar eles, se você não atirar em dois deles, todos morrem, incluindo você. — Ele faz uma pausa e uma tensão toma conta do meu corpo. — Suponho que já reconheceu alguns deles, mas se quiser saber, o primeiro é John Miller, seu pai. Temos também Finn Shelby seu namorado, e por último Andrew Brown, um homem inocente. Suas vidas estão em sua mão, faça a escolha certa.

Sinto meus olhos marejarem, não podia chorar, não agora. Pressionei minha língua contra o céu da boca como sempre faço e senti minha respiração acelerar, me aproximei dos homens e respirei fundo e com a mão tremendo levantei a arma. 

— Eu... Desculpa, eu preciso. — Fecho os olhos e atiro. — O som da bala estourou em meus ouvidos me fazendo estremecer e ao abrir meus olhos, o homem da cadeira esquerda estava morto, havia mirado em sua cabeça. Acredito que sua expressão de terror quando encarou a morte nunca se apagará de minha mente.

Eu não sabia o que fazer, quem escolher? Eu tremia, eu era uma assassina, eu tinha que ser fria. Fechei minha expressão e levantei a arma de novo. Tentava controlar o medo e a tremedeira, mas era impossível.

— Sinto muito... — Ele fazia que "não" com a cabeça repetidamente como se implorasse para que não o escolhesse e eu sentia minha respiração pesada. — Eu não tenho escolha... Desculpa por nunca ter sido o que você precisava... 

Deixei uma lágrima rolar e fiz uma expressão fria, não poderia me dar ao luxo de desmoronar, não agora, não ali. Mesmo sabendo que nunca iria me perdoar respirei fundo e fechei os olhos.

— Eu te amo, eu vou sempre ser sua garotinha... pai. — Digo e puxo o gatilho.

O estrondo da bala faz um barulho enorme, mas em seguida um silêncio invade o lugar, pude ouvir o sangue derramando, o barulho do meu coração batendo, minha respiração ofegante, o medo e pressão que corriam pelo meu corpo. Era como se todos meus sentidos estivem aflorados.

Fiquei de olhos fechados por mais alguns segundos, não queria abri-los, queria que tudo fosse apenas um sonho ruim, mas não era. Abri meus olhos e vi ele ali, sem nenhuma expressão, sem vida em seu rosto e um buraco que escoria sangue no meio de sua testa. Encarei Finn que me olhava com dor, eu só queria correr para seus braços. Enxuguei a lagrima e corri em sua direção, tirei a fita de sua boca e com a faca do homem desamarrei suas mãos, ele se levantou ficando ao meu lado, mas percebi que o garoto não sabia o que dizer, nem como reagir. 

Olhei para o lado e o corpo do meu pai estava ali. Encarei seu rosto, aproximei minha mão que ainda tremia e passei por cima de seus olhos, fechando os mesmos. Sua pele já estava gelada, senti um aperto dentro do meu peito. Voltei meu olhar a Finn que aproximou sua mão da minha devagar e me puxou para si devagar, me deixando com a cabeça contra seu peito, e com suas mãos em minhas costas me pressionando contra seu corpo o garoto me abraçou.

— Eu... sinto muito. — Ele sussurra em meu ouvido.

Eu tentei chorar, eu tentei sentir algo, qualquer coisa, mas nada, fiquei esperando as lagrimas descerem, mas nada, fiquei esperando a ficha cair, mas nada. No que eu havia me tornado?

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora