Narrador:
O castelo do Seelie estendia-se sobre as rochas do penhasco. Do alto da murada, a paisagem era desoladora e intrigante.
O desfiladeiro de pedras conduzia diretamente para o vale das lamentações, como era chamado o mundo que não pertencia às fadas. No entanto, era impossível enxergar essas terras arborizadas e repletas de construções, pois as nuvens e o nevoeiro barravam qualquer claridade e escondiam dos olhos a imagem tão conhecida pelas fadas.
O Monte das Fadas era apenas uma montanha, e os plebeus não possuíam a menor ideia do que acontecia nesse recanto. Para eles, era apenas uma montanha coberta por florestas, rios e mistérios.
Para as fadas nobres, era um recanto onde viviam e se reproduziam, dividindo territórios e convivendo em paz. Existiam muitos outros lugares como este em todo o mundo, outros recantos tomados pelas fadas, elfos e demais criaturas mágicas, mas aquele Monte em especial era o refúgio das Seelie.
No ponto mais alto, no ápice da montanha, ficava o Castelo da Rainha Seelie, onde a realeza se abrigava. Muitos viviam no Castelo, mas apenas poucos possuíam permissão para andar pelos corredores durante a noite.
O mensageiro da corte Unseeli detestava vir até aquele local para se comunicar com aquela mulher perversa, mas ele só tinha duas escolhas: ir até o castelo Seelie ou morrer nas mãos de seu rei.
Dizem que a Rainha é uma mulher adorável e esguia, com longos cabelos escarlates e olhos claros e azuis. Ela tem orelhas ligeiramente pontudas, como a maioria das fadas do segundo reino.
Para alguém de uma beleza magnífica, sua maldade é duas vezes pior do que sua aparência.
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O mensageiro chegou com a escolta ao salão do trono da rainha. Lá estava ela, sentada em seu trono, movendo a mão e rindo dos mortais que dançavam uma dança maldita.
Parecia que os humanos estavam alegres, mas se alguém prestasse atenção, veria sua dor.
— Minha Rainha, um enviado da corte Unseeli chegou — disse o conselheiro da rainha.
A rainha olhou na direção do mensageiro e deu um sorriso diabólico.
Podemos dizer que, sendo uma fada, ela exibe a natureza manipuladora de sua pessoa muito bem, já que as fadas não conseguem mentir. Elas entrelaçam palavras, sem dar a verdade inteira, levando outros a ceder às suas exigências. Ela é o tipo de mulher que manipula as pessoas das sombras e, enquanto muitos, incluindo vários Seres do Submundo, a veem como uma vilã, ela faz o que ela pensa que é certo para o seu povo.
Ela não vê razão para gostar de coisas ou pessoas; ela conhece o valor tanto de amar como de odiar, mas simplesmente gostar não serve para a rainha.
— O que aquele tolo deseja comigo? — Perguntou. — Veio dizer que ele vai pagar pelos danos que nossas terras estão sofrendo por ele usar a magia da bruxa de ferro.
O mensageiro engoliu em seco. Poucos sabiam que o rei Unseelie deixou uma bruxa usar magia que envolve ferro para o lado deles.
Choé Moth é o nome da líder de um clã de bruxas, para ser mais exato, de um dos seis clãs existentes em Fairlane, que usa a magia que o ferro causa. O rei Unseelie deixou a mesma usar o poder das terras Unseelie, e a rainha Seelie concordou, já que a magia de Choé, no início, era fraca.
Faerie é enorme, pode—se viajar por ela como em um país, e seus corredores são quase como labirintos se atravessados sem um guia. Não tem um layout consistente e, portanto, parece mudar com frequência. Embora não tolere ser inspecionada, assim, nenhum mapa da terra nunca foi produzido. Está dividida em territórios Seelie e Unseelie, e entre esses dois existe um espaço neutro chamado Terras Fronteiriças, que não faz parte do Faerie nem do mundo mortal.
O tempo flui a uma taxa diferente no reino, às vezes mais lento, às vezes mais rápido. As estações podem mudar em um piscar de olhos, as montanhas e as cavernas podem aparecer onde, minutos antes, tais coisas não eram visíveis, e seus rios mudam seus cursos ao capricho de alguma força desconhecida.
As terras têm a mais poderosa magia que pode ser usada para ampliar algum feitiço; ambos os monarcas acreditaram que Choé pode destruir o primeiro reino das fadas, então deixaram ela fazer o que bem entendesse.
Mas as terras estão ficando envenenadas cada vez mais, e o plano da bruxa parece não estar funcionando.
— Diga o que ele deseja — a rainha ordenou.
— Ele encontrou um humano, alguém poderoso — falou o mensageiro. — Instantes atrás, ele estava na corte Unseeli e pediu um julgamento de combate; o rei diz que mudará para o lado dele nessa luta em Fairlane. Ele viu um poder latente no garoto, que deu até seu nome verdadeiro.
A rainha riu; era uma risada simples que faria qualquer pessoa se apaixonar por ela.
— Então, ele viu que a bruxa que realmente é fraca está destinada a perder desde o início — ela disse. — Pois bem, irei adorar jogar isso na cara dele, de como fomos tolos. Agora, me conte como foi esse encontro do rei Unseelie e desse humano.
E assim, o mensageiro contou o ocorrido na corte Unseeli.
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Maeru queria perguntar se Milo estava bem; afinal, o mesmo matou um feérico tão friamente.
Ele não se importava com o assassinato a sangue
frio, mas Milo nunca matou ninguém. Maeru sabia que o rei Unseelie viu algo dentro do coração de Milo, uma chama que o fazia lutar pelo que deseja.
Foi algo grande que o fez até dar seu nome verdadeiro, algo que dá poder sobre determinado feérico.
Depois que todos passaram pelo portal que encontraram, Milo nada disse e apenas começou a andar sem rumo.
Maeru se lembrou de uma conversa que teve anos antes com Maxuel.
Ambos conversando sobre a facilidade humana de se deixar sucumbir a atos sangrentos que podem destruir alguém por completo.
Mesmo que Maeru tenha desistido da ideia de se importar com algo desse tipo anos atrás, pensou no que acontecerá se Milo sucumbir a uma batalha sangrenta contra o mundo.
— Você está com aquela expressão preocupada — Elisa chegou ao seu lado junto de Merio, ambos melhores do que antes. — Está com medo dele ficar igual a você, lutar até desistir de sentir emoções.
— Ele já sabe como é perder alguém — Maeru falou, querendo desviar do assunto. — Milo sabe que emoções só nos machucam.
Elisa o encarou incrédula, mas Maeru só deu de ombros.
— Maeru, você mudou muito nos últimos anos — Merio falou, balançando a cabeça. — Mas vamos deixar isso de lado. Qual é o plano quando chegarmos ao castelo?
— Quem disse que vocês precisam vir conosco? — Maeru perguntou, encarando ambos. — Agradeço por terem meio que nos ajudado na corte Unseeli, mas não precisam vir conosco.
— Eu acho que precisamos de toda ajuda possível — Milo disse. — Sempre é bom ter alguém para o plano B.
— E qual é o plano B? — Maure perguntou.
— Ora, vamos invadir um castelo — Milo falou. — Sem o grande rei, Brand está praticamente morando lá. E sei que você conhece uma entrada secreta; só precisamos saber o básico para invadir.
— Se ele te vir, será morto — Maeru retrucou, e Milo deu de ombros.
— Talvez sim, talvez não — Milo respondeu, e continuaram o caminho.
Todos olharam para ele em choque; parecia que Milo já havia desistido de lutar por sua vida e que a missão para ele era como se fosse o seu fim.
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Até a próxima 😘
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Uma promessa Ao Lorde Fada
RomanceNesta história, conheceremos Milo Almeida, um rapaz de vinte anos que tem um gênio explosivo, que, após ter sido traído pelo namorado e pelo melhor amigo, que mantiveram um caso por meses, claro que ele não ficou de coração partido, pois nunca amou...