3. the pub

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ANNE ON

O garoto faz um sinal para o barman que se aproxima.

— Um uísque para mim e para ela...

— Sua pior tequila.

O homem olhou estranho para mim e logo se retirou. Finn me encarava com olhos curiosos.

— Acabei de perceber que as únicas coisas que sei sobre você é que gosta de tequila ruim e sabe lutar incrivelmente bem.

Eu sorri de canto e peguei um cigarro do meu bolso, ofereci um para o garoto que aceitou. Peguei meu isqueiro e ele aproximou o rosto com o cigarro nos lábios, eu acendi o mesmo olhando em seus olhos que me penetravam, e em seguida acendi o meu. Dei uma tragada longa antes de falar.

— Meu nome é Anne.

— Prazer Anne... — Ele estende sua mão e eu o cumprimento. — Meu nome é... 

— Finn. Sei quem você é. — Digo, o interrompendo.

Ele me encarou sem reação até o garçom chegar com nossas bebidas. Ele colocou o copo de uísque na frente do garoto que imediatamente deu um gole, e em seguida o homem serviu um shot de tequila e, ainda encarando Finn eu disse:

— Deixe a garrafa.

— Mas está cheia. — O barman diz.

— Exatamente.

O homem pareceu surpreso e se afastou. Virei de uma vez sem fazer careta e o garoto apenas me encarou. Conversamos por algumas horas, quando decidimos ir embora a garrafa de tequila estava vazia e nos dois estávamos bêbados. Ao sair do pub o vento frio tocou meu corpo inteiro, me fazendo arrepiar. O garoto me cobriu imediatamente com seu casaco.

— Que cavaleiro! — Falei com um tom de ironia.

— Posso te acompanhar até em casa?

— Ahn... eu não posso voltar para minha casa, eu fugi.

— Onde você mora então?

— Depende do dia. Com um dinheiro que ganhei posso pagar um hotel para algumas noites, mas nem sempre é assim.

— Porque não passa a noite no meu apartamento?

Sorrio e ele me olha maliciosamente.

— Obrigada, mas não, te vejo por aí.

Dei alguns passos para trás antes de me virar e começar a caminhar, senti seus olhos me encarando por inteira e por alguns segundos eu quis voltar, até que ao olhar em minha volta vi alguns homens de terno que se aproximavam, imediatamente eu congelei.

— Finn. — Sussurrei sem perceber, acreditando haver gritado. — FINN! — Eu gritei e comecei a correr em sua direção.

Enquanto corria ouvi os passos dos homens atrás de mim, estava a apenas uns 10 metros de Finn e mesmo assim parecia estarmos a quilômetros de distância, tudo ficou em câmera lenta quando vi alguns homens indo em direção ao garoto e lutarem com ele até que quando estava me aproximando, um deles deu uma coronhada em sua cabeça o fazendo cair e desmaiar, no mesmo momento parei e percebi estar cercada, não havia escapatória.

Um dos homens chega por trás e me agarra, eu começo a me remexer bruscamente até que ele pega um pano e coloca em meu nariz, o pano tinha um cheiro muito forte e antes que eu percebesse eu apaguei.

Acordei desnorteada, estava em um quarto pequeno e escuro, com apenas uma luz perto do meu rosto. As paredes eram verdes e estavam descascando, mostrando por baixo uma tinta preta, o chão era de cimento e tinha um aspecto sujo, estava com as mãos amaradas as costas e meus tornozelos amarrados ao pé da cadeira. Havia um homem de terno, pude notar estar armado em minha frente, mas percebi que a porta estava atrás dele. Levantei minha cabeça e percebi uma silhueta masculina no canto da parede.

— Olha quem acordou! Bom dia bela adormecida. — Um homem com sotaque diz.

A silhueta se aproximou da luz, revelando-se um homem de meia-idade, com um terno obviamente caro e um chapéu, com um palito de fósforo entre os lábios, o homem me analisava de ponta a ponta.

— O que você quer? — Perguntei seca.

— Informação. E você vai nos dar de um jeito ou de outro, porque não é uma boa moça e nos diz oque quisermos saber?!

— Porque eu faria isso?

— Porque se não... — O homem parado a porta alcança uma faca ao homem de chapéu, que se aproxima e toca meu rosto delicadamente com a mesma. — Vamos te machucar, muito. E eu odiaria estragar esse rosto tão belo... — Ele completa.

— Eu não vou te falar nada. — Digo afrontando.

— Você nem sabe oque quero saber.

— Eu não ligo. Você não me assusta. — Falei com um olhar desafiador em direção ao homem.

Ele se aproxima do meu ouvido e pude perceber as iniciais "Luca C."  Gravadas em seu terno.

— Todos dizem isso, até estiverem implorando de joelhos para a morte. — Ele diz e eu me arrepio.

— Eu não sou como todos! — Falo alto e em seguida cuspo no rosto do homem. — Além disso, não há nenhuma dor no mundo que eu já não tenha sentido.

— É o que veremos. — Ele diz, limpando o rosto com a mão e me olhando com um olhar cheio de ódio antes de sair do quarto.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora