4. hurt me

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》ANNE ON

Após o homem sair do quarto, eu torci meus dedos contra a corda tentando soltar a mesma, então desloquei meu dedão, o empurrando com muita força contra a palma da mão. Murmurei baixo ao ouvir o leve estralo do dedo e alguns segundos depois o homem voltou ao quarto.

— Vamos começar. Em quantos eles estão?— O homem pergunta, dobrando seus joelhos para ficar na minha altura.

— Eles? Eles quem? — Pergunto, confusa.

— A porra dos Peaky Blinders! — Ele responde bravo.

— O que você quer com eles?

— Eu conduzo as perguntas, não você.

— Falei que não iria responder — Eu me aproximo — Então eu não vou.

— Eu não queria fazer isso... — Ele pega uma faca pequena de seu bolso e a aproxima ao meu rosto, colocando pressão, fazendo um corte fundo em minha bochecha, que começa a sangrar imediatamente.

Eu não tive reação. Apenas fiquei parada, congelada.

— Precisará mais do que isso para me fazer falar. — Eu falo, olhando em seus olhos friamente.

— Eu sei... Eu estava sendo gentil, agora não vou mais. Porque você estava com os Peaky Blinders?

— Porque você está tão obcecado com eles? Você deveria se acalmar. — Falei sarcástica.

A expressão do homem mudou, pude constatar o ódio em seus olhos, eles haviam o machucado de alguma maneira, agora ele queria me machucar, ele estendeu a mão para o homem que guardava a porta, que lhe entregou um alicate. Senti um frio na espinha. Agora era hora de agir, agora ou nunca. Remexi minha mão para ter certeza que estava solta e quando fui atacar o mesmo, alguém bateu na porta.

— Entre. — O homem disse, parecendo decepcionado.

Um homem miúdo, de terno e chapéu entrou no quarto, parecendo envergonhado.

— Senhor, precisamos de você.

O homem hesita antes de se levantar.

— Você deu sorte... eu voltarei. — Ele joga a alicate no chão e sai.

Tirei as cordas da minha mão, sem que o segurança percebesse, e quando estava pronta eu disse:

— Ei! Olha o passarinho!

Falei, apontando com a cabeça para a parede, o homem olhou rapidamente, me dando tempo de levantar e pegar a alicate e em único movimento, eu perfurei seu pescoço, fazendo o mesmo esguichar sangue pelo meu rosto, o homem gemeu baixo antes de cair morto. Limpei o sangue do meu rosto e coloquei seu paletó. Respirei fundo antes de abrir a porta.

Ao abrir a mesma, me deparei com um corredor vazio, escuro e enorme, que continuava para os dois lados, comecei a caminhar para esquerda, pude ouvir sons de pessoas atrás de mim, então acelerei o passo, foi quando vi um escritório. A porta era de vidro e como estava vazio entrei rapidamente e logo me abaixei em baixo de uma mesa, esperei as pessoas passarem e me levantei novamente, senti um vento frio contra minha pele exposta e ao olhar para frente percebi ser uma janela aberta, me aproximei e percebi ser no 1°andar, abri mais ainda a mesma e pulei, estava agora na parte de fora.

O lugar se parecia com um estacionamento, o chão era de cascalho tinha cheiro de fumaça, olhei para o prédio que havia acabado de sair, ele formava um "L". Comecei a caminhar, havia alguns homens fumando por perto, por isso agi o mais normal o possível ao passar por eles. Caminhava em direção a rua, até que um dos homens me chamou.

— Ei! Você! Venha aqui.

Congelei por alguns segundos antes de começar a correr. Pude ouvir eles pegando suas armas e ao virar para ver eles um deles atirou em meu ombro. Os dois continuaram a atirar e eu corria cada vez mais rápido, até conseguir virar na esquina. Parei por alguns segundos e coloquei minha mão para estancar o sangue. Voltei a correr sem rumo, minha adrenalina estava no máximo. As ruas pequenas pareciam enormes, as estrelas sem brilho, ofuscavam minha visão. Estava perdendo muito sangue, enquanto corria, tudo girava, os homens não haviam corrido atrás de mim, foi quando percebi conhecer aquela rua, havia estado ali poucas horas antes, era a rua do pub. Alguns membros dos Peaky Blinders correram a mim quando me viram.

— Você é a Anne?

— Estávamos te procurando.

— Finn colocou todos a sua procura.

— Ela está sangrando! Me ajudem a colocar ela no carro.

As vozes ecoavam em minha mente, e não faziam sentido algum, foi quando um deles me pegou no colo e tudo ficou preto. Ao acordar, tudo estava se mexendo, estava em um carro, com a cabeça no colo de um garoto, eu tentei me mexer, mas ele me segurou.

— Você está sangrando, fica calma, ficará tudo bem.

Um calor tomou conta do meu corpo e enquanto olhava as luzes dos postes que passavam, eu apaguei novamente.

》FINN ON

Após ter acordado naquela rua e eles terem levado Anne, eu corri para a casa de apostas e dei a ordem para todos procurarem por ela, até que algumas horas depois, alguém bateu na porta e eu corri para atender.

— É ela?

Pergunto para os membros que carregavam uma garota no colo, eles afirmam com a cabeça e ao perceber que ela estava ensanguentada, minha ansiedade vai a mil.

— Coloquem ela na mesa! — Digo, correndo em direção a mesa, e jogando tudo que havia em cima dela no chão.

— Acharam ela? — Tommy pergunta e eu afirmo com a cabeça.

— Ela... foi baleada. — Digo e ele me olha preocupado.

Foi nesse momento em que ouvi ela me chamar.

— Finn... — Ela sussurrou e eu me aproximei.

— Ei! Ela está acordando... — Olho para Tommy, que me encara.—  Precisamos tirar a bala de você.

— Faça.

— Vai doer...

— Eu sei, não é a minha primeira.

Eu a encaro confuso e em seguida rasgo um pedaço de sua blusa. Tommy pega a lâmina de sua boina e a coloca contra o ombro da garota.

— Pronta? — Ele pergunta.

— Só faça.

Damned Souls | Finn ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora