24. anger

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》ANNE ON

— Anne? — Tommy pergunta surpreso.

— Oi... você poderia me buscar? Eu estou em uma casa na rodovia 289.

— Isso é bem longe, o que você está fazendo aí?

— É uma longa história. 

— Estou indo, me passa o endereço.

Eu olho para Niki que ergue os olhos do livro.

— Qual o endereço daqui? — Pergunto.

— 5th Street numero 250. — Eu sorrio em sua direção.

— 5th street, 250.

—  Ok, estou indo chego em 20 minutos. Você está bem? — Respiro fundo antes de responder.

— Não.

Sinto sua respiração contra o telefone.

—  Não diga mais, eles estão ouvindo.

O homem diz e desliga o telefone. 

Eu coloco o telefone no gancho e me viro para a moça, me aproximando e sentando em sua frente.

— O homem que você estava ligando, foi ele quem te machucou? — Ela diz olhando para meu pescoço.

— Não, ele é um amigo. 

— Sei...  Sabe, o papel da mulher na sociedade hoje em dia é muito fraco, mas vejo que você é uma mulher forte.

— Eu concordo. —  Me jogo para trás no sofá.-

— Talvez forte demais, por isso seria ótima para nos. —  Ela se levanta e eu a olho confusa.

A mulher caminha até uma gaveta e pega um panfleto e logo se aproxima novamente me alcançando o mesmo.

— O que é isso?

— Reunião do movimento sufragista, você está convidada. — Ela se senta e me encara com os olhos suaves.

Eu encarei o panfleto por alguns segundos, havia o desenho de uma mulher no centro com uma camiseta vermelha com a foice e o martelo, as frases "voto já" "direitos para mulheres" estavam escritas dos lados e no meio, "feminismo" estava bem acima, se destacando. Havia visto jornais sobre as feministas e achava incrível a revolução que faziam, criar uma resistência é a mais bela arte de todas.

— Eu adoraria participar. —  Respondi sorrindo.

 — Ótimo! Você sera uma companheira incrível. — Ela sorri.

Ficamos na sala conversando por mais alguns minutos, até que um mordomo bateu na porta da sala.

— Senhorita Anne, sua carona chegou. — Ele diz e logo se retira.

— Bom, vou indo então...

— Ok, mas venha me visitar qualquer hora dessas! — Eu me aproximo e beijo sua bochecha antes de sorrir e me retirar.

Caminho até a saída gravando todos os detalhes da linda casa em minha mente e guardo o panfleto em meu bolso, um servente abre a porta e o fim de tarde se revela em frente a meus olhos. Não sabia que já havia se passado tanto tempo assim. Caminhei para fora e vi Tommy com um cigarro entre os lábios, apoiado em seu carro, me aproximei dele e ele encarava meu pescoço.

— Anne. — Ele disse sem emoção na voz, se afastando e abrindo a porta da frente para mim.

— Obrigada. — Digo entrando sem olhar em seus olhos.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora