Capítulo Cinquenta e Quatro

217 114 0
                                    

Milo Almeida:

— Mas ainda estou bravo com você por ter me exilado", falei, e ele riu.

— Eu sei disso — falou, beijando-me novamente.

Um amor verdadeiro é aquele que nos torna pessoas melhores sem, no entanto, mudar nossa essência. Esse tipo de amor nos eleva, faz-nos amar ainda mais a nós mesmos. Ele nos permite ver o sol mesmo quando está chovendo, sorrir quando queremos chorar e encontrar beleza mesmo nas paisagens mais áridas. Um amor verdadeiro segura nossa mão quando enfrentamos caminhos difíceis.

Um amor verdadeiro não morre; ele renasce constantemente, mais forte e ainda mais belo. Se você encontrou esse amor, cultive-o todos os dias e seja grato. Se ainda não o encontrou, mantenha a esperança e a fé.

Seu amor verdadeiro estará esperando por você quando menos esperar.

Eu estava tão concentrado em Brand que levei um susto quando uma luz surgiu voando em minha palma. Peguei-a e vi um garotinho se escondendo entre os escombros.

— Eu preciso ir — falei, levantando-me do meu lugar.

— Estarei esperando — Brand disse calmamente.

— Ainda vou te colocar de castigo pelo que fez — falei.

— Com toda certeza meu rei Iriê aceitar meu castigo — Brand disse atrás de mim.

****************

Chamei Maeru para vir comigo e abri um pequeno portal para a localização que a luz me mandou. Uma nuvem de poeira, madeira e gesso se ergueu diante do local onde pisei.

Ao longe, vi um demônio descendo em cima de uma pequena figura, com a boca aberta, exibindo fileiras e fileiras de dentes.

A figura levantou a mão para bloqueá-la, e ela estava cada vez mais perto. Com um movimento das minhas espadas, o demônio explodiu em pó. Sangue negro-esverdeado de demônio espirrou sobre a pequena figura.

— Você cuida dessa criança — Maeru disse, indo na direção dos demônios. — Vou cuidar dos outros Mantis.

Sorri gentilmente para o garoto que segurava o amuleto que deixei com ele, firmemente. Coloquei-me na frente do garoto para não ver Maeru lutando, cortando demônios em pedaços. Vi o icor verde esguichando pelo ar como de um hidrante.

— Meus pais — falou o garotinho, lambendo a boca seca. — Eles...

— Eu sei, vamos sair daqui — Falei calmamente e o peguei no colo, correndo para longe daquela confusão. — Fecha os olhos com bastante força e só abra quando eu disser que pode.

Ele resmungou algo e escondeu a cabeça na curva do meu pescoço. Eu cortava os demônios que vinham na nossa direção, o icor caía sobre nós.

Isso tudo era uma situação completamente grave. Apesar de parecer um terreno de uma casa comum, eu consegui sentir uma enorme energia mágica se concentrando nesse lugar.

Parecia que uma bomba tinha explodido no interior da casa. Estava claro que os Mantis tinham vindo do chão, demônios frequentemente viajavam sob a terra para evitar a luz do sol.

Eles tinham explodido pelo piso; havia icor, sangue e serragem por todos os lados.

Aqueles demônios pareciam ainda mais monstruosos, mais parecidos com insetos. Suas patas afiadas rasgavam paredes de madeira, destruíam móveis e livros. Cortavam tudo o que estava à minha frente, minha lâmina ficando completamente suja de icor.

Algo atrás de mim explodiu com bastante força, e mais uma vez agradeço pelo meu treinamento que me impediu de parar e olhar para trás. Mantive minha concentração em sair vivo daquele lugar. Sem mais nem menos, consegui cortar a cabeça de outro demônio Mantis, manchando por completo minhas roupas e por pouco não entrou na minha boca.

Quando todos já estavam mortos, Maeru veio para mais perto de mim. O garotinho segurava com força as minhas roupas, como se tivesse medo de olhar para os lados.

O garoto tinha cabelo castanho escuro curto que caía em seus olhos castanhos. Suas roupas eram um macacão azul. Quando falei que ele podia olhar agora:

— Os monstros se foram? — Perguntou com um pouco de indecisão.

— Sim, eles foram. — Falei calmamente, vendo que Maeru revirou os olhos. — Pode me contar o que aconteceu?

— Estávamos na sala, então meu pai sentiu a casa tremer e minha mãe me escondeu. — O garotinho falou. — Então os monstros surgiram e ouvi o grito do papai e logo em seguida o da mamãe, então peguei o amuleto que você me deu e pedi que viesse.

Analisei o local e reparei que uma enorme magia tinha sido usada nesse lugar.

— Milo, no meio da luta acabei vendo alguns artefatos que foram feitos para atrair demônios. — Maeru falou, e eu o encarei. — Com todos os anos de luta, posso dizer que os pais dessa criança mexiam com as artes do ocultismo, como a energia que esse garoto transmite não é tão simples.

Olhei para o garoto e vi que uma enorme quantidade de energia espiritual estava saindo do corpo dele. Uma situação que me fez pensar que os demônios que lutei quando dei o amuleto para ele só viram um terço da energia que o mesmo tinha.

— Garoto, qual é o seu nome? — Perguntei delicadamente.

— Flynn Rook — Ele falou como um sussurro.

— Flynn, você tem algum parente por perto? — Perguntei.

— Não, eram só meus pais e eu. — Ele respondeu, e meu coração apertou com essa informação.

Eu sei como a dor dele é grande; também sei que não existem palavras para desvanecê-la. Perder um pai é perder a noção de felicidade. É conhecer o desamparo e a tristeza que não acaba. Mas você merece e vai ser feliz novamente.

Seus pais estão em um descanso profundo e eterno. Mas acredito que ele estará sempre atento à sua vida, às conquistas mais importantes do seu dia a dia e também às suas vitórias e provações.

Chore tudo de uma vez; lute todos os dias para alcançar o melhor sorriso. Não desista, porque a alegria dá trabalho e precisa de resiliência para ser encontrada. Seu pai está torcendo pelo seu sucesso. E um dia vocês estarão juntos novamente.

Talvez demore para eles se reencontrarem, mas não vou deixar essa criança sozinha, que parece ter no máximo uns oito anos.

Um ano mais velho que eu quando perdi os meus pais.

— Flynn, vou levar você comigo até onde moro. — Falei, e ele me olhou curioso. — Até lá, vejo o que farei com você.

— Vão ter monstro lá? — Flynn perguntou.

— Irá ter alguns monstros, mas vou te proteger — Falei. — Como também terão pessoas muito boas entre meus cunhados, amigos, irmão, noivo e filho.

— Você tem um noivo e um filho? — Flynn falou.

— É uma longa história — Falei sorrindo calmamente.

Então abri uma porta e atravessei com Flynn ainda em choque com o que falei sobre mim e ainda estava com Maeru atrás da gente.

***********************

Quando surgimos do outro lado, levei um susto ao encontrar Sol dentro de uma bolha, com Maxuel correndo atrás dele.

— Olá — Maxuel falou quando nos viu. — Quem é essa pequena criança? Milo, parece que está igual aos feéricos pegando crianças em qualquer lugar.

— É uma longa história, mas resumindo, eu o salvei e os pais dele faleceram, e ele não tem mais ninguém — Falei e percebi que Sol estourou a bolha, segurando a minha calça, olhando curioso para Flynn, que fazia o mesmo com tudo no corredor do palácio.

— É um inzão? — Sol perguntou com sua voz infantil. Bateu na minha perna como se tivesse feito a coisa certa em fazê-lo.

___________________________________

Gostaram?

Até a próxima 😘

Uma promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora