16. mission

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ANNE ON 

Já era quase noite quando nos arrumávamos para a missão, eu usava o vestido que Tommy havia me dado, era preto, com um corte costurado como um espartilho nos lados que o deixava  aberto e era até metade da coxa, ele era colado e realçava minhas curvas, coloquei uma meia calça e o salto. Os "acessórios" que Tommy havia pedido era minhas armas, coloquei algumas facas no elástico da meia calça e um canivete no meu sutiã, além de facas e potinhos de arsênico nos bolsos do casaco e na minha bolsa.

Eu me encarei no espelho do quarto por alguns segundos, estava linda, mais do que nunca. O vestido havia ficado perfeito, meio vulgar demais para meu gosto, mas eu havia adorado me sentir sensual, o casaco preto ia até os tornozelos dando um toque misterioso a mais e os saltos me deixavam meio bamba, pois não era acostumada. O toque final foi a boina que havia ganhado ontem, eu me sentia como um deles.

— Você está pronta? — Finn diz, entrando no quarto com a cabeça baixa e ao me encarar ele fica de queixo caído.

— Sim, já iremos? — Olho para o garoto, que usava a clássica roupa de sempre.

— Você... está perfeita. — Ele me olha abismado.

— Você gostou? Suponho ser muito para uma missão... — Digo receosa e o garoto se aproxima.

— Não, você esta linda. — Ele se aproxima e pega minhas mãos e olha me meus olhos.

Eu coro e ele sorri.

— Eu te... — Ele vai dizer algo, mas logo se interrompe. — Te acho extremamente linda, podemos ir? — Ele diz se afastando e aquele Finn carinhoso some em um piscar de olhos.

— Ah... claro. — Eu estranho e o sigo pela porta.

— Já chamei o táxi. — Ele diz saindo do apartamento e eu o acompanho.

Caminhamos até a calçada em um silêncio estranho, pude perceber que Finn estrava pensando demais sobre algo.

— Está tudo bem? — Disse, já sentindo o desconforto devido aos saltos.

— Sim... só estou meio aéreo. — Ele responde com um sorriso forçado e eu aceno com a cabeça tentando não pressionar demais

Poucos minutos depois o táxi chegou, aliviando a tensão, Finn abriu a porta para mim e eu sorri, seguimos até o endereço marcado. Ao chegar, havia um grupo de membros da gangue parados na esquina da quadra, ao descer do carro todos os olhares vieram em minha direção. Aproximamos do grupo de uma duzia de homens.

— Quem deu a boina para uma prostituta? Porque trouxeram ela para a missão? — Um garoto diz e todos riem, Finn me encara sabendo o que eu iria fazer.

— Você não deveria ter falado isso. — Digo rindo e me aproximo do garoto. 

— Eu concordo com ela. — Finn diz e os garotos se amedorentaram.

— Repete. — Digo arqueando as sobrancelhas e ficando a pouco centímetros do garoto. 

Ele ri e olha para o redor.

— Perguntei quem havia chamado uma prostituta para... — Antes que ele possa terminar dou uma joelhada em sua virilha o fazendo se encolher de dor na hora.

— REPETE. — Digo e o garoto cai no chão envergonhado. — Quem é o próximo? — Falo com um olhar ameaçador para o grupo. — Foi o que eu pensei.

Poucos minutos depois Tommy e Arthur se aproximam do grupo.

— O que aconteceu com ele? — Tommy pergunta olhando para o garoto sentado no chão visivelmente com dor.

— Ele caiu. — Falo dando de ombros. — E por favor me diga que tem algum motivo para eu ter me vestido assim? — Sinalizo me referindo ao vestido.

— Sim, faz parte do plano.

— Que é...?

— Anne, você só precisa entrar na casa e distrairá os guardas do primeiro andar enquanto entramos pelos fundos, só reaja em último caso e sem mortes, precisamos tirar informação deles, você ajudará com isso também.

— Deixa comigo, mas como vocês vão entrar? 

— Essa parte eu me preocupo, só faça a sua missão. — Tommy diz e eu assinto.

O grupo se dispersa indo para trás da casa e Tommy fica um pouco perto de nos conversando com Arthur. Tiro a boina e o casaco entregando a Finn. 

— Ok... como eu estou? — Pergunto mexendo no cabelo.

— Pronta para acabar com alguns italianos. — Eu ri. — Você ta bem fazendo isso?

— Sim, eu sei me cuidar. 

— Eu só me preocupo com você... — Ele acaricia meus braços e posso sentir os olhares de Tommy sobre nós.

— Bom... prometo que não morrerei se você prometer que não vai me deixar. — Digo, oferecendo meu mindinho para ele que sorri.

— Eu prometo. — Ele aproxima seu dedo do meu e cruzamos em um sinal de acordo.

Nós encaramos por alguns segundos antes de eu selar nossos lábios em um beijo delicado. Apos alguns segundos eu me afasto e sorrio uma última vez antes de ir até á porta da casa, respiro fundo sentindo o frio já batendo contra minha pele exposta, meus batimentos estavam acelerados, talvez pelo contato com Finn, talvez pela ansiedade da missão. Ajeitei um vestido um pouco mais para baixo e sorri enquanto batia na porta.

Poucos segundos um homem pouco mais alto que eu abriu, ele parecia estar na casa dos 30, usava um terno elegante e tinha um cigarro entre os lábios.

— Posso ajudar? — Ele diz com um sotaque forte.

— Ah moço... será que poderia usar seu telefone? Estou perdida e sem moedas para o telefone publico... — Digo enrolando o cabelo no dedo e apertando os braços contra a cintura fazendo meu decote aumentar.

— Seja rápida. — Ele diz seco e abre espaço para eu entrar.

—  Por aqui. — Ele me guia até uma sala ampla. — Ali está. — Ele aponta para o telefone até que um barulho de vidro quebrando o distrai. — Espere aqui. — Ele diz sério e se afasta. 

Aproveito o momento para olhar em volta, havia duas poltronas uma de frente para a outra e um sofá, o lugar era bem confortável e havia a cabeça de um cervo morto em cima da lareira que estava acesa. Pude ouvir vozes paralelas e de repente o homem voltou com a mão sangrando.

— Está tudo bem? — Pergunto nervosa.

— Claro, tragam ele aqui! — O homem grita e poucos segundos depois dois homens chegam carregando o garoto peaky blinder que havia me insultado antes pelos braços.

Um dos homens que carregavam o garoto me encara e ao encarar de volta eu o reconheço: era um dos homens que havia atirado em mim.

— Você!  






Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora