Uma promessa Ao Lorde Fada

Bônus Um

Narrador:

Milo estava afundando na escuridão, podia sentir todos os membros doloridos, e isso estava o deixando sufocado, como se alguma coisa o fizesse querer afundar ainda mais dentro dela, indo para longe.

— Milo. — O Lorde Brand o chamou; Milo reconheceu sua voz, mas tinha uma mistura de dor nela. — Milo, acorde, saia desse sonho.

Milo desejava sair da escuridão em que se encontrava, mas, ao tentar levantar os braços, seu corpo reclamou. O sangue de suas veias parecia ser feito de veneno se elevando e o queimava por completo, seu corpo estava pesado e se transformando em algo diferente.

Ele sentia suas mãos doerem e o sangue evaporando a cada segundo, o suor transparecendo no seu rosto quanto mais tentasse lutar para sair da escuridão. Então a memória veio de que mestre August se foi; ele era como um pai. Vê-lo morrer foi como levar uma facada no próprio coração e a dor de perder a pessoa que o ensinou a luta de espadas, que o criou nos últimos tempos, desde que se conhece por gente.

As lágrimas começaram a encher os olhos dele enquanto permanecia imóvel, imerso em suas lembranças. Ele se viu relembrando dos momentos passados com mestre August, os treinos exaustivos sob o sol escaldante, as lições de disciplina e honra que ele sempre enfatizava, e as histórias inspiradoras que contava à beira das noites frias. Mestre August não era apenas um mestre de espadas, mas um mentor que moldou seu caráter e o guiou pelos caminhos da vida.

Enquanto as lembranças fluíam em sua mente, ele também recordou da última conversa que tivera com mestre August; ele sabia que morreria nesse dia e simplesmente aceitou sem reclamar. Tudo isso era muito difícil de aceitar. O que valia voltar a lutar contra a escuridão? Realmente não havia alguém para voltar, então novamente Milo afundou em seu desespero.

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Brand não aguentava ver aquilo. No caso, ver Milo se debatendo na cama em um delírio de febre e pesadelos e de repente desabar, como se não valesse a pena lutar contra o que acontecia com seu corpo e mente.

Quando Manoela e o cavaleiro o trouxeram, estavam passando mal e suando na testa. Sua maior surpresa foi que o suor evaporava rapidamente, ou como parecia que ele era feito de magia, ou como as coisas obedecem sua vontade, e a própria terra sentisse a dor de Milo.

Os acompanhantes de Milo contaram por cima da história, como encontraram as duas meninas e os gatinhos. Brand também reparou que ele estava com mais um anel no dedo e um colar em volta do pescoço, cuja Manoela disse que o colocou enquanto ele delirava e depois ficou imóvel por um certo período de tempo.

Mas mudou o foco para a expressão do outro, que o deixava desesperado. Quando viu os lençóis torcidos sobre Milo, que estavam ensopados de suor, os cabelos grudados às têmporas. A pele mostrava o mapeamento das veias e a forma dos ossos com uma diferença sobre-humana, afinal estavam brilhando em uma coloração estranha como se aquilo nunca deveria acontecer com uma pessoa mortal.

Parecia que seu sangue era feito de magia pura.

De vez em quando, Milo gritava pela mãe e pelo pai, pedindo por ajuda e que não o abandonassem. Então chamava um tal mestre August e ficava desesperado novamente e tudo se repetindo, às vezes lutando e depois ficando imóvel.

— Ele está em tanta agonia. — Uma curandeira disse, mergulhando um pano em água fria e o pressionou contra a testa ardente de Milo, que emitiu um ruído de protesto contra o toque, mas não tentou bater na mão dela, que gostaria de acreditar que era porque os panos molhados estavam ajudando, mas sabia que era mais provável que Milo estivesse simplesmente exausto de tentar revidar.

— Não há mais nada que possamos fazer? — Manoela perguntou.

— Mesmo que não queira acreditar, ele tem todas as magias dos clãs de bruxos de Fairlane se ativando em seu sangue, ainda misturado com sangue feérico que vem do seu lado materno, coisa que nunca havia visto em toda a existência. E mesmo que parte dessa magia esteja deixando seu corpo bem lentamente. — Eloisa, a irmã mais velha, falou ao lado da curandeira, claro que com um sussurro sombrio e onidirecional. — Vai demorar o tempo que tem a demorar, já que Brand não deseja informar aos clãs dos bruxos sobre esse ocorrido.