》 FINN ON
Me choquei com a novidade, Londres? Hoje a noite?
— Porque tão cedo? Você não pode ir...
— Eu preciso de tempo. — Ela me encara.
— Longe de mim. — Eu completo.
— Não é você! — Eu a olho no olho e um silêncio se instala. — Se você algum dia me amou apareça na estão de trem hoje, é o trem das 22 horas.
Ela diz olhando para baixo e se afasta, nossas mãos se tocam por alguns instantes, fazendo um choque percorrer meu corpo. Ela se afasta e eu a observo ir embora sem fazer nada para impedir a mesma.
Eu adentro o lugar e jogo minha pasta em cima de minha mesa, indo em direção ao escritório de Tommy.
— Porque você a deixou ir? — Esbravejo entrando sem bater.
— É escolha dela, não posso manter alguém que não quer ficar.
— Isso é mentira e você sabe! — Caminho em sua direção.
— Se ela não quer ficar ela não vai ficar. Você sabe disso melhor que ninguém. — Eu o encaro tentando engolir as palavras. — Você deveria a deixar ir.
Aquilo me atinge como uma bala, havia algo que eu não estava vendo? Ela estava tão mal quanto eu? Dúvidas se implantaram em minha mente.
— Eu preciso do dia de folga. — Digo saindo sem esperar por uma resposta.
Caminho rapidamente até o pub mais perto e peço logo um uísque, é claro que iria me afogar no álcool ao invés de encarar meus problemas como uma pessoa normal. Talvez eu não fosse uma pessoa normal, talvez todo o trauma tenha me tornado em alguém problemático, mas se eu tinha certeza de algo era que eu a amava. Eu não podia não amá-la.
Mas como fazer ela ficar? Era escolha dela, ela queria ir embora e nada que eu pudesse dizer iria mudar isso, mas talvez eu pudesse fazer algo... Corri para meu apartamento, já eram quase 14 horas quando olhei no relógio, havia passado a manhã enchendo a cara. Cambaleei para dentro do apartamento procurando por papel e caneta, eu iria escrever uma carta, mas dessa vez iria ter certeza que ela receberia.
Ao terminar de escrever eu fechei em um envelope bonito e voltei para a rua, caminhei até o mercado municipal e comprei uma margarida, colei no envelope com uma fita e ainda eram 15 horas, não pude parar de me perguntar onde ela estaria a essas horas?
》NARRADOR ON
16 HORAS.
Anne estava passando por lojas de roupas para comprar algo apropriado para a cidade que iria morar nos próximos dias, em seguida seguiu para sua antiga casa e se despediu de sua irmã e mãe, falando ter recebido uma oferta de trabalho como secretária em uma empresa em Londres.
Em seguida voltou a casa de Polly e arrumou suas malas, observou cada detalhe da casa tentando gravar tudo em sua memória, cada detalhe, o tempo parecia não passar ao olhar para o relógio.
17 E 18 HORAS.
De um lado da cidade o garoto agonizava por saber que seu amor iria partir, do outro, a garota sofria entediada esperando que seu trem chegasse logo, os dois compartilhavam do mesmo sentimento: medo do que viria a seguir, medo da vida que teriam separados um do outro. Ser que poderiam ser felizes sem o outro ao seu lado?
19 E 20 HORAS.
A garota abriu seu antigo caderno de poesia e releu o mesmo, tantos momentos eternizados para sempre naquele pequeno caderno de bolso que ela havia roubado de um senhor distraído na rua. Se alguém houvesse falado onde estaria ela agora, a poucas horas de ir para Londres, de tomar a maior decisão de sua vida — de ir ou ficar — Ela provavelmente teria rido e dado as costas, mas hoje, apenas consegue pensar nos caminhos que a levaram onde está.
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Damned Souls | Finn Shelby
FanfictionAnne conheceu Finn de uma maneira inusitada, logo se tornaram próximos, a menina conta com muitas habilidades úteis para a gangue dos Peaky Blinders, contratada por Tommy, ela começa a trabalhar junto a Finn. Porém uma proposta de um inimigo em comu...