19. traitor

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FINN ON

Eu só precisava de um tempo para pensar, ela havia matado um homem e tratava como se não fosse nada? O olhar em seus olhos... ela estava cada vez mais fria. Olhei para meu relógio que marcava 01:15, não havia percebido o tempo passar, decidir ir para um pub, precisava pensar. Entrei um bar que nunca havia ido antes, tinha um visual escuro e luzes vermelhas, havia algumas prostitutas caminhando pelo lugar, segui até o balcão.

— Uísque, puro. — Disse, com os olhos abaixados.

— Claro. — Uma voz feminina familiar responde e me serve logo em seguida.

Olho para o rosto da mulher tentado identificar quem ela era.

— Eu te conheço? — Pergunto cerrando os olhos e dando um gole na bebida.

— Sim... eu servi sua namorada e você a alguns dias atrás.

— Você é a garçonete! — Respondo sorrindo e a mulher faz que "sim" com a cabeça.

— Sabe, sua namorada é muito... como posso dizer? Escrota. — Ela diz, se apoiando para mais perto de mim e arqueando as sobrancelhas.

— Bom... ela não é mais minha namorada, suponho que nunca foi. — Digo remexendo o copo.

— Hm... melhor para mim. — A moça diz me olhando maliciosamente.

Sorrio sem graça e encaro seus olhos, e viro a bebida restante no copo.

— Que horas termina seu turno? — Respondo com um sorriso malicioso nos lábios.

— Meia hora. — Ela se afasta e joga um pano em seus ombros.

Espero seu turno acabar e a sigo até o banheiro onde nos beijamos calorosamente, pude sentir que já estava ereto então pegamos um táxi e seguimos até minha casa que não era muito longe dali, antes que percebesse já estávamos em minha cama e ela estava em cima de mim. Olhei para o canto e percebi as roupas de Anne jogadas no chão e imaginei como ela estaria naquele momento, logo afastei os pensamentos e me voltei para a mulher semi-nua em minha frente. A virei rapidamente, deixando eu por cima e beijei seu pescoço até seus seios.

ANNE ON

Após Finn ter me deixado caminhei e caminhei até não sentir mais meus pés, parei no canal e me sentei no bloco de feno que costumava dormir e apenas pensava em como tudo foi água a abaixo por apenas três palavras. Era culpa minha, estava confusa e acabei ferindo ele, eu sentia o mesmo, porque não conseguia falar? Minha mente estava um turbilhão de pensamentos. Foi quando percebi. Eu o amava, amava de verdade, talvez se tivesse mais uma chance eu poderia dizer isso para ele. 

Desci do bloco de feno e jeitei o vestido, respirei fundo, eu havia ferrado com tudo, era hora de consertar. Comecei a andar em direção ao seu apartamento, antes que percebesse já estava correndo, sentia a adrenalina pulsando em meu corpo, tirei os saltos e vi que o sol já nascia e as pessoas saiam para trabalhar, ao chegar em sua parei e tentei planejar oque eu iria falar. Como não consegui pensar em nada apenas caminhei até sua porta sorrindo, ao perceber estar aberta estranhei, mas não me preocupei, corri até o quarto.

— Finn! Eu também te... — Abro a porta do quarto e vejo uma mulher na cama com Finn, ele fazia carinho em seus cabelos e ao me olhar ele pareceu assutado.

Senti o meu sorriso desaparecer e meus olhos marejarem.

— Anne... — Ele diz se sentando na cama e colocando uma calça.

— Você prometeu... — Deixo uma lagrima rolar. — VOCÊ PROMETEU PORRA! — Arrepio e a mulher vira seu rosto e eu a reconheço na hora e começo a rir. — Com a porra da garçonete? — Digo apontando o dedo para a mulher.

— Olha... nós havíamos dado um tempo e eu... — Ele se aproxima e tenta segurar meus bracos e eu me afasto.

— Quer saber? Não. Falei que não iria voltar e eu não vou. Eu mereço mais. — Digo e segurando as lagrimas e pego minhas coisas que estão no chão e coloco em uma bolsa que estava no armário.

— Espera, vamos conversar. — Ele diz entrando em minha frente.

— Sai. Ou vou te fazer sair. — Digo e lhe lanço o olhar mais frio que pude fazer.

O garoto sai do caminho e eu caminho para fora do apartamento.

— Diga que não me ama! Diga e eu não volto atrás de você! Diga e acabou. — Ele diz me seguindo e eu me viro e vejo seus olhos cheio de lagrimas e me aproximo ficando a pouco centímetros de seu rosto.

— Eu não amo você. — Digo o mais fria possível e olho em seus olhos uma última vez antes de me afastar.

— Anne... — Posso ouvir ele sussurrar enquanto caminho para longe.

Ao chegar no fim da rua olho para trás imagino a "eu" de uma semana atrás entrando naquele apartamento pela primeira vez, como eu queria avisar-lhe oque aconteceria, queria pedir para que não se apaixone. Volto a caminhar e a cada passo que dou parece que doí menos, quanto mais me distancio menor o buraco do meu peito fica, estou presa em meus pensamentos até olhar para trás e perceber que um carro preto me acompanha, e para frente um homem de terno me esperava, e dos lados e atrás também.

Eu me aproximo do homem mantendo uma distância segura.

— Sr. Changretta pede sua presença. — Ele diz com as mãos juntas.

— E se eu não quiser?

— Acredite, você vai querer ouvir oque ele tem a dizer. — O homem diz e o carro preto para ao nosso lado. — É um pedido educado, não queremos mal a você, você pode se tornar uma aliada. 

Aliada? Eles esperavam que me juntasse a eles?

Hesito e respiro fundo antes de concordar com a cabeça. O homem se aproxima e abre a porta do carro para mim, eu entro e ajeito o vestido e dou uma arrumada no cabelo e na maquiagem. Eu iria me encontrar com Changretta e ele iria querer me fazer uma proposta... Porque isso sentia como uma armadilha? Pelo menos ainda tenho minhas armas digo colocando a mão sobre a faca no elástico da minha meia-calça.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora