8. daisy

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》 ANNE ON

Porque ele havia me deixado ir embora? E oque foi aquela conversa sobre a noite anterior? Porque eu não consigo lembrar? As perguntas e questionamentos entravam em minha cabeça de um jeito incontrolável. Caminhei até o canal e me deitei sobre o bloco de feno que sempre dormia, ainda era manhã, um vazio enorme me preencheu e fiquei deitada ali o resto do dia, apenas relembrando do dia anterior, mesmo com tanta dor, eu ainda havia gostado pelo simples fato dele estar lá.

Eu dormi no canal naquela noite, e em todas as outras que se seguiram, fazia 5 dias desde nosso último encontro, porque ele não veio me procurar? Saber que ele estava por aí, mas sem saber como estava me machucava. Afastei minha mente dos pensamentos e entrei no mercado municipal.

O lugar era enorme, tinha cheiro de peixe e doce em simultâneo, os vendedores pulavam nas pessoas oferecendo seus produtos, dando assim uma distração para pegar comida sem que ninguém visse e colocar nos bolsos. Fui quando passava por uma banca de flores que me encantei pela beleza de uma margarida, elas sempre foram minhas favoritas, eram básicas, mas, ao mesmo tempo, tão lindas, como eu.

— Quanto é? — Pergunto para a vendedora que se aproxima.

— São 2 xelins. — Ela diz e eu começo a procurar dinheiro em meus bolsos.

Não sabia porque eu iria pagar por uma flor se eu não pago nem por comida, ao mexer nos bolsos consegui achar algumas moedas, mas não o suficiente.

— Porque você não fica com esse? É um presente, por conta da casa! — A mulher se aproxima, tirando a flor da minha mão e colocando em meu cabelo, me fazendo sorrir imediatamente.

— Ah... — Eu exclamo de felicidade. — Muito obrigada! — Digo, tocando suas mãos e lhe cumprimentando e em seguida me afastando e olhando as lojas em volta, até que ao passar por uma loja de roupas eu vi um espelho e parei na frente do mesmo.

Nunca tinha realmente parado para reparar em mim mesma, os cabelos ruivos ondulados caiam sobre meus ombros, minhas sardas estavam claras devido ao inverno, meu corpo estava magro por causa da alimentação nada saudável e as olheiras roxas pela da falta de sono se destacavam em minha pele. Foi nesse momento que ao olhar para trás eu vi ele. Estava sorrindo e arrumando a flor em meu cabelo quando olhei para trás e ali estava ele, me encarando, sem reação. Foi quando ele olhou em meus olhos que lembrei do que havia acontecido naquela noite: eu havia beijado ele.

》 FINN ON

Eu caminhava pelo mercado municipal, pois Polly pediu para eu comprar algumas coisas, foi passando a bancada de frutas que eu vi ela, um pouco mais para frente, se olhando no espelho, eu congelei. A observei por alguns segundos, ela estava tão linda... Com a mesma roupa que eu havia lhe emprestado dias antes e uma flor no cabelo... Mordi meu lábio involuntariamente e foi nesse momento que ela me viu, ao olhar no canto do espelho nossos olhares se cruzaram e o sorriso do seu rosto se tornou em uma expressão de surpresa.

Eu não sabia o que fazer. Ela se virou devagar e olhou em meus olhos, e se afastou e começou a caminhar para longe. Fiquei parado, eu não poderia deixar ela ir embora, não de novo. Foi quando abri caminho entre as pessoas e acelerei o passo para acha-la.

— Anne! — Eu gritei quando vi ela, a garota se virou no mesmo momento.

— Eu... — Falo, me aproximando.

— Oque foi? — A garota esbraveja, cruzando os braços.

— Eu gosto de você. — Eu digo e sua expressão muda.

— Porque não falou antes? — Ela diz sem emoção na voz.

A garota se aproxima e vai falar algo, mas fica quieta, ela respira fundo e me acerta com um tapa no rosto e em seguida cobre a boca com as mãos.

— Ok... Eu provavelmente mereço isso. — Eu olho para mesma que parece surpresa e começa a rir.

— Desculpa... eu... você deveria ter visto sua cara! — Ela diz entre suspiros.

— Não tem graça! — Digo, evitando um sorriso.

— Tem sim. — Ela diz, controlando o riso e lambendo os lábios.

— Não tem. — Digo cruzando os braços e revirando os olhos.

— Tchau então.

— Quê?— A garota começa a se afastar e eu a sigo. — Onde você ta indo? — Puxo seu braço e a prendo contra mim.

— Foi só um teste. Você passou. — Ela diz sorrindo.

— Você é ridícula. E infantil. — Digo sorrindo e olhando em seus olhos.

Estávamos com nossos corpos prensados um no outro no meio do mercado, cheio de pessoas passando ao nosso redor, sorriamos e tínhamos olhares apaixonantes um para o outro, e nessa hora o sentimento voltou e eu sabia, sabia ser ela.

Seu sorriso foi sumindo gradualmente e olhava em meus olhos como se esperasse algo. Coloquei minha mão em sua nuca e aproximei meu rosto do seu e selei nossos lábios em um beijo quente, molhado e doce, não era nada apressado, era apenas natural. Nossas línguas quentes se entrelaçavam em uma dança suave, coloquei minhas mãos em sua cintura e ela no meu pescoço, nossas bocas se tocavam com prazer e mesmo que todos que passavam nos encaravam eu não ligava. Eu só queria ela. Só ela, e eu nunca vou me cansar dela.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora