Capítulo Trinta e Sete

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Milo Almeida:

Outro pássaro atingiu a lateral da carruagem, e na porta surgiram alguns demônios Drevaks. Eles são um tipo de demônio frequentemente usado como espiões ou mensageiros. São fracos e cegos, rastreando principalmente pelo faro. Drevaks se assemelham a pragas, lembrando vermes gigantes com carne suave, branca e larval. Apesar de sua aparência pouco intimidante, são perigosos devido aos espinhos venenosos e negros em suas bocas, que usam para picar e envenenar suas vítimas. Suas agulhas venenosas, se quebradas e inseridas na pele, causam dor intensa, mas são tratáveis.

Drevaks não são inteligentes, possuem mãos semelhantes a agulhas, emitem sons trêmulos e cheiram a lixo apodrecido. Eles se movem rapidamente, mesmo que cambaleantes, e costumam andar em grupos.

Um demônio Drevaks lançou um jato de ácido corrosivo em nossa direção. Puxei Lucy para longe quando o líquido atingiu o chão e começou a criar uma criatura de corpo preto e alongado, pernas longas e finas, e uma cabeça semelhante a um domo, estendendo-se em direção a um focinho alongado.

A criatura virou-se na minha direção e sibilou, exibindo fileiras de dentes serrilhados e pontiagudos. Minhas espadas surgiram, e eu a cortei, enquanto Lucy usou seu chicote nos pequenos demônios.

A criatura de dentes serrilhados se desfez, e imediatamente outro demônio tomou seu lugar. A criatura tentou me emboscar pela lateral e quase arrancou um pedaço da minha perna com sua mandíbula.

A janela da carruagem explodiu de fora para dentro, lançando estilhaços e destroços para dentro do espaço. Perdi o equilíbrio momentaneamente em meio a uma nuvem de poeira e destroços.

A distração mal desacelerou o demônio, que sibilou e, com uma mordida esmagadora, despedaçou as portas de madeira em pedacinhos. Quando o monstro estava prestes a saltar para um ataque, o chicote de Lucy o atingiu.

— Toma isso — Ouvi a voz de Lucy. — Milo, está tudo bem?

— Sim — Respondi. Após o caos de um minuto atrás, a quietude e a paz do corredor eram estranhamente bizarras. Tudo estava imóvel, exceto pelo clique ritmado da carruagem voando e o bater de asas dos cavalos.

Luzes amarelas suaves agitavam as sombras numa valsa conduzida pelo ritmo das nuvens e pelo som do oceano.

Virei-me de um lado para o outro, com as espadas prontas, aguardando o próximo ataque, e minhas costas se chocaram com as de Lucy, que estava em posição de ataque.

A sinistra quietude durou vários segundos até que ouvi um leve batido, quase imperceptível a princípio, para ouvidos não treinados. Logo foi seguido por outros batidos do mesmo tipo, aumentando em frequência e número.

Olhei para cima quando o barulho ficou ainda mais alto, centenas de cliques de unhas ou garras no metal, como se a carruagem estivesse passando por uma tempestade ruidosa.

— Eles estão ao nosso redor. Temos que descer com tudo — ouvi a voz de Gurei do lado de fora. — É a única maneira de despistar esses demônios.

Uma luz forte como o sol surgiu do outro lado, e alguns demônios se desfizeram. Olhei pela janela e vi Maeru com uma mão erguida, criando uma imensa bola de fogo enquanto atacava os demônios voadores.

Os pássaros demônios ficaram ao lado da porta, e sobre eles, cinco imensos demônios Raum cobriram as janelas de ambos os lados. Um deles atacou Lucy, mas ela conseguiu acertá-lo.

Um Raum é um demônio cuja arma mais perigosa são os seus tentáculos lisos, cinza-brancos e pontilhados com ventosas vermelhas, cada uma delas contendo um aglomerado de minúsculos dentes venenosos semelhantes a agulhas. Seu veneno é ligeiramente mais complexo do que o de um Drevak, mas ainda é gerenciável.

Intimidantes e perigosos, os demônios Raum são oponentes inteligentes, apesar de não conseguirem falar e geralmente não serem inteligentes. Eles são do tamanho de um humano alongado, possuindo pele branca e escamosa, olhos sem pupilas, uma boca circular e fazem ruídos angustiados e uivantes. Movem-se incrivelmente rápido e são conhecidos como demônios de busca.

Os tentáculos de outro demônio nos envolveram, e eu os cortei com minhas lâminas, mas fui lento demais, e eles me puxaram para fora.

— Milo — Ouvi o grito de Lucy enquanto ela tentava pegar minhas mãos, mas um demônio a impediu.

Fui jogado sobre as costas de um pássaro demoníaco, com vários tentáculos me apertando com força. Tossi, percebendo que a criatura estava prestes a me esmagar até que eu desmaiasse. Estava com as espadas na mão, mas não conseguia me mover.

O demônio Raum que me capturou disse algo em sua língua, mas consegui entender perfeitamente.

— Pegamos o garoto — ele disse para seus companheiros. — Livrem-se dos outros que estão na carruagem.

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Comecei a me debater para tentar me libertar, e um brilho surgiu na minha visão, fazendo o tentáculo do demônio se desfazer em poeira. Percebi que minhas roupas haviam mudado.

Agora, eu estava usando uma armadura com uma pequena coroa que tinha duas formas parecidas com orelhas acima dela. Dois grandes ornamentos semelhantes a asas pendurados na parte inferior das costas se transformaram em asas emplumadas. Minhas espadas voltaram a se tornar anéis, e em minha mão estava uma lança com uma textura suavizada e uma proteção arredondada que se estendia da placa vamplate até a base do cabo.

Percebi que Jasmins estava ao meu lado e que a armadura era uma assimilação espiritual com Jacob. Avancei e perfurei o inimigo, que se desfez em uma poça de icor. Jasmins atacou com suas garras, e vi que estávamos ganhando contra os demônios.

Nossa determinação e poder continuaram a crescer enquanto lutávamos contra os demônios. A lança em minha mão se tornou uma extensão de mim mesmo, e eu a manejava com graça e destreza, perfurando os inimigos com precisão letal. As asas em minhas costas se agitaram, permitindo-me voar pelos céus da batalha, proporcionando uma vantagem tática crucial.

Jasmins era uma força a ser reconhecida. Suas garras eram afiadas como lâminas e cortavam através da carne demoníaca com facilidade. Ela se movia com agilidade e rapidez, atacando múltiplos inimigos ao mesmo tempo. Nossa sincronia era notável, como se estivéssemos dançando uma dança mortal.

Enquanto enfrentamos os demônios Raum, notei que eles começaram a recuar, sua confiança abalada pela nossa ferocidade e determinação. Com um esforço conjunto, conseguimos repeli-los, fazendo com que recuassem ainda mais, desaparecendo nas sombras.

Respiramos pesadamente, nossos corações acelerados pela adrenalina da batalha. Olhei para Jasmins, e nossos olhares se encontraram, transmitindo um profundo entendimento e gratidão mútua. Sabíamos que ainda havia desafios à nossa frente, mas estávamos unidos e prontos para enfrentar qualquer coisa que o destino lançasse em nosso caminho.

Então, do céu, um brilho azul surgiu no horizonte. Era uma magia poderosa que fez o pássaro tremer e se desfazer em pó. Os demônios que estavam em cima dele caíram na escuridão do oceano, deixando para trás uma trilha brilhante que parecia feita de cristal sólido. Essa trilha começou a tremer por alguns segundos.

Agradeci por Jacob e Jasmins serem espíritos e poderem voar. Os demônios caíram na escuridão profunda do oceano, e ao longe, através da trilha, eu podia ver a grama verde, o luar e as árvores completamente diferentes.

— Um novo portal acabou de ser criado — falei, e mais uma vez uma luz brilhou quando a carruagem explodiu no ar. — Pessoal.

Desci com tudo na direção deles, e Maeru fez o mesmo, enquanto os outros se debatiam no ar. Maeru pegou Gurei e Juvia e desceu rapidamente, pegando a mão de Lucy.

No entanto, algo aconteceu, e minha armadura se desfez rapidamente. Caímos em direção à trilha. Fechei os olhos com força enquanto gritava.

A queda foi vertiginosa, o vento zunindo nos ouvidos e a paisagem distorcida pelo movimento rápido. A trilha brilhante se aproximava rapidamente, e eu conseguia ver cada detalhe da paisagem desconhecida além dela. Parecia um mundo inteiramente novo, com cores e formas que desafiavam a compreensão.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

Uma promessa Ao Lorde FadaOnde histórias criam vida. Descubra agora