13. feelings

1.4K 107 5
                                    


》FINN ON

A tensão que havia se instalado sumiu instantaneamente com aquele contato físico inesperado, ela sentir ciumes significava que também sentia algo por mim? Ela me encarava de um jeito... acredito que nunca conseguirei explicar o jeito que essa mulher mexe comigo, muito menos o porque dela me causar tantos sentimentos.

Alguns momentos depois a mesma garçonete chegou com nossos pratos e taças, ela parecia constrangida. Anne agradeceu sem olhar nos olhos de mesma.

— Como é trabalhar em uma gangue? — Ela pergunta cortando um pedaço do bife e colocando em sua boca. 

—  É... complicado, mas a adrenalina que sinto nas missões faz valer a pena. — Dou um gole no vinho e a observo.

— Você não tem medo? — Ela pergunta, curiosa.

— Do quê? Morrer? A morte é inevitável para todos. Não é algo que possamos adiar, se for sua hora será. —  Digo e ela concorda, eu corto o bife o mastigo antes de continuar. — E você do que tem medo?

— Nada que não seja humano, todos os monstros são humanos. 

— Engraçado... — Digo, quase que nostálgico.

—  O quê? —  Ela vira um pouco a cabeça confusa.

—  Tommy sempre diz isso. — Digo e ela sorri.

— Somos estranhamente muito parecidos.

—  Eu concordo. 

— Se você não fosse irmão dos shelbys, você ainda seria um Peaky Blinder?

— Eu não tive muita escolha.

— Mas mudaria se pudesse? — Ele respira fundo antes de responder.

— Eu... não sei. Essa vida é tudo que tenho, é tudo que fui sempre acostumado.

— Isso é mentira. Você tem a mim. — Ela sorriu e eu também. 

》ANNE ON

Após terminarmos de comer saímos do restaurante e no caminho de volta ao seu escritório, nossas mãos se encostavam de novo, mas dessa vez ele entrelaçou nossos dedos e eu olhei em seus olhos e sorri, aquelas "borboletas" no estômago faziam a festa, ninguém nunca havia me feito sentir as coisas que ele faz. Ele sorri também e eu apoiei minha cabeça em seu ombro, e por ele ser mais alto que eu, encaixou perfeitamente, ficamos assim até chegarmos. Passamos o resto do dia terminando as coisas que Finn tinha que fazer, que foi basicamente as mesmas da que fizemos de manhã. 

Ao final do dia decidimos sair para tomar um drink no mesmo pub que havíamos ido dias antes. Já era sexta-feira então o lugar estava lotado, e como da última vez, ao entrar todos me encararam, eu revirei os olhos e caminhei até o bar e me sentei em uma das banquetas. Finn me seguiu e caminhou ao meu lado.

— Olá... novamente, o que vão querer? —  O atendente pergunta tentando ser simpático.

— Dois uísques, puro. — Digo e o homem nos serve na hora. Finn parece surpreso por eu fazer o pedido por ele.

— Um brinde, a nós. —  Ele diz levantando seu copo e aproximando do meu. 

— A nós. — Afirmo e dou um gole na bebida enquanto encaro em seus olhos.

— O que você acha de entrar para a gangue? — Ele pergunta e eu faço uma expressão de espanto.

— O quê?! Sério?

Falo e quase me engasgo de surpresa.

—  Sim! Falei com Tommy e você seria perfeita para nós.

—  Quando você falou com ele?

—  Ha alguns dias atrás, ele falou para eu esperar até sexta e depois disso se nada acontecesse você estaria dentro.

— Uou! Sim! Eu iria amar —  Digo animada e viro a bebida restante no copo. — Mas o que ele quis dizer com "se nada acontecesse?".

— Bom... ele presumiu que você iria nos trair. — Ele diz, com a cabeça baixa.

— Ah... você sabe que eu nunca faria isso com você, né?

— Eu sei. —  Ele diz e coloca sua mão em minha coxa e eu sorrio.

— Não tem algum tipo de teste ou iniciação? 

—  Eu não sei, desde o momento que nasci eu já estava "dentro", não tive muita opção, mas não faria nada diferente.

— Porquê?

—  Porque você questiona tudo?

Eu ri e pensei antes de responder. 

— Quantas mais respostas melhor, assim dá para ocupar o espaço das perguntas sem respostas, deu para entender? Sou meio confusa às vezes... — Eu ri e ele também.

— Eu entendi... —  Ele faz um sinal para o garçom que enche nossos copos novamente e eu dou um gole. —  Porque conheci você. 

— Hm? —  Pergunto, já sentindo a bebida bater.

—  Eu não mudaria nada porque conheci você. 

Ele diz e eu sorri, aquele foi provavelmente o sorriso mais verdadeiro que já dei.

Após algumas horas bebendo e conversando no bar que estava quase vazio pagamos a conta e caminhamos até a parte de fora.

— Me empresta seu braço —  Balbucio me apoiando no ombro do garoto. 

— Não posso, eu só tenho dois. —  Ele diz, claramente alterado. 

— Quê?

—  Hm?

Nós nos encaramos e começamos a gargalhar no mesmo instante. Estávamos bêbados demais. 

— Táxi? —  Pergunto sentindo o ar gelado em meu rosto.

— Hm... vamos caminhar. — O garoto diz e entrelaça seus braços contra minha cintura.

Sem dar muitos passos para frente ouço alguém atrás de mim, e ao me virar para ver quem era sinto um pano em meu nariz, empurro o homem, mas outros me agarram e tento lutar.

— Corra! Vai! — Finn grita. 

— Eu não... Vou deixar você! — Digo socando um dos homens que cai, mas logo se levanta, e sem dar tempo para revidar ele coloca o pano em meu nariz enquanto os outros me seguram, fazendo eu apagar. Minha última visão antes de desmaiar foi de Finn tentando correr em minha direção enquanto eu lutava para me manter de olhos abertos.


Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora