Capítulo Três

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Milo Almeida:

Com minhas palavras, o Lorde feérico deixou transparecer um pouco de desespero, que quase me enganou.

— Então, vamos oferecer terras e ouro para que você possa viver como o ser mais poderoso do mundo sobrenatural e coexistir com os mortais. — O grande rei disse, demonstrando um desespero diferente do filho. — Nosso povo jamais esquecerá seu nome em toda a nossa existência; iremos espalhar seu nome por todos os lugares.

— Essa proposta não me interessa de nenhuma forma. Tenho meus contatos no mundo sobrenatural e no mundo mortal, e atravessei o mundo sem a necessidade de terras ou qualquer coisa do tipo. Vivi à minha maneira. — Falei, cortando o desespero do grande rei como se estivesse com minha espada em mãos.

— Então, farei o que você quiser. — O Lorde falou, e para minha surpresa, ajoelhou-se diante de mim. — Se assim desejar, irei jurar até por meu nome real.

Essa proposta pode parecer interessante, afinal, um feérico jurando pelo seu nome verdadeiro a um mortal seria algo bastante significativo para alguns, mas não necessito desse fato.

— Eu vou fazer o que eu quero tornar realidade. Não quero que ninguém mais faça isso por mim ou jure por mim. — Falei. — Não dependo da ajuda de ninguém em momento algum.

Respondi a todas as ofertas do rei e do lorde. Percebi que ambos estavam quase desistindo de me convencer, mas uma das garotinhas que estava ao lado do Lorde deu um passo à frente.

— Sou Manoela Fairlane. — Ela se apresentou com uma reverência. — Por que você está dizendo coisas tão frias?! Vidas estão em jogo! Eu sei que está em luto, mas imploro como nobre princesa que se case com meu irmão mais velho.

Olhei para ela com afeição, enquanto a mesma começava a ajoelhar-se.

— Senhorita Manoela Fairlane, embora possa decidir se uma vida pode ser salva ou tirada, entenda por que estou dizendo não nessa situação. — Falei calmamente. — É um grande peso que poucas pessoas devem ter. Jogaram tudo de uma vez em mim, sem me dar a oportunidade de pensar.

Ela balançou a cabeça, parecendo abalada ao meu olhar, e então melhorou sua postura enquanto voltava para trás do trono do pai.

— Então, vai nos ajudar? — O Lorde perguntou, olhando suplicante em minha direção.

— Não seja tolo. — Falei, balançando a mão e exalando profundamente, com uma enorme vontade de gritar de volta para esse rapaz. — Essa é uma questão que só eu posso decidir. Não importa quão persuasivo você seja, se eu disser não, todas essas coisas relacionadas a mim serão um completo não.

— Mas temos sua família, vivendo nesse reino que pode ser completamente destruído. — O Lorde disse. — Pense em sua irmã.

— Não há tal coisa, minha irmã provavelmente já esqueceu completamente da vida que tínhamos juntos. — Respondi. — As pessoas que quero proteger não estão mais neste reino ou neste lugar.

Vocês tiraram tudo de mim, destruindo minha família.

Depois de muita pesquisa, descobri que o homem cujo nome é Drimys Greenbriar, embora não tenha sido ele quem planejou que eu perdesse tudo, apenas para se vingar de uma mulher mortal que o abandonou e fugiu com sua criança ao lado de outra pessoa por quem ela se apaixonou.

Embora em fragmentos, isso me lembrou de treze anos atrás. Dei um suspiro profundo sem o conhecimento dos nobres feéricos.

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Há treze anos, eu tinha tudo: pais que me davam amor, às vezes com dureza e outras com gentileza. Uma irmã que me protegia dos perigos que o mundo poderia trazer, sendo a minha melhor amiga. Crescemos juntos, como escudeiros confiáveis em nossos corações. Uma vida repleta de diversas bênçãos. Um futuro que protegia, enriquecia, apoiava e era apoiado, amava e era amado por todos.

Tudo mudou num piscar de olhos. Sofri por anos, mas lutei para ser forte por mim mesmo e, no fundo, com um desejo de vingança ardendo em meu coração.

Antes de ser trazido ao palácio real para uma reunião com o grande rei e o Lorde das fadas, a líder do sexto clã enviou um ultimato para o Lorde, exigindo que ele se casasse com ela. Depois de um tempo sem resposta, ela enviou demônios das terras que apareciam rapidamente, envergonhando o povo local. A sujeira das terras desapareceu com o tempo, mas levará décadas até que ela suma completamente, e a terra impura não será habitável nesse período. Mesmo que você possa derrotar os demônios, é impossível erradicá-los completamente.

A única coisa que manteve o sexto clã à distância foi a descoberta de que o Lorde tinha uma promessa com um simples mortal, impedindo-o de se casar. Apenas aqueles que têm tal promessa com o Lorde podem influenciar o destino do reino das fadas.

Seguindo a literatura antiga, havia apenas algumas menções incertas sobre esse conhecimento, que foi esquecido por todos. No entanto, os feéricos decidiram se apegar a essa ilusão de que eu poderia salvá-los. Deve ser por causa do pavor genuíno que eles têm, a ponto de depositarem sua fé em um mortal.

— Primeiramente, até mesmo os Cavaleiros feéricos seriam capazes de lutar e fazer isso, caso estivessem em uma posição para proteger o reino dos demônios. Por que precisam de mim? — Os demônios são certamente fortes, mas não representam uma força que os feéricos nunca pudessem imaginar. Vocês são uma raça antiga e sabem como derrotar um demônio ou incapacitá-lo. — Falei.

Isso não me surpreendeu, mas quero entender por que o destino do reino virou-se em minha direção em questão de segundos.

— Choé, consegui criar demônios modificados de alguma forma. — O Lorde disse, pegando minha mão, e eu me controlei para não socá-lo. — Isso os torna perigosos demais para o meu povo.

— A posição de Comandante dos Cavaleiros está vaga agora. — Manoela e a outra menina falaram juntas, e todos as encararam acusadoramente. — Desde que o sexto clã e seus demônios atacaram, o antigo chefe do regimento dos Cavaleiros foi morto em menos de um ano mortal. Sua sucessão ainda não foi decidida.

— Um ano equivalente ao tempo mortal... por que tanto tempo? — Perguntei, tirando lentamente minha mão das mãos do Lorde.

— O governo das cortes está desequilibrado, a segurança foi abalada de forma alarmante, o povo feérico está confuso e muitos dos nobres não saem mais de seus territórios. Isso gerou discórdia que nem eu, como grande rei, consigo controlar. — O grande rei disse. — Enviei o subcomandante para suceder o comandante, mas ele voltou apenas para dizer não, e não tivemos mais notícias dele ou do estado do povo de suas terras.

Devo dizer que agora estou sentindo medo de dizer qualquer coisa. Os feéricos realmente não parecem se importar com o tempo que estão desperdiçando, mesmo quando estão em perigo.

— Vocês estão realmente em apuros se eu não fizer nada. — Falei, suspirando profundamente. — Vou precisar de tempo para pensar e, por enquanto, gostaria de ter uma conversa pessoal com o Lorde Brand para ver se ele pode me convencer a aceitar sua proposta.

Brand assentiu lentamente, e devo admitir que ele parecia uma cachorrinha pedindo algo.

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Gostaram?

Até a próxima 😘















Uma promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora