Damned Souls | Finn Shelby

21. shadows

》FINN ON

— Que porra foi essa? — Pergunto me aproximando da mesa do garoto.

— O quê?

— Você estava flertando com ela!

— Pelo que me parece vocês não são mais nada, são? — Ele se levanta e me encara.

— Eu quero você longe dela. — Digo, apontando meu dedo para seu rosto.

— É o que ela quer? Por que parece que ela quer que você fique longe, não eu.

Eu respiro fundo e me afasto, ele estava certo, havíamos terminado, acredito que não esse seja o termo certo porque nunca fomos nada, ou fomos? Minha mente estava a mil. O que ela queria com Tommy que era tão urgente? Afastei meus pensamentos e tentei voltar ao trabalho, mas tudo me lembrava ela, o que aquela garota havia feito comigo?

》ANNE ON

Ao sair da casa de apostas caminhei até o centro, onde entrei em uma loja de roupas e escolhi uma blusa branca, um colete preto, um coturno e uma calça preta. Paguei com umas notas que tinha em minha bolsa e logo troquei de roupa, jogando o vestido e os saltos no lixo, esperava nunca mais ver aquelas roupas. 

Chamei um táxi e segui para minha casa antiga. Era na parte ruim da cidade, perto das fábricas, o cheiro de poluição pairava no ar, o céu estava acinzentados como sempre, o asfalto era todo esburacado e havia mendigos e prostitutas de todos os lados, o prédio era antigo, tinha algumas janelas quebradas e um aspecto sujo. Caminhei até a porta e toquei a campainha do 6 º andar. Esperei alguns segundos e ouvi passos descendo a escada e minha irmã abriu a porta, ela era dois anos mais velha que eu e tinha os cabelos ruivos, usava um short curto e uma blusa de gola alta, estava com seu batom vermelho de sempre.

— Anne. — Ela diz me encarando, não nos víamos a quase seis meses.

— Scarlett. — Digo sorrindo.

— Você veio para o funeral dele... mamãe supôs que você não viria. — Ela diz olhando para baixo.

— É complicado, mas eu não poderia deixar você, nunca. — Digo e seguro sua mão.

— C-como você ficou sabendo? — Ela diz e vejo seus olhos marejarem.

— Eu... vi no obituário. — Disse tentando pensar em alguma desculpa.

Eu me aproximo e abraço a mais velha, nunca fomos próximas por sermos tao diferentes, mas naquele momento nossa dor nos conectou, eu queria poder dizer-lhe que fui eu quem o matei, mas ela nunca poderia saber.

— Vamos subir. — Ela diz se afastando e subindo as escadas.

— Como aconteceu? — Sinto minha voz falhar.

— Uns homens aparecem aqui a alguns dias, eles falaram que foi um tiroteio ou algo assim...

Pelo menos Tommy havia tomado cuidado com isso.

— Como nossa mãe está?

— Não sei dizer... você sabe como ele era com ela. — Ela diz e de repente um flashback vem a minha mente.

— VOCÊ NÃO VAI ENCOSTAR NELA! — Digo me pondo entre meu pai e minha mãe que estava encolhida no chão.

FLASHBACK ON

— Você não pode me parar, garotinha. — Ele diz e sinto seu halito de álcool.

— Talvez, mas eu vou tentar. — Digo o encarando e me aproximando dele.