18. heartbroken

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FINN ON

Escuto os saltos de Anne no corredor e corro em sua direção.

— E aí? Como foi? — Pergunto e ela parece confiante.

— Veremos alguns minutos. — Ela diz e eu sorrio.

— Vamos tomar um ar. — Digo e ela entrelaça seu braço no meu e caminhamos até a parte de fora dos fundos que estava vazia.

O clima estava agradável, as estrelas brilhavam e a lua nos iluminava, sentamos em um banco porto da porta e ficamos ali por alguns segundos.

— Já falei que você esta linda nesse vestido? — Digo acariciando sua coxa e ela olha para mim e sorri, antes que eu perceba minha mão já está em sua nuca e nossos rostos estão a centímetros de distância.

Nossos narizes se encostam e eu selo nossos lábios em um beijo quente e ela sobe em meu colo e começa a rebolar devagar, nossas línguas se entrelaçam em uma dança quente e eu coloca as mãos em sua cintura, a puxando cada vez mais para perto de mim, eu separo nossos rostos para tomar folego.

— Eu te amo. — Digo sem pensar e ela me encara assustada.

— E-eu... — Ela diz com um olhar confuso.

— Você não... — Eu vou falar, mas a porta se abre, revelando um dos membros.

— Anne! Precisamos de você. — O jovem diz e ela sai do meu colo e me olha melancolicamente antes de entrar porta adentro.

Fico ali fora no frio escuro por mais alguns segundos pensando no que havia acontecido. Ela não sentia o mesmo? Foi muito cedo? Eu estava errado sobre ela? Levanto do banco e afasto os pensamentos e sigo para dentro novamente. Ao entrar fui até a sala, onde todos estavam. Anne estava sentada com os cotovelos contra as pernas juntas na poltrona na frente do homem e Tommy estava apoiado no braço da poltrona.

— Entao... você vai falar. — Anne diz convencida.

— Olha... estou me botando em perigo aqui, então quero garantia! Me dê o antidoto.

— Nos de algo primeiro. — Tommy diz cruzando os braços.

— Ok... Changretta disse que se nos capturassem deveríamos mandar vocês para uma casa abandonada nos arredores da cidade, há homens prontos para lutar, é uma armadilha.

Tommy a olha e faz um sinal para pegar o antidoto. A garota se levanta e pega um potinho branco em sua bolsa e coloca o mesmo em um copo e mistura com uísque.

— Beba. — Ela diz, colocando o copo na boca do homem.

— Como vou saber se não é mais veneno? Você vai primeiro!

— Se eu quisesse te matar você já estaria morto. — Ela revira os olhos e dá um gole na bebida e em seguida alcança o copo para o homem que bebe hesitante.

— Onde é o esconderijo do Changretta? — Tommy pergunta e ela se senta.

— Eu não sei. Ele se muda toda semana, seu último endereço conhecido foi perto do centro.

Ela olha para Tommy que faz que sim com a cabeça e eu observo a cena confuso.

— Todos saiam. — Ele diz e todos saem, deixando apenas os dois no comodo.

— Termine ele. —  Escuto Tommy dizer e vejo ele alcançar sua arma para Anne.

ANNE ON 

Eu me levanto, sentindo a arma em minha mão e olhando para o homem.

— Por favor! Não! Eu te falei tudo que eu sei! 

— Mira do lado da cabeça. — Tommy diz e eu faço o que ele pediu.

— Não podemos deixar resquícios. — Digo e aponto a arma para a cabeça do homem tentando parecer o mais fria o possível.

Respiro fundo e sem piscar puxo o gatilho, que faz um barulho altíssimo. O sangue do homem espira contra meu rosto e eu observei quando seu corpo sem vida caia no chão, com o rosto indiferente, olhei para Tommy.

— Bom trabalho. — Ele diz e pega a arma da minha mão e coloca na mão do homem, simulando um suicídio. 

Poucos segundos depois passos corridos se aproximam e observo o rosto de Finn me encarando entre a multidão.

— Aqui — Tommy me alcança seu lenço e eu limpo o sangue do meu rosto enquanto todos me encaram.

Olho para Tommy uma última vez e faco um sinal com a cabeça como uma despedida e me afasto, abrindo caminho entre a multidão, caminhando até a porta da frente e posso sentir os olhares em mim quando ao chegar no corredor eu abro a porta e olho para trás dando um sorriso malicioso para eles, antes de sair e fechar a mesma.

Começo a caminhar pela calçada pensando no que havia acabado de acontecer e de repente os saltos já não machucavam mais meus pés, a dor de ter perdido meu pai já não era mais tão grande e todas as dores que já experienciei já não pareciam ser uma coisa muito grande assim.

— Anne! — Escuto Finn correndo atrás de mim e logo está ao meu lado. — Que porra foi aquela!? Você matou um homem!

— Vai dizer que você nunca matou ninguém — Digo sarcástica e paro de caminhar, olhando em seus olhos, que revelam a verdade. — Você nunca matou ninguém. — Digo surpresa.

— Esse não é o ponto, você não precisava ter feito aquilo!

— Sim, eu precisava! Mas não é por isso que você realmente está bravo, é? — Digo sem pensar e seu rosto que era iluminado apenas pelas luzes claras dos postes mudou de expressão.

— Eu não quis dizer aquilo, não significou nada para mim. — Ele diz frio e suas palavras parecem como facas furando meu peito.

— Você não quer dizer isso...

— Sim, eu quero! Foi só sexo para mim. — Ele diz aproximando seu rosto do meu e eu meus olhos marejam. — Acho que deveríamos dar um tempo. — Ele diz e vira de costas.

— Finn! Não! Volta. — Digo e puxo seu braço para mim.

— Diga que me ama! Diga e eu fico!

— E-eu... — Sinto um nó na garganta.

— Foi o que eu pensei. — Ele se solta.

— Finn... — Grito em sua direção e enxugo as lágrimas. — Se você der mais um passo acabou! Nunca mais! Se você me deixar nem se importe em voltar. — Falo e ele para de andar, um fiapo de esperança se acende dentro de mim.

— Eu... — Ele vira o rosto e vai falar algo, mas fica em silêncio e volta a caminhar.

— Finn? Fica! — Sussurro e sinto meu coração se despedaçar, nenhuma dor jamais se compararia com a que eu senti ali, deixada sozinha no meio da rua, com sangue no cabelo e com a maquiagem borrada.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora