Capítulo Oito

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Milo Almeida:

Brand foi ao palácio-escola de carruagem e quis voltar com ela. No entanto, Manoela quis nos acompanhar de volta e me convenceu a voltar a cavalo. Seu irmão não gostou da ideia, mas acabou concordando em andar a cavalo até sua própria casa. Em segundos, Brand assobiou e algumas pedrinhas começaram a tremer. Três cavalos completamente equipados para montaria surgiram à nossa frente.

Seus corpos eram cobertos por pelos curtos e lisos, com uma coloração única. Fora isso, eram semelhantes aos cavalos do mundo mortal, com a cabeça alongada, olhos bem separados e narinas abertas. As orelhas eram pontudas e podiam se mover em direção ao som, parecendo escutar muito bem.

O primeiro cavalo tinha pelos verdes, com uma crina e cauda em tons amarelos. Ele se aproximou de mim, farejando o ar com uma expressão superior, e depois veio ao meu lado, batendo os cascos no chão.

— Milo, estes são os meus cavalos especiais — Brand falou, enquanto afagava a crina do primeiro cavalo. — Orion, Primus e, por último, Dalila.

Primus tinha uma pelagem completamente branca e uma marca nas costas. Ele me encarou com seus olhos escuros. Dalila entrou na frente dele, pedindo para que fizesse carinho em sua cabeça. Sua pelagem era castanha, e reparei que tinha algumas asas saindo de seu dorso. Ela tinha uma crina e olhos de cor violeta.

— Eles são os animais mais velozes que nossa família tem — Manoela falou, em cima de um cavalo igual a Dalila. — Pode-se dizer que eles são puro-sangue feéricos do mundo dos cavalos. Por exemplo, podem atingir até 60 km/h ou mais à distância.

Subi em cima de Dalila, que empurrou Orion com força e ficou feliz com minha escolha. Gulei montou Primus, e Brand ficou em cima de Orion, que detestou a ideia.

— Agora podemos ir para casa — Brand falou.

******************

Não fomos muito longe, pois Manoela resolveu parar para colher amoras junto ao Lago dos Mil Espelhos. Desmontei de cima de Dalila e me sentei o mais distante possível do lago. Com as informações de Gulei, tenho medo de olhar e ver algo que não queira. Imagino quantas pessoas ficaram observando o lago, torcendo para um dia ter um vislumbre de alguém conhecido ou desconhecido olhando de volta. Deve chegar um momento em que começa a doer demais pensar sobre o desejo de ver algo desconhecido.

Conforme fui crescendo, descobrindo o mundo sobrenatural e pesquisando sobre meus pais, soube que eles viveram com as fadas nesse lugar por um certo período de tempo. Agora, estando aqui, só de pensar neles, meu peito começa a doer. Quando tenho a mínima possibilidade de ver o reflexo de um dos dois me olhando de volta, isso poderia acabar comigo de alguma maneira inexplicável ou simplesmente eu não poderia mais reconhecer suas feições.

Fechei os punhos com raiva, concentrando-me em outra coisa: as palavras do homem que me ensinou a arte da espada.

Meu maior inimigo será minha própria fraqueza. Minha maior fraqueza será temer o desconhecido tão fortemente que irei duvidar das minhas ações.

Voltei aos meus sentidos quando Brand sentou-se ao meu lado, suspirando. Na beirada, estavam Manoela e Gurei colhendo amoras com delicadeza. Os cavalos estavam deitados, parecendo conversar entre eles.

— Você planeja abandonar a sua promessa? — Brand perguntou, enquanto olhava para a irmã rindo de um Gurei todo nervoso por causa das roupas. — Qual é a mania dele de ficar sem as roupas em determinado momento? Mas voltando ao assunto principal, era isso que você estava pensando por um bom tempo.

— Claro que não é isso. — Falei, revirando os olhos. — Você me trouxe e sei que não tem como eu me livrar disso tão facilmente. Você está falando isso por causa do que aconteceu hoje ou daquela bruxa e seu reino de idiotas? Precisa de algo mais assustador para me fazer desistir tão facilmente.

Uma promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora