7. italians

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ANNE ON

— Todo mundo, essa é Anne, os italianos sequestraram ela ontem, e sim, ela é a mesma garota que lutou com o Arthur. — Tommy diz e posso perceber olhares em mim. — Você sabe onde foi que eles te levaram? — O mesmo continua.

— Talvez, se eu tiver um mapa.

— Jeremiah — Tommy diz e um garoto se afasta e volta alguns segundos depois com um mapa e uma caneta e a coloca na mesa.

Eu o observo por alguns segundos.

— Aqui foi onde me acharam — Circulo a rua do pub. — Lembro de correr por aqui e aqui... — Digo fazendo um caminho — Então deve ser por aqui — Faço um "X" numa área com cerca de 5 quadras.

— Ótimo. Mandarei alguns homens para lá, mas eles já devem ter se mandado. — Tommy diz e eu coloco a caneta em cima do mapa e cruzo os braços.

— Como você escapou? — Tommy diz, apoiando os braços na mesa.

— Estava amarrada em uma cadeira, mas me soltei e matei o segurança, depois corri até uma janela e foi aí que atiraram em mim.

— E você quer que acreditemos que você matou um assassino treinado? — Um homem pergunta.

— Isso é sexista. — Lanço um olhar ameaçador para o homem. — Uma mulher consegue facilmente matar um homem, com a motivação certa. — Digo fria e o homem cerra os dentes.

— Como você se soltou? — Tommy pergunta.

— Agora temos uma pergunta interessante. — Falo sarcástica e puxo meu dedão contra a palma com força até deslocar. — Crack! — O mesmo estrala alto antes de deslocar e eu faço uma expressão de dor e todos me encaram em choque, em seguida eu balaço o dedo quebrado no ar. — Você se acostuma — Digo dando de ombros e Tommy me olha com um sorriso leve no rosto.

— Todos ao trabalho! — Tommy diz e as pessoas que estavam ali dispersam. — Finn, uma palavra. — O mesmo diz e vai para seu escritório e Finn o acompanha.

Em seguida Polly se aproximou e veio falar comigo.

— Quer que eu troque os curativos? — Ela diz, analisando meu ombro.

— Claro — Sorrio e a sigo até um quarto separado.

Me sentei na cadeira enquanto ela preparava as bandagens e tirei a camisa, com cuidado, a mais velha se aproxima e tira a bandagem velha, a jogando no lixo. Em seguida limpou a ferida com soro e álcool, me fazendo estremecer.  Depois colou uma bandagem nova por cima.

— Onde você arranjou todas essas cicatrizes? — Ela perguntou, passando o dedo pelas cicatrizes que eu tinha.

— É difícil de explicar... a maioria delas ganhei na frança.

— Na guerra? — Ela questiona colando a última fita na bandagem e eu afirmo com a cabeça.

— Nasci em Birmingham, mas como minha mãe era apaixonada pela França nos mudamos para lá um ano antes da guerra, e era... perfeito, então quando a guerra começou meus pais não queriam se mudar.

— Foram os soldados? — Ela diz, com tristeza no olhar.

— Sim. — Respondo e de repente os flashbacks daquela época voltam a minha mente. — Vamos só dizer que eles gostavam de uma garota mais nova. — Eu completo.

— Ah... — Ela diz e posso perceber que compartilhamos da mesma dor.

Um silêncio se instala no cômodo.

》 FINN ON

Segui Tommy até seu escritório e o mesmo se sentou e acendeu o cigarro que estava em seus lábios.

— Você acredita que podemos confiar nela?

— Você ta brincando? — Franzi a sobrancelha.

— Não. Ela é uma lutadora treinada que levou 5 minutos para derrubar um homem do dobro de seu tamanho.

— ELA TOMOU UMA BALA POR NOSSA CAUSA! — Respondo, quase gritando enquanto apontava a mão para a porta.

— Não seja tão ingênuo, desculpe se não acredito na primeira garota que me da bola.

— Todo mundo que os Shelbys tocam... — Pauso e respiro fundo. — Ela foi baleada por estar falando conosco! Anne só está tentando ajudar.

— Como vocês se conheceram?

Fiquei em silêncio.

— Ela roubou minha carteira.

— Em uma rua cheia de pessoas, quais as oportunidades de ela escolher logo você? O irmão do chefe da maior gangue de Small heat.

— Não tinha como ela me conhecer, eu estava sem a boina e de terno, poderia ser qualquer um.

Ele respirou fundo.

— Só pense sobre isso. Se até o final da semana continuar com a mesma opinião eu acreditarei em você.

Eu não falo nada e apenas saio o quarto. Agora ele planara a dúvida em minha cabeça. Anne não faria isso, ela não me manipularia desse jeito. As palavras de Tommy repetiam sem parar em minha cabeça. Caminhei até o cômodo onde Anne e Polly estavam, as mulheres estavam sentadas em cadeiras, uma de frente para outra, em um silêncio agradável, A mais velha já havia terminado de trocar os curativos de Anne.

— Muito obrigada! — Anne diz para Polly, sorrindo e colocando as mãos no bolso.

— Claro. — Polly diz, com as mãos no colo.

Em seguida saio do quarto e Anne me segue.

— Como está se sentindo? — Digo andando em direção a porta.

— Bem... eu acho. — Ela diz, com um sorriso amarelo e a cabeça abaixada. — Vou indo então... — Com diz com um olhar que suplica para ficar. Mas ela sorriu e abriu a porta.

— Espera... — Coloquei minha mão sobre a sua em cima da maçaneta e ela me olhou confusa. — Você não lembra de nada de ontem a noite? — Pergunto e lhe lanço um olhar como se implorasse para dizer "sim".

— Não... — Ele diz me olhando confusa.

— Ah... — Afasto minha mão da sua e as dúvidas se infiltram pela minha cabeça.

Ela hesita antes de sair, queria pedir para ela ficar, mas eu não pedi, eu deixei ela ir embora. A observei enquanto caminhava para em direção o horizonte e sumia na multidão.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora