15. numb

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ANNE ON

Respirei fundo. Não sei porque a morte do meu pai não havia me afetado, mesmo depois de tudo que aconteceu entre nós eu ainda o amava, ele era meu pai afinal. Empurro o corpo de Finn e me afasto, evitando olhar em seus olhos.

— Precisamos ir. — Digo sem nenhuma emoção na voz.

— Ok... — Ele diz e segura minha mão delicadamente.

Começamos a caminhar em direção ao que parecia ser uma porta a pouco passos de nós. Ao abrir a mesma me assustei a dar de cara com um rosto familiar.

— Tommy?! O que... — Finn diz e eu encaro o mais velho.

— Esse foi o último teste. Parabéns, você passou. — Tommy diz me olhando friamente.

— Do que você esta falando? — Solto a mão de Finn e dou alguns passos a frente.

— Para virar uma de nós. Mandei fazer isso no dia que nos conhecemos — Ele diz e me estende uma boina igual a dele.

Eu a peguei e observei por alguns segundos. Havia meu nome bordado na parte de dentro, e ao passar a mão pela parte da frente eu senti a lâmina, eu queria aquilo, olhei para Finn, que dava um sorriso sem os dentes e em seguida para Tommy. Coloquei a boina em minha cabeça e aproveitei a sensação por alguns segundos. O mais velho deu um sorriso e cuspiu em sua mão e eu fiz o mesmo, apertamos as mãos em um jeito de fecharmos o contrato. 

Em seguida Tommy nos convidou para comemorar em um bar, Finn e eu recusamos gentilmente e ao sair do galpão fomos direto para seu apartamento. Estava exausta, minha cabeça estava a mil.

— Você está bem? — Finn pergunta, me acompanhando até seu quarto.

— Estranhamente, eu acredito que estou. — Digo e forço um sorriso.

Ele sorri e me ajuda a tirar minhas roupas, ele me tocava como se com o menor descuido eu pudesse quebrar, talvez ele estava certo. O garoto me ajudou a deitar e me cobriu.

— Boa noite. — Ele diz, beijando minha testa e se afastando.

— Ei! Onde você esta indo? 

— Eu... dormirei no sofá?! — Ele fala, confuso.

— Ah... você não pode dormir comigo hoje? — Ele sorri e faz que "sim" com a cabeça.

O garoto volta e tira a camisa, jogando-a no chão, ele se deita por baixo das cobertas e se aproxima delicadamente, me dando espaço para decidir em que posição iriamos ficar. Aproximei minha cabeça de seu peito e colei meu corpo ao seu, podia ouvir sua respiração e batimentos lentos, quase sincronizados com os meus, ele começou a acariciar meus cabelos e eu fechei meus olhos.

— Sinto muito, de verdade. — Ele diz e eu sinto a dor em sua voz.

— Obrigada. — Digo e viro meu rosto ao seu e lhe dou um beijo suave. 

Logo volto a posição anterior e adormeço rapidamente.

》FINN ON

Acordei de manhã não muito cedo, olhei para meu lado e Anne ainda dormia, acariciei seu rosto e apreciei sua beleza por alguns minutos, enquanto ela dormia era o único momento que via paz em seu rosto, sua mente deve sempre estar cheia, assim como a minha. Não sabia como o dia iria correr, se ela iria querer visitar sua família ou como estaria se sentindo em relação ao seu pai. Afastei os pensamentos e levantei devagar com cuidado para que não acordasse, e caminhei até a cozinha, foi quando percebi haver um bilhete e uma caixa, me abaixei e abri o bilhete.

" Tenho uma missão para os dois, Smith Avenue, 19 hrs.

Anne, use o que está na caixa, mas com seus acessórios.

Tommy S."

 Abro a caixa e me surpreendo com o que encontrei: um vestido preto curto e saltos com pelo menos 8 centímetros. Escuto passos atrás de mim e ao me virar vejo Anne caminhando em minha direção então me levanto e ainda observando a caixa falo:

— Eu não queria ter te acordado. — Digo e ela envolve seus braços contra meu corpo, me abracando por trás.

— Eu já ia acordar de qualquer maneira. O que é isso? — Ela pergunta olhando para a caixa curiosa.

— É do Tommy — Digo lhe entregando o bilhete e ela se afasta. — O que ele quis dizer com "acessórios"?

Ela sorri ainda olhando para a carta em suas mãos.

— Acessórios — Ela sorri sarcástica e da de ombros, eu a alcanço a caixa e ela encara a roupa por alguns segundos sorrindo.

— Você tem certeza que já esta pronta para ir para uma missão? — Pergunto preocupado.

— Sim e eu sei cuidar de mim mesma Finn... — Ela segura minha mão e eu sorrio de volta.

— Vou tomar banho, quer vir? — Pergunto andando em direção ao banheiro e lhe lançando um olhar malicioso.

— Precisa perguntar? — Ela diz e corre em minha direção se jogando contra meu corpo e selando seus lábios contra os meus.

Enrolei meus braços em volta da sua cintura e ela envolveu os seus em meu pescoço, nosso beijo não foi nada apressado, foi algo doce, delicado e amoroso, eu queria aproveitar cada segundo que tinha com ela, pois nunca seria o suficiente, eu nunca iria me enjoar daquilo, daquele sentimento, dela, eu sempre iria querer mais "ela".

Ela se afastou por alguns segundos para recuperar o folego e encarou meus olhos sorrindo. A garota já havia passado por tantas coisas horríveis e mesmo assim achava motivos para sorrir, ela perdera o pai na noite interior e continua sempre seguindo, me dando motivos para ser feliz. Olhei em seus olhos profundos e por alguns segundos me senti entorpecido, aquele frio na barriga tomou conta de mim, eu só queria ela para mim, para sempre, foi nesse momento que soube que era ela, foi quando eu soube que... eu a amava.


Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora